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domingo, 1 de junho de 2014

[ Discursivas CACD ] Política Internacional 2013: O Brasil em ações de paz da ONU



Guia de Estudos IRB - CACD 2014

Prova 2013 POLÍTICA INTERNACIONAL - Questão 3


Discorra sobre a experiência recente do Brasil em operações de paz auspiciadas pela Organização das Nações Unidas. Discuta os riscos e as oportunidades que esses compromissos aportam para a condução da política externa brasileira no futuro próximo. 


LEONARDO ROCHA BENTO 

"Nos últimos vinte e cinco anos, o Brasil tem reforçado seu engajamento multilateral, à luz da renovação de credenciais (Gelson Fonseca Jr.), promovida com a redemocratização interna. 

Nesse período, o país tem sido mais ativo na participação em operações de paz das Nações Unidas. Das cinco operações de paz para as quais o Brasil efetivamente enviou tropas, quatro delas – em Angola, Moçambique, Timor Leste e Haiti – ocorreram desde o fim da Guerra Fria. O engajamento brasileiro pode ser explicado pelo conceito de “reciprocidade difusa”, que deriva de sua inserção internacional contemporânea, e está acompanhado de riscos a serem enfrentados.


O período pós-Guerra Fria é caracterizado por uma ampliação do número de operações de paz, principalmente pelo incremento tanto do escopo de temas tratados pelo Conselho de Segurança quanto de sua produtividade. 

Após anos de afastamento nas participações em operações de paz, com tropas ou observadores, o Brasil vem incrementando seu envolvimento concomitantemenete ao maior volume de atividades do Conselho. 

A liderança da MINUSTAH, missão de estabilização no Haiti, é o corolário do engajamento brasileiro e do enfoque voltado à temática do desenvolvimento. Nesse sentido, é importante ressaltar que esse enfoque acompanhou a renovação de credenciais brasileiras, por exemplo, com a proposição de uma Agenda para o Desenvolvimento, complementarmente à Agenda para a Paz, do ex-secretário-geral da ONU Boutros Boutros- Ghali, em 1992.

A atuação brasileira na MINUSTAH, desde 2004, revela o interesse do país em agir em prol da consolidação da paz (peacebuilding), um dos pilares das operações previsto na Agenda para a Paz. Não interessa ao país que apenas um cessar-fogo entre as partes em conflito seja alcançado. 

A paz, no longo prazo, depende de iniciativas duradouras, que lidem com as condicionantes que provocaram a eclosão das hostilidades. No Haiti, uma companhia de engenharia do Exército Brasileiro construiu poços artesianos para que a população tivesse acesso a água limpa; há um projeto para a coleta de resíduossólidos, financiado pelo Fundo IBAS; e a Unasul estabeleceu uma secretaria técnica específica para esse país. 

A liderança brasileira da MINUSTAH e a ênfase em uma atuação ampla contribuem para que o país aumente sua legitimidade, com base na lógica de reciprocidade difusa, em que os ganhos não são aferidos diretamente na área em que se está atuando.


A ampliação do engajamento brasileiro promove novas oportunidades, as quais estão acompanhadas de riscos que devem ser contidos. Essa ampliação tem-se dado tabém geograficamente, com a participação do país em missões fora de sua área tradicional de ação. 

O Brasil tem o comando da Força-Tarefa Marítima da UNIFIL, estabelecida pela Resolução 1701/06 do Conselho de Segurança. Desde 2006, apenas Estados da OTAN haviam exercido o comando dessa força-tarefa no Líbano, até que o Brasil foi investido na função e atualmente a exerce com a Fragata União. 

Recentemente, o general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, que esteve no Haiti, foi apontado para o comando militar da MONUSCO, missão da ONU em território congolês. 

A ampliação do escopo geográfico, que deriva de uma orientação de engajamento presente na Estratégia Nacional de Defesa, permite novas oportunidades de ganhos difusos, como o reconhecimento de que o país é capaz de assumir responsabilidades no cenário internacional, as quais não estão mais limitadas à sua região tradicional, mas têm alcance global.

É natural que, dado o incremento da ação externa brasileira, novos riscos surjam, mas o país está consciente de que eles precisam ser enfrentados corretamente. Em primeiro lugar, é possível apontar que o engajamento brasileiro, se for implementado com tropas, demandará a modernização das Forças Armadas do país. 

Esse risco já está sendo enfrentado por meio das iniciativas de reestruturação presentes na Estratégia Nacional de Defesa. Em segundo lugar, a ampliação do escopo de atuação não pode afastar o Brasil da região privilegiada de sua política externa. 

Para tanto, o país deve continuar empenhado em mecanismos regionais, como o Conselho de Defesa da Unasul, a CELAC e a OEA, de maneira a participar ativamente da solução dos problemas e dos desafios da região em matéria de segurança.

Os compromissos recentes assumidos pelo Brasil no que tange ao engajamento em operações de paz trazem grandes oportunidades para o país, principalmente na forma de ganhos difusos, como o reconhecimento de que está apto a assumir maiores responsabilidades globais. 

Há riscos inerentes ao aprofundamento da inserção internacional na matéria, mas o país já dispõe de estratégias para reduzi-los e para maximizar os benefícios. 

fonte: Guia de Estudo IRB para o CACD 2014 

quarta-feira, 28 de maio de 2014

O Brasil e os dez anos da MINUSTAH

A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) foi criada pela Resolução nº 1542 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em 30 de abril de 2004. 
Desde então, a convite da ONU, o Brasil contribui com tropas e policiais para a MINUSTAH e oficial-general brasileiro (atualmente, o General-de-Divisão José Luiz Jaborandy) exerce o comando das forças militares ("Force Commander"). 
Atualmente a chefia geral da MINUSTAH cabe à trinitária Sandra Honoré.
A MINUSTAH está no Haiti a pedido do Governo local e lá se mantém por interesse haitiano – manifestado expressamente pelos Presidentes Préval e Martelly. A Missão busca contribuir para a segurança do povo haitiano e ajudar a manter a ordem democrática.
Desde a chegada do contingente multinacional, houve duas eleições presidenciais, e a fase crítica de emergência humanitária pós-terremoto de 2010 foi superada. 
Do ponto de vista da garantia da segurança, a Missão tem sido bem sucedida contra gangues que antes agiam livremente na capital, Porto Príncipe, sobretudo nas zonas de Belair, Cité Soleil e Cité Militaire.
A MINUSTAH tem desempenhado papel importante na formação da Polícia Nacional Haitiana, que passou de 5 mil policiais, em 2004, para cerca de 11 mil hoje, num país onde não há Forças Armadas.
Com o terremoto, em janeiro de 2010, a MINUSTAH reorientou suas atividades para também apoiar os esforços humanitários e o resgate das vítimas, além de seguir contribuindo para a manutenção da estabilidade no Haiti.
A participação das tropas brasileiras na MINUSTAH, além de consolidar o perfil brasileiro de contribuinte para missões de paz da ONU e como promotor do desenvolvimento, contribui para o aperfeiçoamento do treinamento das Forças Armadas brasileiras em áreas como segurança, engenharia e assistência humanitária e proteção civil em situações de risco e de desastres. 
Esse treinamento vem sendo muito útil para que, no seu retorno ao Brasil, nossas tropas possam incorporar a experiência adquirida no Haiti em seu trabalho no território brasileiro.
Além de dar contribuição militar à MINUSTAH, o Governo brasileiro tem buscado, ao longo dos anos, intensificar a cooperação técnica e humanitária com o Haiti, no entendimento que a segurança e o desenvolvimento são elementos essenciais para uma paz duradoura. 
Prestamos significativa cooperação em áreas como saúde, agricultura, energia, segurança alimentar, inclusão social pelo esporte e capacitação de pessoas.
A Companhia de Engenharia Militar brasileira na MINUSTAH auxilia nesse esforço. Ela desempenha atividades como perfuração de poços artesianos, construção de pontes e açudes, contenção de encostas, construção e reparação de estradas, além de atuar em missões de defesa civil, sobretudo após o terremoto de 2010.
Ressalte-se que o Brasil, na qualidade de membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU (2004-2005 e 2010-2011) e na condição de maior contribuinte de tropas e membro de instâncias como o "Core Group" em Porto Príncipe e do "Grupo de Amigos do Haiti" em Nova York, tem procurado, desde 2004, realçar a importância de que os mandatos da MINUSTAH incorporem sempre elementos capazes de auxiliar o Governo haitiano na promoção dos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável.
Graças a esses esforços, em conjunto com outros países, o Conselho de Segurança tem autorizado a MINUSTAH a custear programas de rápido impacto social ("quick impact projetcs", QIPs, de cerca de US$ 5 milhões/ano) e de redução da violência, que têm logrado aumentar a confiança da população na Missão e nos dividendos da estabilização.
Desse modo, a MINUSTAH tem conseguido, com rubrica dedicada exclusivamente a projetos de impacto social e em coordenação com o Governo haitiano, desenvolver cerca de 120 projetos sociais por ano, como a construção de escolas, reparo de estradas e fornecimento de iluminação e serviços públicos. 
Além disso, a MINUSTAH tem também apoiado programas de redução da violência (US$ 8 milhões/ano), que incluem treinamento profissional e capacitação de presidiários e ex-membros de gangues, reinserção social, custeio de trabalho temporário para desempregados, entre outros. 
O orçamento da MINUSTAH para 2014-2015 continua a incluir recursos para esses programas, que têm sido elogiados por consultores independentes, pela Universidade do Haiti e pela população haitiana em geral.
Nos últimos anos, em função da melhora nas condições gerais de segurança, o Conselho de Segurança das Nações Unidas tem reduzido o contingente militar da MINUSTAH, o que implica a diminuição natural da presença militar brasileira.
O Brasil defende que a redução da presença da MINUSTAH seja acompanhada de maior apoio da comunidade internacional ao desenvolvimento sustentável do Haiti e ao fortalecimento do Estado, por meio de maior cooperação técnica e ajuda financeira.

Diplomacia Pública - 26.05.2014

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