Após dez anos de negociação, Rússia e China assinam acordo histórico de US$ 400 bi para venda de gás
Por três décadas, Gazprom será responsável por bombear 25% da demanda chinesa por gás: 38 bi de metros cúbicos anuais
Opera Mundi - 21.05.2014
Após uma década de negociações, Rússia e China assinaram nesta quarta-feira (21/05) um histórico acordo energético. O valor total do contrato de comercialização de gás natural entre as empresas estatais dos dois países - a russa Gazprom e a chinesa CNPC (Corporação Nacional de Petróleo da China) - é de US$ 400 bilhões e valerá por 30 anos.
Embora o presidente da Gazprom, Aleksey Miller, tenha dito que o preço do gás acordado entre as partes seja "segredo comercial", é possível fazer uma estimativa. Tomando por base que os US$ 400 bilhões do valor contratual representem somente os custos de produção e envio, a China pagará cerca de US$ 359 por mil metros cúbicos de gás.
Até hoje, um acordo energético tão volumoso jamais havia sido fechado pela Gazprom, gigante do setor e a mais importante produtora de gás da Rússia. O contrato foi assinado pelas empresa em cerimônia em Xangai na presença do presidente russo, Vadimir Putin, e de seu colega chinês, Xi Jinping.
Ao longo das tensas negociações, a Gazprom buscava obter um preço de US$ 400, tomando como referência seus contratos com a União Européia (na casa dos US$ 380 por mil metros cúbicos de gás). A China, por sua vez, oferecia entre US$ 350 e US$ 360, baseando-se em suas importações da Ásia Central.
A partir do ano de 2018, 38 bilhões de metros cúbicos de gás natural (cerca de 25% do consumo total na China) serão bombeados anualmente entre os dois países por meio do gasoduto "Power of Siberia" — a mesma rota geográfica por meio da qual a Rússia já exporta petróleo ao cinturão industrial do nordeste chinês.
Inicialmente, Pequim queria importar o combustível por meio da região nordeste de Xinjiang; mas o plano foi abandonado, pois, nesse caso, a Gazprom exigia preços europeus.
A assinatura do acordo é feita um dia depois do início de atividades militares conjuntas, forma de demonstrar a "cooperação e entendimento" entre Rússia e China.
Ambos os países vivem nas últimas semanas momentos de tensão diplomática com as potências ocidentais: militares chineses estão sendoacusados de ciberespionagem comercial nos EUA, motivo pelo qual Pequim convocou de volta seu embaixador no país; e a Rússia foi novamente alvo de sanções econômicas por sua atuação na crise da Ucrânia.
fonte: Opera Mundi
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