quinta-feira, 13 de agosto de 2015

[ Discursivas CACD ] Português 2014: Inovação e Tradição




























Guia do Calango Lumbrera - Turma CACD 2014
Prova 2014 PORTUGUÊS 


OBS: Respostas com Maior e Menor notas apuradas entre as publicadas no guia do Calango


PARTE II – EXERCÍCIO 2

O estudo da literatura de cordel propõe inevitavelmente a reflexão sobre o espaço que nela ocupam o acervo da tradição coletiva e a criatividade do poeta. Sendo inquestionável o seu enraizamento em um repertório tradicional, tanto no que respeita à substância da expressão — temas, motivos, personagens, ideologia — quanto no que tange às formas de expressão, resta ao estudioso ou curioso indagar se, apesar desse arraigamento na tradição, podem-se esperar do cordel e da literatura oral como um todo manifestações de originalidade e inventividade.

Nesse sentido, nossa experiência com folhetos trouxe-nos à conclusão de que neles existe lugar para a surpresa e a novidade. Diríamos que no latifúndio da tradição coletiva vingam minifúndios de inovação pessoal.

Marlene de Castro Correia. Sobre literatura de cordel: conversa (quase) descosturada. In: Poesia de dois Andrades (e outros temas). Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2010, p. 151 (com adaptações).

Com base no texto acima, discorra sobre as oportunidades para que a inovação surja em um contexto de tradição.

Maior Nota (18,32/20)

"Marlene de Castro Correia argumenta que, na literatura oral e de cordel, a manifestação cultural, em contexto de consolidada tradição expressiva, não impede criações estéticas e materiais inovadoras. Não haveria, segundo a autora, antagonismo absoluto entre o dinamismo da inovação e a suposta inércia dos aspectos tradicionais da cultura. 

Os cânones criam tensões para a manutenção da conformidade e, por isso, segundo Silviano Santiago, na obra O entre-lugar do discurso latino-americano, devem ser desafiados por manifestações originais.

O embate entre a tradição e a inovação não é único da literatura de cordel, porquanto o surgimento de variada gama de escolas literárias e metodologias expressivas também é influenciado por essa aparente contradição entre o canônico e a ruptura. 

Ambos são mutuamente dependentes, uma vez que a inovação é viabilizada pela referência estática e a tradição é reafirmada pela sua ruptura."

Avaliação:
Apresentação 1,00 Argumentação 3,38 Análise 3,94 Gramática 10,0 


Menor Nota (9,76/20)

"A inovação pode surgir em um contexto de tradição. No século XIX, empregavam-se modelos europeus na cultura brasileira, os quais chegavam com certo atraso ao Brasil, dadas as dificuldades de comunicação. 

Desse modo, a estética era vinculada mais ao passado que ao presente, o que constituia1 o denominado “passadismo”. Os valores pretéritos prevaleciam, ao passo que inovações não eram bem recebidas.

No movimento modernista, alguns artistas procuraram conciliar as tradições e as novas tendências. Mario de Andrade considerava que não havia oposição entre elas, mas que releituras,2 de tendências do passado poderiam ensejar inovações no presente, sem “passadismo”. 

Ele pesquisou o folclore e a cultura popular, a fim de demonstrar a existência de possibilidades. A literatura de cordel foi exemplo de oportunidade3 bem aproveitada, na medida em que a revalorização de um estilo literário tradicional suscitou a elaboração de estética moderna inovadora."

Marcações da banca:
1 Grafia/acentuação
2 Pontuação
3 Construção de período/Colocação de termos


Avaliação:
Apresentação 0,50 Argumentação 1,13 Análise 1,13 Gramática 7,00 

FONTE: Guia Calango Lumbrera - Turma IRB 2014

terça-feira, 11 de agosto de 2015

[ Discursivas CACD ] Português 2014: Nacionalidade e influências estrangeiras




























Guia do Calango Lumbrera - Turma CACD 2014

Prova 2014 PORTUGUÊS 


PARTE II – EXERCÍCIO 1

Recife, 1923.

O que sinto é que sou repelido pelo Brasil a que acabo de regressar homem, depois de o ter deixado menino, como se me tivesse tornado um corpo estranho ao mesmo Brasil. É incrível o número de artigos e artiguetes aparecidos nestes poucos meses contra mim; e a insistência de quase todos eles é neste ponto: a de ser eu um estranho, um exótico, um meteco, um desajustado, um estrangeirado. 

Sendo estrangeiro— argumentam eles — é natural que não me sinta mais à vontade no Brasil, se não sei admirar Rui Barbosa na sua plenitude, se não me ponho em harmonia com o progresso brasileiro nas suas expressões mais modernas, antes desejo voltar aos dias coloniais — uma mentira — se isto, se mais aquilo, por que não volto aos lugares ideais onde me encontrava, deixando o Brasil aos brasileiros que não o abandonaram nunca por tais lugares? Este parece ser o sentido dominante nos artiguetes que vêm aparecendo contra mim.

A verdade é que eu me sinto identificado com o que o Brasil tem de mais brasileiro. Esses supostos defensores do Brasil contra um nacional que dizem degenerado ou deformado pelo muito contato com universidades estrangeiras me parecem excrescências.

Gilberto Freyre. Tempo morto & outros tempos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975, p. 128 (com adaptações).

Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador, discuta a importância da manutenção da consciência sobre a nacionalidade em contraste com a absorção de influências estrangeiras. 

"Edward Said, em Cultura e imperialismo, afirma que as culturas e as nacionalidades formadas sob dominação estrangeira apresentam dificuldades no desenvolvimento de linguagem própria. No Brasil, por exemplo, o desejo de criar nacionalidade original, sem influência estrangeira, é uma constante perceptível desde o Romantismo. 

A expressão da nacionalidade pareceu, no entanto, ser restringida pela existência de cânones estrangeiros, os quais, paradoxalmente, se tornaram referências de validade da cultura autóctone.


A revolução culturalista promovida pelo Modernismo transformou a maneira de entender a nacionalidade e a influência estrangeira. O hibridismo não era o que impedia o acesso do Brasil à modernidade, mas o que viabilizava uma inserção diferenciada no mundo. 

A integração de diferentes culturas ocorreria de forma antropofágica, como qualificado por Mário de Andrade, o que conferiria expressão singular da nacionalidade. 

Esse processo, permanente e dinâmico, relativiza o antagonismo entre o nacional e o estrangeiro."

NOTA: 17,64/20
Avaliação:

Apresentação  0,88 
Argumentação 3,38 
Análise            3,38 
Gramática      10,00 

FONTE: Guia Calango Lumbrera - Turma IRB 2014

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

[ Discursivas CACD ] Português 2014: Perspectivas PEB




























Guia do Calango Lumbrera - Turma CACD 2014

Prova 2014 PORTUGUÊS 



REDAÇÃO 

Texto I

Planejar uma política externa exige — além do conhecimento da conjuntura interna do país — o estudo do quadro internacional dentro do qual essa política deverá operar. É necessário, portanto, antes de mais nada, tentar prever a evolução provável da conjuntura mundial nos próximos anos, como pano de fundo para as opções possíveis da diplomacia brasileira. Um exercício desse gênero comporta elementos impressionísticos inevitáveis, pois não é possível antecipar tendências futuras com a mesma precisão com que podemos descrever acontecimentos atuais. O máximo que podemos fazer para limitar o alcance do componente puramente especulativo é formular hipóteses alternativas e, em seguida, verificar a maior ou menor plausibilidade de cada uma delas.

Antonio Francisco Azeredo da Silveira. Política externa brasileira: seus parâmetros internacionais. 16/1/1974. Arquivo do CPDOC, FGV.

Texto II

O Brasil, em razão de fatores objetivos, tem um destino de grandeza, ainda relativa em nossos dias, ao qual não terá como se furtar, e isso lhe impõe a obrigação de encarar o seu papel no mundo em termos prospectivos fundamentalmente ambiciosos. Digo ambição no sentido de vastidão de interesses e escopo de atuação, e não no desejo de hegemonia ou de preponderância.

Antonio Francisco Azeredo da Silveira. Discurso proferido em 9/11/1976, apud Matias Spektor (Org.). Azeredo da Silveira: um depoimento. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010.

Texto III

O mundo tem passado por transformações significativas, e o lugar do Brasil no mundo mudou. Essas transformações incidem sobre a própria distribuição do poder mundial. Desenham-se os contornos de uma configuração multipolar da geopolítica e da geoeconomia mundial. A desconcentração do poder econômico e político no espaço internacional vem conferindo mais voz e peso aos países emergentes. (...) A confluência dessas grandes transformações no Brasil e no mundo tem efeitos significativos sobre a formulação e a execução da política externa brasileira. Tenho enfatizado que a política externa é parte integral do projeto nacional de desenvolvimento do Brasil — econômico, político, social, cultural. Nesse papel de instrumento do desenvolvimento, uma política externa sem perspectiva estratégica de longo prazo torna-se reativa, sem direção.

Luiz Alberto Figueiredo Machado. Discurso proferido na abertura dos Diálogos sobre Política Externa, em 26/2/2014 (com adaptações).

A partir da leitura dos fragmentos de texto acima, discuta e opine a respeito das perspectivas de longo prazo da política externa brasileira, tendo em vista as circunstâncias internas e os cenários internacionais a ela relacionados.

"O Pragmatismo Responsável, conduzido por Azeredo da Silveira, e a política externa contemporânea apresentam aspectos de continuidade e de ruptura. Tanto a estratégia desenvolvida na década de 1970 quanto aquela elaborada por Luiz Alberto Figueiredo enfatizam o desenvolvimento e a mitigação das assimetrias globais como objetivos de longo prazo da diplomacia brasileira. 

Cabe ressaltar, entretanto, que não somente o contexto internacional é, significativamente1diferente nos dois períodos, mas também os meios de ação externa do Brasil foram transformados. 

O processo de redemocratização e a maior projeção do país no mundo ampliaram os temas da agenda diplomática nacional e viabilizaram o aumento do interesse da sociedade pela política externa do país, o que influenciará, positivamente, o processo de inserção do Brasil no contexto global.

Segundo Gelson Fonseca, uma das diferenças fundamentais entre a política externa do período posterior à redemocratização e aquela desenvolvida durante o regime de exceção é a ênfase no multilateralismo como meio de ação. Segundo o autor, a busca de autonomia decisória, na década de 1970, dava-se pelo afastamento brasileiro dos foros internacionais, em estratégia que denominou autonomia pela distância. 

Atualmente, o âmbito multilateral é meio prioritário da ação externa do país, o que caracteriza o novo paradigma da política externa nacional, chamado autonomia pela participação. Os foros multilaterais tornaram-se, portanto, centrais na estratégia de inserção de longo prazo do país, o que pode ser evidenciado pelo ativo engajamento brasileiro na reforma da Organização das Nações Unidas (ONU) e pela criação de organizações internacionais regionais, de que é exemplo a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).

Luiz Alberto Figueiredo afirmou, recentemente, que “o diálogo diplomático é, também, um diálogo com a sociedade”. Essa percepção demonstra o interesse de que a autonomia pela participação não seja obtida somente com a inserção do país no âmbito multilateral, mas também pelo ativo engajamento da sociedade civil na formulação da política externa. 

A elaboração do Livro branco da política externa, no qual serão apresentadas as diretrizes de longo prazo da estratégia internacional do Brasil, bem como a realização dos Diálogos sobre Política Externa, é2 evidência da importância atribuída pela diplomacia à participação popular. Esse processo garante legitimidade à tendência de continuidade da projeção internacional do Brasil e aos pleitos históricos de democratização dos foros multilaterais, o que dota de conteúdo a emergência político-econômica nacional. 

A Rio+20 e a Conferência das Nações Unidas para o meio ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) são simbólicas do momento de transição das estratégias desenvolvidas pelos regimes militares para as elaboradas pela diplomacia democrática. Essas conferências não se destacam apenas pela grande participação de Chefes de Estado e pela contribuição popular, mas também porque consolidaram o meio ambiente como tema prioritário da agenda internacional. 

Os direitos humanos, o desenvolvimento social e o meio ambiente não são mais considerados secundários, o que relativiza a ideia de que a diplomacia trata apenas de temas distantes da população. Há, portanto, uma tendência de aproximação das políticas públicas desenvolvidas internamente e aquelas elaboradas no âmbito internacional, o que transforma as políticas externas contemporâneas e do futuro em importantes meios de desenvolvimento econômico e social.

As reivindicações históricas do Estado brasileiro pela diminuição das assimetrias globais e pelo desenvolvimento de um multilateralismo de reciprocidade foram complementadas, recentemente, pela maior participação da sociedade civil no processo de elaboração da política externa. 

Esse maior engajamento fortalece os pleitos tradicionais do Brasil, como a redução da pobreza e a reforma das organizações internacionais com sistema de representação inadequado ao século XXI, e garante legitimidade à ascensão do país no âmbito externo. Esses processos são desenvolvimentos contemporâneos, mas que3 deverão influenciar a diplomacia brasileira no futuro de forma intensa. 

O “destino de grandeza” do Brasil, mencionado por Azeredo da Silveira, será atingido não pelo alijamento da população, mas pela sua intensa contribuição."

NOTA: 53,25/60

Marcações da banca:

1 Pontuação
2 Concordância Verbal
3 Construção de período/Colocação de termos


Avaliação:

Apresentação 8,75 Argumentação 10,0 Análise 7,50 Gramática 27,0

FONTE: Guia Calango Lumbrera - Turma IRB 2014

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Impressões TPS 2015 e Dicas para Redação em Inglês







Enfim, o TPS 2015 ! 

Após meses de estudo árduo, em um ensolarado dia de domingo, somos testados e selamos nosso destino nessa primeira fase do CACD 2015. 

Tomando como base o TPS 2014 - quando a nota de corte foi de 46,5 - podemos pensar em segunda fase a partir de 45 ... 

Certamente teremos os recursos e possivelmente algumas mudanças, mas em geral ao conferir o gabarito já podemos ter uma boa ideia sobre as nossas chances.

Para os que estão a partir de 43, 44 ou 45, pressão total para as próximas fases. 

Para os que ficaram abaixo deste resultado, agora é o momento de esfriar a cabeça e lembrar que o CACD é um investimento de longo prazo e o TPS é sempre um grande aprendizado. 

Resolvi postar hoje um artigo bem legal com dicas para uma boa redação em Inglês. 

Mato dois coelhos com uma só cajadada, apresentando assunto tanto para os que estão no páreo para a segunda fase quanto para os que agora precisam se reorganizar para o próximo CACD ...

O material foi extraído do site www.sk.com.br, elaborado por Ricardo Schutz. 

Grande abraço e sucesso para todos !



ENGLISH IN WRITING
Como redigir corretamente em Inglês - por Ricardo Schutz

INTRODUÇÃO        

              "In Portuguese, if the reader does not understand what he reads, 
               he may think he is not intelligent or knowledgeable enough 
               to understand the writer, while in English most likely 
               the writer is the one who takes the blame."

Enrolar, enfeitar a jogada, enfeitar a noite do meu bem, encher linguiça, são expressões populares usadas para referir-se ao hábito do uso da retórica na linguagem. 

Esta tendência, frequentemente observada em português, é um vício remanescente de séculos passados, quando a linguagem escrita era uma arte dominada por poucos e a sua função era predominantemente literária. Retórica era sinal de erudição, e por vezes a forma chegava a se impor sobre o conteúdo.

Nos tempos modernos, entretanto, com a internacionalização do mundo e com o crescente desenvolvimento da tecnologia de comunicação, a funcionalidade dos idiomas como meios de comunicação clara e objetiva se impõe a tudo mais, fato este reconhecido também pelos mais respeitados representantes da língua portuguesa:
"A diferença entre o escritor e o escrevedor está sobretudo na economia vocabular. Conseguir o máximo com o mínimo - eis um sábio programa." (Celso Pedro Luft) 
Especialmente no caso do inglês, hoje adotado como língua internacional, esta tendência é marcante. O inglês moderno na sua forma escrita não tolera retórica. 

No comércio internacional, na imprensa escrita, e nos meios acadêmicos exige-se cada vez mais clareza. Frases longas, adjetivação excessiva, tom vago, textos que exigem maior esforço para serem compreendidos, falta de concisão, todas estas características facilmente são consideradas pobreza de estilo. 

A beleza do inglês moderno está na substância, na simplicidade, na clareza, na riqueza de detalhes e na integridade lógica.

Em paralelo a isso, a redação e editoração de textos via computadores está criando uma tendência à padronização do inglês na sua forma escrita. Pelo fato de ter sido um país de língua inglesa (EUA) o berço da informática, os softwares hoje existentes para processamento ou edição de textos oferecem recursos avançados para verificação gramatical de textos em inglês. 

Estes "grammar checkers" seguem todos os mesmos preceitos básicos, influindo de forma semelhante sobre quem redige, e conduzindo lenta e gradativamente a uma maior padronização na forma de escrever.

Por tudo isso pode-se dizer que redigir bem em inglês é mais fácil do que se imagina

A primeira condição, que apesar de elementar é muito pouco observada, é de que o texto seja sempre criado a partir de uma ideia. Em qualquer língua, texto escrito deve ser sempre o reflexo de uma ideia, que por sua vez origina-se em fatos do universo. 

A ideia é sempre anterior ao texto. Se a ideia não for clara, o texto também não o será. 

Outra condição é o domínio sobre o idioma falado. A expressão comumente ouvida: "essa frase não me soa bem" bem ilustra a importância da oralidade. Ou seja, não é o conhecimento gramatical, mas sim a familiaridade com a língua falada que nos permite discernir o certo do errado, o bom estilo do estilo pobre. 

É por isso que traduções ou versões a partir de um texto em português, feitas com a ajuda de dicionário, normalmente produzem resultados desastrosos. A não ser quando se trata de documentos, e com ressalvas, não deveria existir o que chamam de tradução literal.

Todo texto precisa ser interpretado, isto é: a ideia precisa ser entendida e então recriada, e diferenças culturais explicadas sob a nova ótica.


ORIGENS DAS DIFERENÇAS

Há quem diga que esta tendência no português de se ser vago, de se valorizar uma linguagem afastada dos fatos e maquiada pelas formas, é um hábito originado nos anos de regime militar, quando jornalistas tinham que informar mas tinham receio de se comprometer. 

A "liberdade vigiada" daqueles anos de regime de exceção exigia um subterfúgio, uma linguagem não-explícita, cuja mensagem ficasse por conta da capacidade de imaginação do leitor.

Já outros acreditam serem as raízes mais profundas. Evocam o período colonial do Brasil, quando o trabalho era responsabilidade da mão-de-obra escrava, e a classe letrada dedicava muito tempo burilando textos que valorizavam a estética e o subjetivismo, num mundo que ainda se comunicava muito através da literatura.

Outros vão mais longe ainda. Afirmam que, há mais de 20 séculos, diferenças sociais e culturais já marcavam contrastes. 

Enquanto o Império Romano da língua latina mantinha seu apogeu pela força militar, permitindo a existência de classes eruditas que podiam se dedicar às artes e às letras, quando meio século antes de Cristo o orador Cícero já se dedicava à crítica literária e ao estudo de retórica e o poeta Virgílio destilava seu lirismo profetizando com eloquência o destino de Roma no mundo; àquela época os povos bárbaros de línguas germânicas encontravam-se ou guerreando ou trabalhando para sobreviver e pagar impostos ao Império, sem tempo para as artes, e usando uma linguagem de comunicação curta e objetiva, sintonizada em fatos concretos e nos afazeres de seu dia-a-dia.


Seja qual for a origem, o fato é que hoje, em pleno alvorecer da era da informação, num mundo que se transforma numa comunidade cada vez mais interdependente e que se comunica cada vez mais, diferenças idiomáticas representam um empecilho para ambos os lados. Nunca o mundo se comunicou tanto, nunca o tempo foi tão curto para tanta informação, e portanto nunca a objetividade na linguagem foi tão necessária.

REGRAS PARA UMA BOA REDAÇÃO

1. Organize suas ideias em itens, faça um outline


Itemizar os pontos importantes da ideia possibilita disciplinar seu pensamento, estabelecendo uma sequência lógica entre os elementos da ideia. 

Possibilita também relacionar todos os pontos importantes e estabelecer uma hierarquia de importância entre eles. Um outline ou esboço normalmente contém uma introdução, desenvolvimento da ideia com discussão de todos os elementos, e conclusão.

2. Certifique-se de que cada oração tenha um sujeito e que o sujeito esteja antes do verbo


Em português frequentemente as frases não têm sujeito. Sujeito oculto, indeterminado, inexistente, são figuras gramaticais que no português explicam a ausência do sujeito. 

Isto no inglês entretanto não existe. A não ser pelo modo imperativo, toda frase em inglês normalmente tem sujeito. Na falta de um sujeito específico, muitas vezes o pronome IT deve ser usado. 

Além disso, em português muitas vezes o sujeito aparece no meio ou no fim da frase. Em inglês ele deve estar sempre antes do verbo (a não ser no caso de frases interrogativas), e de preferência no início da frase. 

Observe os seguintes exemplos:

Está chovendo. (sujeito inexistente)  It's rainning.

Ontem caiu um avião.  An airplane crashed yesterday.

Esses dias apareceu lá na companhia um vendedorA salesman came to the office the other day.

Acaba de fracassar uma estratégia publicitária das mais criativas. One of the most creative publicity strategies has just failed.



Há cerca de dois meses, justamente quando a empresa passava por dificuldades de natureza financeira, compareceu à reunião da diretoria o representante dos nossos bancos credores para avisar que nossas linhas de crédito teriam que ser reduzidas.

The representative of our creditor banks attended a directory meeting about two months ago to warn that our credit lines would have to be reduced, just when the company was facing financial difficulties. 
  
Ao formar uma frase, o autor deve acostumar-se a pensar sempre em primeiro lugar no sujeito, depois no verbo. 

O pensamento em inglês estrutura-se, por assim dizer, a partir do sujeito. A ordem natural e até certo ponto rígida dos elementos da oração em inglês é: Sujeito - Verbo - Complemento. 

Comparando o ato de escrever com a montagem de uma peça teatral, poderíamos dizer que no português há uma tendência a se montar o cenário para então colocar-se o ator principal em cena. 

No inglês, a ordem normal seria inversa: primeiro coloca-se o personagem principal (sujeito e verbo) para então completar com a montagem do cenário (objetos, adjuntos adverbiais e adnominais e orações subordinadas).

3. Use frases curtas


A ideia a ser comunicada deve ser dividida em partes na medida do possível. 

Uma frase excessivamente longa, além de aumentar as chances de erro, é sempre mais difícil de ser lida e entendida do que uma série de frases curtas. A tendência de se usar frases longas é comum no português. 

No inglês este fenômeno é chamado de run-on sentence

Textos em inglês normalmente contêm mais pontos finais e menos vírgulas do que em português. Exemplos:


This computer doesn't make sense to me, it came without a manual.

frase mais adequada: 

This computer doesn't make sense to me. It came without a manual.

 


During my vacation in July, when I went to the south of France and other parts of central Europe, I bought many souvenirs and I saw many interesting places, both the normal tourist sites and the lesser known locations.

frase mais adequada:

Last July I went on vacation in the south of France and other parts of central Europe. I bought many souvenirs and saw many interesting places. Some of the places I visited were the normal tourist sites, and others were lesser known locations.

4. Seja breve e evite o uso de palavras desnecessárias


Tanto no inglês como no português existem certas palavras que devido à forma abusiva com que são usadas, deixaram de carregar qualquer significado. 

Tornaram-se modismos que servem apenas para conferir um falso tom de intelectualidade e confundir. 

Exemplo disso no português são as expressões realmente, evidentemente, efetivamente, a rigor, em termos de, etc. 

No inglês temos expressões como: absolutely, as a matter of fact, actually, really, it seems to me, you know, etc., as quais pouco ou nada acrescentam à mensagem. 

Observe o seguinte exemplo:

As a matter of fact, I'm absolutely tired. Actually that's the reason why I don't really want to go to the movies tonight.

frase mais adequada: 

I don't want to go to the movies tonight because I'm tired.

Este princípio de economia em relação ao uso de palavras aplica-se também ao uso de formas desnecessariamente complexas. Exemplos:

The multiplicity of functionality is really advantageous to the overall marketability of the product.



frase mais adequada:

The many functions of the product will help its sales.

After liquidating her indebtedness she was still in possession of sufficient resources to establish a small commercial enterprise.

frase mais adequada:

After paying her debts, she still had enough money to set up a small business. 

5. Seja objetivo; apresente fatos em vez de opinões

Em qualquer idioma fatos sempre informam mais do que opiniões subjetivas. 

O texto deve se limitar o mais possível a fatos, ficando a conclusão reservada para o leitor. Não imponha ao leitor o seu julgamento; permita-lhe formar o seu próprio. 

É sempre desejável ser o mais claro e específico possível, substituindo palavras de mero efeito ou de significado vago, pela respectiva explicação. Exemplos:

The speaker was fascinating to the audience. (subjetivo, vago)
The speaker presented his topic well and the audience enjoyed his analogies from daily life.

There is evidence that UFOs may actually exist. (subjetivo, vago)
Several photographs, video tapes and testimonies show that UFOs may actually exist.

Our language teachers are highly qualified. (subjetivo, vago)
Our language teachers are native speakers with college education.

I hate television.
The effects of television can be very damaging. The soap operas portray dishonesty, violence, ill emotions, all kinds of negative social behavior, and the news is often biased.

6. Cuidado com o uso de voz passiva


Voz passiva consiste em trocar o sujeito e o objeto direto de posição. O objeto assume a posição do sujeito, mas permanece inativo, isto é, passivo. Passa a ser um sujeito que não é autor de ação nenhuma. 

O verdadeiro sujeito, por outro lado, assume o papel de agente da passiva, sendo que neste papel deixa de ser essencial à oração, ficando frequentemente omitido. Exemplos:

The cat ate the mouse. (Voz ativa)
The mouse was eaten by the cat. (Voz passiva)
The mouse was eaten. (Voz passiva sem agente)

No português, o uso da voz passiva é extremamente comum e apropriado ao idioma. 
O tom vago de uma voz passiva sem agente, assim como um sujeito indeterminado, são características típicas do português. 

No inglês moderno, por outro lado, a voz passiva chega a ser quase proibitiva porque destoa em relação à necessidade de clareza e de presença de fatos, limitando-se seu uso a casos em que o agente da passiva é desconhecido, irrelevante ou subentendido. 

Ocorre também com alguma frequência em trabalhos científicos. Exemplos: 

The store was robbed last night.  (desconhecido)


Toyotas are made in Japan.   (irrelevante)


Clinton was elected President.  (subentendido)


The sodium hydroxide was dissolved in water. This solution was then titrated with hydrochloric acid.  (texto científico)  

Exemplo de um texto em português normal, abundante em voz passiva:

Ficou decidido que os débitos deverão ser saldados até o final do mês de novembro, a partir de quando então serão cobrados com juros e correção monetária. Os plantadores em débito serão visitados pelo pessoal de campo e serão avisados a respeito das novas determinações.

Como não deve ser redigido em inglês:

It has been decided that the debts must be paid before the end of the month of November, being after then collected with interest and monetary correction (inflation). The farmers in debt will be visited by the field personnel and will be notified of the new determinations.

O mesmo texto redigido em inglês, de forma mais apropriada:

The company decided the farmers must pay their debts before the end of November. After that, interest and monetary correction will be added. Our field personnel will visit and notify the farmers of the new determinations.

7. Mantenha uma conexão lógica entre as frases fazendo uso correto de Words of Transition


Words of transition ou Words of connection são conjunções, advérbios, preposições, etc., que servem para estabelecer uma relação lógica entre frases e ideias. 

O uso correto destas palavras de conexão confere elegância ao texto e, mais importante, solidez ao argumento. Exemplos:

It was cold. I went swimming.

frase mais adequada:

I went swimming in spite of the cold weather. Although it was cold, I went swimming.

Many people watch TV. I don't like to waste my time watching television. The quality of the programs is very poor. I'm going to read books. I'm not going to watch soap operas.

frase mais adequada:

Although many people watch TV, I don't like to waste my time watching television because the quality of the programs is very poor. Therefore I'm going to read books instead of watching soap operas. 

fonte: Schütz, Ricardo. "Como Redigir Corretamente em Inglês." English Made in Brazil <http://www.sk.com.br/sk-write.html>. Retrieved 05 de agosto de 2015.

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