sexta-feira, 23 de maio de 2014

[ Aula Resumo ] História do Brasil: Era Vargas



Os 15 anos da Era Vargas são difíceis de se resumir em um só post. 

O texto de hoje é um esforço para se resumir os pontos mais importantes retratando o período entre 1930 e 1945 na história brasileira.

Antecedentes históricos 

A década de 1920 foi bastante agitada, com uma série de acontecimentos que mudariam profundamente os rumos do Brasil.  

Em 1922, a Semana de Arte Moderna dá início ao movimento artístico que rompe as amarras com a estética do século XIX e a ideologia conservadora característica da República Velha, que em breve seria passado. 

A centralização de poder das oligarquias de Minas Gerais e São Paulo incomodam vários setores.

As oligarquias estaduais menores, como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco organizam a Reação Republicana em 1921 demonstrando seu desconforto com a falta de participação no poder. 

O militares, tanto de baixa patente como os tenentes, quanto os da alta cúpula militar, também se sentem desconfortáveis com os rumos da política e da economia. 

O Movimento Tenentista, com a Coluna Prestes percorrendo mais de 25 mil quilômetros de norte a sul do Brasil entre 1922 e 1927, pregam mudanças sociais e políticas.

A grave crise econômica internacional afeta fortemente o Brasil, que vê as exportações de Café, base da economia da época, literalmente despencarem.  

Em 1929 Minas Gerais rompe a coalizão com São Paulo e decide apoiar a candidatura de Getúlio para presidente, gerando ainda mais instabilidades no cenário político nacional. 

Estas insatisfações culminam no Golpe de 1930, que depõe o presidente Washington Luis e impede o candidato vitorioso de São Paulo, Júlio Prestes, de assumir como novo presidente.

Golpe de 1930 e o Governo Provisório (1930 a 1934)

A Aliança Liberal, grupo liderado por Getúlio Vargas com apoio dos militares e das oligarquias contrárias a São Paulo, forma o Governo Provisório que entre 1930 e 1934 controla o país.

Entre 1930 e 1933 o Governo enfrenta muitas revoltas - alguns autores consideram este período como o mais conturbado da história do Brasil e o comparam com o início do período Regencial e suas grandes turbulências há exatos 100 anos, em 1831. 

Em 1932 acontece um dos momentos mais críticos, com a Revolução Constitucionalista de São Paulo. 

Os paulistas, insatisfeitos com a perda de poder e apoiados por parte da cúpula militar, por sua vez insatisfeita com o poder do grupo dos tenentes, lutam pela restauração do Status quo ante e pela realização de uma Assembléia Constituinte que promulgue uma nova constituição com valores liberais. 

Após várias batalhas e muitas mortes, o governo consegue controlar a rebelião em SP. Os paulistas mostram sua importância mas saem enfraquecidos do conflito perdendo ainda mais poder político.

Em 1933 é convocada a desejada Assembléia Constituinte e, em 1934, promulgada uma nova Constituição. Vargas é confirmado como presidente, mas não se mostra satisfeito com o Carta Constitucional pois desejava a aprovação de um texto que conferisse mais poderes ao executivo.

Governo Constitucional (1934 a 1937) 

O chamado Período Constitucional acaba sendo também turbulento, e, ironicamente, mais curto do que o Governo Provisório. 

Neste período dois grupos políticos polarizam as atenções.

De um lado, a Ação Integralista Brasileira (AIB), grupo de extrema direita e inspiração fascista liderado por Plínio Salgado. 

De outro, a Aliança Nacional Libertadora (ANL), associação de esquerda que reunia grupos como o Partido Comunista Brasileiro de Luis Carlos Prestes, parte do grupo dos tenentes e diversos grupos políticos de várias regiões do Brasil. 

A ANL defendia idéias socialistas, como a instauração de governo popular, proteção das pequenas e médias propriedades, nacionalização das empresas estrangeiras e tinha o apoio da União Soviética. 

Em 1935, com o pretexto de defender o país contra uma "ameaça comunista", o governo fecha a ANL prendendo participantes e proibindo suas atividades. 

Militantes da ANL organizam resposta contra o fechamento, através de levantes em Recife, Natal e no Rio de Janeiro mas, desorganizados, são controlados rapidamente pelas tropas do governo. 

Getúlio aproveita o momento conturbado e decreta Estado de Sítio. 

Durante 1937, Vargas gradativamente afasta políticos e militares ligados à oposição, preparando o terreno para um novo golpe. 

Em setembro de 1937, um documento forjado pelos integralistas como um estudo analisando o perigo dos efeitos de um golpe comunista no Brasil - o chamado Plano Cohen - é, supostamente, descoberto pelo governo. 

O plano divulgado na verdade tem como objetivo aterrorizar a população e gerar as condições para o golpe. 

Em novembro de 1937, tropas da polícia militar cercam e fecham o Congresso e Vargas instaura o Estado Novo. 

O Estado Novo

O nome Estado Novo foi copiado do regime autoritário e de inspirações fascistas de  Antonio Salazar em Portugal (1933 a 1974). 

Nesta época, diversos países na Europa e na América do Sul tinham governos autoritários e com inspiração fascistas. Além de Portugal, países como Espanha, Hungria, Áustria, Suíça, Polônia, Argentina, Itália e Alemanha tinham no poder governos autoritários, nacionalistas, antiliberais e anticomunistas. 

Em 1936, já no bojo dos planos para o golpe de Estado, Getúlio demanda ao jurista Francisco Campos a elaboração de uma nova constituição com maior centralização de poder para o executivo.

Com o estabelecimento do Estado Novo, Francisco Campos é nomeado novo Ministro da Justiça e sua constituição, apelidada de Polaca devido à inspiração no texto da Carta Constitucional da Polônia fascista de 1935, é outorgada como nova constituição em substituição ao texto de 1934.

O novo governo de Vargas foi muito mais autoritário e centralizador que os governos dos períodos entre 1930 a 1937, mas procurou conquistar o apoio da população e em especial da classe trabalhadora. 

A Constituição de 1937 e o Estado Novo regulamentaram vários direitos trabalhistas. Em 1939 foi criada a Justiça do Trabalho, e, em 1943, aprovada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) reunindo em um único texto vários direitos para os trabalhadores, como salário mínimo, férias anuais, previdência social e regulamentação da jornada de trabalho, o que ajudou a ligar a figura de Vargas diretamente ao trabalhismo. 

Vargas também criou mecanismos de promoção do regime através do Rádio, do Cinema e das artes em geral. Em 1939 fundou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), com o objetivo de controlar os meios de comunicação (veiculando propagandas pró-governo e censurando tudo que fosse contrário ao regime). 

Economia e inserção internacional 

Um dos pontos mais importantes sobre a Era Vargas foi o início da transformação da economia tradicionalmente agrária para uma economia industrial. 

O café, que no início da década de 1930 correspondia a 72% das exportações brasileiras, no final do Estado Novo representa menos de 40%.    

Durante a Era Vargas o Brasil foi iniciado o processo de industrialização nacional, com investimentos na indústria de base, infraestrutura, energia elétrica e petróleo.

No entanto, este início de industrialização acontece de forma incompleta.  

João Manuel Cardoso de Mello denominou este período entre 1930 até aproximadamente 1955, com o início da implantação do Plano de Metas do governo JK, de Industrialização Restringida

Restringida pois as bases técnicas e financeiras de acumulação de capitais ainda eram insuficientes para se implantar efetivamente uma indústria de produção de bens de produção, permitindo que a capacidade produtiva crescesse a ponto de atender o crescimento da demanda e, assim, consolidasse o processo de desenvolvimento industrial de forma efetiva.   

De qualquer forma, com o processo de industrialização e o fim dos conflitos iniciais do governo, a Era Vargas foi de grande crescimento econômico (mais de 10% a.a em média, no período entre 1933 e 1945). 

Outro ponto importante com reflexos na economia foi a participação do Brasil na 2a Guerra Mundial. 

O Brasil nos anos que antecedem a 2a Guerra, se aproxima da Alemanha nazista. 

Devido à escassez de divisas e à crise econômica mundial, Brasil e Alemanha implementam um modelo de comércio baseado em trocas, chamado de "comércio de compensações. 

O Brasil exportava para a Alemanha produtos como Algodão e Café e importava produtos manufaturados e principalmente material bélico em troca. Este comércio não envolvia a troca de divisas, sendo controlado por câmaras internas em cada país, que se encarregavam de elaborar um tipo de "conta-corrente" para se fazer as eventuais compensações nas diferenças entre importação e exportação de cada lado. 

Os EUA evidentemente não enxergam com bons olhos esta aproximação do Brasil com a Alemanha e forçam a assinatura de um acordo bilateral. 

O Brasil utiliza este momento para tentar extrair o máximo das negociações com EUA e Alemanha, praticando o que foi chamado de "Equidistância Pragmática" sem se comprometer definitivamente com nenhum dos dois lados.

No entanto, com a proximidade da 2a Guerra o Brasil acaba sendo forçado a tomar partido, pendendo definitivamente para os EUA.

O Brasil recebe financiamentos extras dos EUA para investimentos em infra estrutura interna e é beneficiado com tratamento diferenciado pela participação como aliado combatente na guerra.

Abaixo mais uma Aula Resumo, estruturando as informações abordadas neste texto e apresentando ainda mais informações relevantes sobre a Era Vargas.
      



fontes: 1 História do Brasil - Bóris Fausto 
           2 Manual do Candidato (FUNAG) História do Brasil - 2013
           3 aulalivre.net



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