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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

[ Discursivas CACD ] Português 2014: Perspectivas PEB (menor nota)




























O estudo das respostas nas provas discursivas anteriores é fundamental para entendermos o que a banca espera do candidato. Analisarmos os acertos é importante, no entanto pode ser ainda mais relevante analisarmos os erros cometidos para que possamos evitá-los. 

Os manuais de estudos da Funag nos trazem somente as melhores respostas  e pensando nisso os candidatos do concurso de 2014 elaboraram um manual com respostas de vários candidatos e suas respectivas marcas de correção da banca. 

O Guia do Calango Lumbrera foi uma ótima iniciativa e nasceu como uma forma de compartilhar as experiências dos candidatos que lograram passar para a temida segunda fase do CACD.

Venho publicando aqui no Missão Diplomática os textos com as melhores respostas das provas discursivas anteriores. Na medida do possível vou procurar também publicar respostas com problemas - utilizando fontes como o Guia do Calango - para que possam servir como melhor preparação em nossos estudos incansáveis.

Compare a melhor redação (clique aqui para o link Missão Diplomática) que obteve 53,25 pontos possíveis de 60 na prova de português 2014 com a redação a seguir, que obteve 38 pontos.      

____________________________________________________________

Guia do Calango Lumbrera - Turma CACD 2014

Prova 2014 PORTUGUÊS 


REDAÇÃO 

Texto I 

Planejar uma política externa exige — além do conhecimento da conjuntura interna do país — o estudo do quadro internacional dentro do qual essa política deverá operar. É necessário, portanto, antes de mais nada, tentar prever a evolução provável da conjuntura mundial nos próximos anos, como pano de fundo para as opções possíveis da diplomacia brasileira. Um exercício desse gênero comporta elementos impressionísticos inevitáveis, pois não é possível antecipar tendências futuras com a mesma precisão com que podemos descrever acontecimentos atuais. O máximo que podemos fazer para limitar o alcance do componente puramente especulativo é formular hipóteses alternativas e, em seguida, verificar a maior ou menor plausibilidade de cada uma delas. 

Antonio Francisco Azeredo da Silveira. Política externa brasileira: seus parâmetros internacionais. 16/1/1974. Arquivo do CPDOC, FGV. 

Texto II 

O Brasil, em razão de fatores objetivos, tem um destino de grandeza, ainda relativa em nossos dias, ao qual não terá como se furtar, e isso lhe impõe a obrigação de encarar o seu papel no mundo em termos prospectivos fundamentalmente ambiciosos. Digo ambição no sentido de vastidão de interesses e escopo de atuação, e não no desejo de hegemonia ou de preponderância. 

Antonio Francisco Azeredo da Silveira. Discurso proferido em 9/11/1976, apud Matias Spektor (Org.). Azeredo da Silveira: um depoimento. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010. 

Texto III 

O mundo tem passado por transformações significativas, e o lugar do Brasil no mundo mudou. Essas transformações incidem sobre a própria distribuição do poder mundial. Desenham-se os contornos de uma configuração multipolar da geopolítica e da geoeconomia mundial. A desconcentração do poder econômico e político no espaço internacional vem conferindo mais voz e peso aos países emergentes. (...) A confluência dessas grandes transformações no Brasil e no mundo tem efeitos significativos sobre a formulação e a execução da política externa brasileira. Tenho enfatizado que a política externa é parte integral do projeto nacional de desenvolvimento do Brasil — econômico, político, social, cultural. Nesse papel de instrumento do desenvolvimento, uma política externa sem perspectiva estratégica de longo prazo torna-se reativa, sem direção.

Luiz Alberto Figueiredo Machado. Discurso proferido na abertura dos Diálogos sobre Política Externa, em 26/2/2014 (com adaptações). 

A partir da leitura dos fragmentos de texto acima, discuta e opine a respeito das perspectivas de longo prazo da política externa brasileira, tendo em vista as circunstâncias internas e os cenários internacionais a ela relacionados.


"Auferir os interesses nacionais de um país é o objetivo permanente da política externa. Por conseguinte, ela pode ser caracterizada como política de Estado. A função da política externa é fixa, mas seus objetivos e meios alteram-se no longo prazo. A política externa brasileira tem como característica a continuidade, visto que é possível identificar a defesa contínua de alguns princípios, como o da soberania. O século XXI inicia-se com alterações significativas na ordem mundial. A política externa brasileira, como um dos meios de promoção do desenvolvimento nacional, deve ser executada com base em perspectiva de longo prazo, a fim de realizar seus objetivos internos e internacionais.

Identificar os objetivos de longo prazo de um Estado facilita sua ação internacional autônoma no presente. O conhecimento dos contextos interno e internacional, nesse sentido, faz-se necessário, pois ele permitirá a identificação das possibilidades no longo prazo, pois a realidade internacional está em constante mudança. No século XXI, verificam-se alterações significativas na distribuição de poder. A ascensão dos países emergentes, como o Brasil, enseja maior multipolaridade, a qual impõe novos desafios e oportunidades. A criação do Livro Branco da política externa brasileira será importante meio de consecução da estratégia de longo prazo da diplomacia nacional.

A mudança de perspectiva sobre o desenvolvimento ensejou a alteração da posição internacional do Brasil. A maior ênfase na inclusão social significou a expansão da classe média e a redução da pobreza nos últimos dez anos. Um país só pode ser considerado desenvolvido se incluir seus cidadãos. Programas governamentais, como o Bolsa Família, são reconhecidos internacionalmente, devido aos seus esforços sociais. O economista Amartya Sen, um dos criadores do Índice de Desenvolvimento Humano, afirmou que a liberdade só existe se houver igualdade de oportunidades. No âmbito internacional, o Brasil luta por essa igualdade no comércio, nas finanças e nos orgãos(1) internacionais. O estímulo à cooperação técnica com países em desenvolvimento insere-se nessa lógica, ao não exigir condicionalidades.

A busca de uma ordem internacional mais democrática requer a existência de um contexto mais multilateral. Um dos objetivos de longo prazo da diplomacia brasileira é a multiplicação de instâncias multilaterais. O estabelecimento do G-20 comercial, do IBAS, dos BRICS e do BASIC visa à democratização da ordem internacional, tornando-a mais justa e inclusiva. O desejo brasileiro de maior participação nas negociações internacionais ensejou posição propositiva nos âmbitos financeiro, ambiental, comercial e político. O exemplo mais recente de protagonismo brasileiro foi a convocação da Reunião Multissetorial sobre governança na rede mundial de computadores, com o objetivo de tornar a rede mais democrática no futuro.

O avanço da democracia no Brasil, verificado nos movimentos populares recentes, estimula maior participação dos nacionais nas discussões sobre política externa. Dessa maneira, as estratégias de política externa tornar-se-ão mais legítimas e democráticas. Isso fornecerá maior projeção internacional ao Brasil e facilitará a consecução de seus objetivos, principalmente o de desenvolvimento. A liderança brasileira, nas negociações dos objetivos para o desenvolvimento pós-2015(2), exemplifica a busca dos objetivos de longo prazo do Brasil nos âmbitos interno e internacional. A conferência Rio +20 também representa a maior democratização das negociações multilaterais e a ênfase no desenvolvimento sustentável.

A política externa mais altiva e propositiva dos últimos dez anos só foi possível devido ao avanço da inclusão social brasileira. O estímulo à democracia ensejará meios mais legítimos de consecução da política externa brasileira, a qual deve sempre visar ao desenvolvimento inclusivo. A elaboração do Livro Branco da Política Externa, com o auxílio dos diversos setores sociais, será o melhor meio de garantir a existência de estratégia internacional de longo prazo do Brasil. Isso facilitará o enfrentamento de possíveis óbices e dará maior legitimidade ao Brasil nas negociações internacionais."

Marcações da banca:
1 Grafia/acentuação 2 Pontuação

Avaliação:
Apresentação 5,00 Argumentação 3,75 Análise 1,25 Gramática 28,0


Comentário do candidato:

2: marcação em pontuação: resposta da banca ao recurso interposto: No contexto em questão, o trecho "nas negociações dos objetivos para o desenvolvimento pós-2015" é argumental, portanto não deve ser separado por vírgulas do sintagma de que faz parte: "A liderança brasileira nas negociações... pós-2015". A liderança brasileira nessas negociações é o que "exemplifica a busca dos objetivos...", e não a liderança brasileira de maneira geral.

FONTE: Guia Calango Lumbrera - Turma IRB 2014 

quinta-feira, 9 de junho de 2016

[ Aula Resumo ] Gramática: Mini curso revisão de gramática




























Mini curso revisão de Gramática.

Aula 01: Acentuação
Aula 02: Formação das Palavras
Aula 03: Conceitos de Semântica
Aula 04: Classes Gramaticais
Aula 05: Vozes do Verbo
Aula 06: Análise Sintática Interna
Aula 07: Análise Sintática Externa
Aula 08: Regência Verbal
Aula 09: Crase
Aula 10: Concordância
Aula 11: Pontuação















quinta-feira, 13 de agosto de 2015

[ Discursivas CACD ] Português 2014: Inovação e Tradição




























Guia do Calango Lumbrera - Turma CACD 2014
Prova 2014 PORTUGUÊS 


OBS: Respostas com Maior e Menor notas apuradas entre as publicadas no guia do Calango


PARTE II – EXERCÍCIO 2

O estudo da literatura de cordel propõe inevitavelmente a reflexão sobre o espaço que nela ocupam o acervo da tradição coletiva e a criatividade do poeta. Sendo inquestionável o seu enraizamento em um repertório tradicional, tanto no que respeita à substância da expressão — temas, motivos, personagens, ideologia — quanto no que tange às formas de expressão, resta ao estudioso ou curioso indagar se, apesar desse arraigamento na tradição, podem-se esperar do cordel e da literatura oral como um todo manifestações de originalidade e inventividade.

Nesse sentido, nossa experiência com folhetos trouxe-nos à conclusão de que neles existe lugar para a surpresa e a novidade. Diríamos que no latifúndio da tradição coletiva vingam minifúndios de inovação pessoal.

Marlene de Castro Correia. Sobre literatura de cordel: conversa (quase) descosturada. In: Poesia de dois Andrades (e outros temas). Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2010, p. 151 (com adaptações).

Com base no texto acima, discorra sobre as oportunidades para que a inovação surja em um contexto de tradição.

Maior Nota (18,32/20)

"Marlene de Castro Correia argumenta que, na literatura oral e de cordel, a manifestação cultural, em contexto de consolidada tradição expressiva, não impede criações estéticas e materiais inovadoras. Não haveria, segundo a autora, antagonismo absoluto entre o dinamismo da inovação e a suposta inércia dos aspectos tradicionais da cultura. 

Os cânones criam tensões para a manutenção da conformidade e, por isso, segundo Silviano Santiago, na obra O entre-lugar do discurso latino-americano, devem ser desafiados por manifestações originais.

O embate entre a tradição e a inovação não é único da literatura de cordel, porquanto o surgimento de variada gama de escolas literárias e metodologias expressivas também é influenciado por essa aparente contradição entre o canônico e a ruptura. 

Ambos são mutuamente dependentes, uma vez que a inovação é viabilizada pela referência estática e a tradição é reafirmada pela sua ruptura."

Avaliação:
Apresentação 1,00 Argumentação 3,38 Análise 3,94 Gramática 10,0 


Menor Nota (9,76/20)

"A inovação pode surgir em um contexto de tradição. No século XIX, empregavam-se modelos europeus na cultura brasileira, os quais chegavam com certo atraso ao Brasil, dadas as dificuldades de comunicação. 

Desse modo, a estética era vinculada mais ao passado que ao presente, o que constituia1 o denominado “passadismo”. Os valores pretéritos prevaleciam, ao passo que inovações não eram bem recebidas.

No movimento modernista, alguns artistas procuraram conciliar as tradições e as novas tendências. Mario de Andrade considerava que não havia oposição entre elas, mas que releituras,2 de tendências do passado poderiam ensejar inovações no presente, sem “passadismo”. 

Ele pesquisou o folclore e a cultura popular, a fim de demonstrar a existência de possibilidades. A literatura de cordel foi exemplo de oportunidade3 bem aproveitada, na medida em que a revalorização de um estilo literário tradicional suscitou a elaboração de estética moderna inovadora."

Marcações da banca:
1 Grafia/acentuação
2 Pontuação
3 Construção de período/Colocação de termos


Avaliação:
Apresentação 0,50 Argumentação 1,13 Análise 1,13 Gramática 7,00 

FONTE: Guia Calango Lumbrera - Turma IRB 2014

terça-feira, 11 de agosto de 2015

[ Discursivas CACD ] Português 2014: Nacionalidade e influências estrangeiras




























Guia do Calango Lumbrera - Turma CACD 2014

Prova 2014 PORTUGUÊS 


PARTE II – EXERCÍCIO 1

Recife, 1923.

O que sinto é que sou repelido pelo Brasil a que acabo de regressar homem, depois de o ter deixado menino, como se me tivesse tornado um corpo estranho ao mesmo Brasil. É incrível o número de artigos e artiguetes aparecidos nestes poucos meses contra mim; e a insistência de quase todos eles é neste ponto: a de ser eu um estranho, um exótico, um meteco, um desajustado, um estrangeirado. 

Sendo estrangeiro— argumentam eles — é natural que não me sinta mais à vontade no Brasil, se não sei admirar Rui Barbosa na sua plenitude, se não me ponho em harmonia com o progresso brasileiro nas suas expressões mais modernas, antes desejo voltar aos dias coloniais — uma mentira — se isto, se mais aquilo, por que não volto aos lugares ideais onde me encontrava, deixando o Brasil aos brasileiros que não o abandonaram nunca por tais lugares? Este parece ser o sentido dominante nos artiguetes que vêm aparecendo contra mim.

A verdade é que eu me sinto identificado com o que o Brasil tem de mais brasileiro. Esses supostos defensores do Brasil contra um nacional que dizem degenerado ou deformado pelo muito contato com universidades estrangeiras me parecem excrescências.

Gilberto Freyre. Tempo morto & outros tempos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975, p. 128 (com adaptações).

Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador, discuta a importância da manutenção da consciência sobre a nacionalidade em contraste com a absorção de influências estrangeiras. 

"Edward Said, em Cultura e imperialismo, afirma que as culturas e as nacionalidades formadas sob dominação estrangeira apresentam dificuldades no desenvolvimento de linguagem própria. No Brasil, por exemplo, o desejo de criar nacionalidade original, sem influência estrangeira, é uma constante perceptível desde o Romantismo. 

A expressão da nacionalidade pareceu, no entanto, ser restringida pela existência de cânones estrangeiros, os quais, paradoxalmente, se tornaram referências de validade da cultura autóctone.


A revolução culturalista promovida pelo Modernismo transformou a maneira de entender a nacionalidade e a influência estrangeira. O hibridismo não era o que impedia o acesso do Brasil à modernidade, mas o que viabilizava uma inserção diferenciada no mundo. 

A integração de diferentes culturas ocorreria de forma antropofágica, como qualificado por Mário de Andrade, o que conferiria expressão singular da nacionalidade. 

Esse processo, permanente e dinâmico, relativiza o antagonismo entre o nacional e o estrangeiro."

NOTA: 17,64/20
Avaliação:

Apresentação  0,88 
Argumentação 3,38 
Análise            3,38 
Gramática      10,00 

FONTE: Guia Calango Lumbrera - Turma IRB 2014

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

[ Discursivas CACD ] Português 2014: Perspectivas PEB




























Guia do Calango Lumbrera - Turma CACD 2014

Prova 2014 PORTUGUÊS 



REDAÇÃO 

Texto I

Planejar uma política externa exige — além do conhecimento da conjuntura interna do país — o estudo do quadro internacional dentro do qual essa política deverá operar. É necessário, portanto, antes de mais nada, tentar prever a evolução provável da conjuntura mundial nos próximos anos, como pano de fundo para as opções possíveis da diplomacia brasileira. Um exercício desse gênero comporta elementos impressionísticos inevitáveis, pois não é possível antecipar tendências futuras com a mesma precisão com que podemos descrever acontecimentos atuais. O máximo que podemos fazer para limitar o alcance do componente puramente especulativo é formular hipóteses alternativas e, em seguida, verificar a maior ou menor plausibilidade de cada uma delas.

Antonio Francisco Azeredo da Silveira. Política externa brasileira: seus parâmetros internacionais. 16/1/1974. Arquivo do CPDOC, FGV.

Texto II

O Brasil, em razão de fatores objetivos, tem um destino de grandeza, ainda relativa em nossos dias, ao qual não terá como se furtar, e isso lhe impõe a obrigação de encarar o seu papel no mundo em termos prospectivos fundamentalmente ambiciosos. Digo ambição no sentido de vastidão de interesses e escopo de atuação, e não no desejo de hegemonia ou de preponderância.

Antonio Francisco Azeredo da Silveira. Discurso proferido em 9/11/1976, apud Matias Spektor (Org.). Azeredo da Silveira: um depoimento. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010.

Texto III

O mundo tem passado por transformações significativas, e o lugar do Brasil no mundo mudou. Essas transformações incidem sobre a própria distribuição do poder mundial. Desenham-se os contornos de uma configuração multipolar da geopolítica e da geoeconomia mundial. A desconcentração do poder econômico e político no espaço internacional vem conferindo mais voz e peso aos países emergentes. (...) A confluência dessas grandes transformações no Brasil e no mundo tem efeitos significativos sobre a formulação e a execução da política externa brasileira. Tenho enfatizado que a política externa é parte integral do projeto nacional de desenvolvimento do Brasil — econômico, político, social, cultural. Nesse papel de instrumento do desenvolvimento, uma política externa sem perspectiva estratégica de longo prazo torna-se reativa, sem direção.

Luiz Alberto Figueiredo Machado. Discurso proferido na abertura dos Diálogos sobre Política Externa, em 26/2/2014 (com adaptações).

A partir da leitura dos fragmentos de texto acima, discuta e opine a respeito das perspectivas de longo prazo da política externa brasileira, tendo em vista as circunstâncias internas e os cenários internacionais a ela relacionados.

"O Pragmatismo Responsável, conduzido por Azeredo da Silveira, e a política externa contemporânea apresentam aspectos de continuidade e de ruptura. Tanto a estratégia desenvolvida na década de 1970 quanto aquela elaborada por Luiz Alberto Figueiredo enfatizam o desenvolvimento e a mitigação das assimetrias globais como objetivos de longo prazo da diplomacia brasileira. 

Cabe ressaltar, entretanto, que não somente o contexto internacional é, significativamente1diferente nos dois períodos, mas também os meios de ação externa do Brasil foram transformados. 

O processo de redemocratização e a maior projeção do país no mundo ampliaram os temas da agenda diplomática nacional e viabilizaram o aumento do interesse da sociedade pela política externa do país, o que influenciará, positivamente, o processo de inserção do Brasil no contexto global.

Segundo Gelson Fonseca, uma das diferenças fundamentais entre a política externa do período posterior à redemocratização e aquela desenvolvida durante o regime de exceção é a ênfase no multilateralismo como meio de ação. Segundo o autor, a busca de autonomia decisória, na década de 1970, dava-se pelo afastamento brasileiro dos foros internacionais, em estratégia que denominou autonomia pela distância. 

Atualmente, o âmbito multilateral é meio prioritário da ação externa do país, o que caracteriza o novo paradigma da política externa nacional, chamado autonomia pela participação. Os foros multilaterais tornaram-se, portanto, centrais na estratégia de inserção de longo prazo do país, o que pode ser evidenciado pelo ativo engajamento brasileiro na reforma da Organização das Nações Unidas (ONU) e pela criação de organizações internacionais regionais, de que é exemplo a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).

Luiz Alberto Figueiredo afirmou, recentemente, que “o diálogo diplomático é, também, um diálogo com a sociedade”. Essa percepção demonstra o interesse de que a autonomia pela participação não seja obtida somente com a inserção do país no âmbito multilateral, mas também pelo ativo engajamento da sociedade civil na formulação da política externa. 

A elaboração do Livro branco da política externa, no qual serão apresentadas as diretrizes de longo prazo da estratégia internacional do Brasil, bem como a realização dos Diálogos sobre Política Externa, é2 evidência da importância atribuída pela diplomacia à participação popular. Esse processo garante legitimidade à tendência de continuidade da projeção internacional do Brasil e aos pleitos históricos de democratização dos foros multilaterais, o que dota de conteúdo a emergência político-econômica nacional. 

A Rio+20 e a Conferência das Nações Unidas para o meio ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) são simbólicas do momento de transição das estratégias desenvolvidas pelos regimes militares para as elaboradas pela diplomacia democrática. Essas conferências não se destacam apenas pela grande participação de Chefes de Estado e pela contribuição popular, mas também porque consolidaram o meio ambiente como tema prioritário da agenda internacional. 

Os direitos humanos, o desenvolvimento social e o meio ambiente não são mais considerados secundários, o que relativiza a ideia de que a diplomacia trata apenas de temas distantes da população. Há, portanto, uma tendência de aproximação das políticas públicas desenvolvidas internamente e aquelas elaboradas no âmbito internacional, o que transforma as políticas externas contemporâneas e do futuro em importantes meios de desenvolvimento econômico e social.

As reivindicações históricas do Estado brasileiro pela diminuição das assimetrias globais e pelo desenvolvimento de um multilateralismo de reciprocidade foram complementadas, recentemente, pela maior participação da sociedade civil no processo de elaboração da política externa. 

Esse maior engajamento fortalece os pleitos tradicionais do Brasil, como a redução da pobreza e a reforma das organizações internacionais com sistema de representação inadequado ao século XXI, e garante legitimidade à ascensão do país no âmbito externo. Esses processos são desenvolvimentos contemporâneos, mas que3 deverão influenciar a diplomacia brasileira no futuro de forma intensa. 

O “destino de grandeza” do Brasil, mencionado por Azeredo da Silveira, será atingido não pelo alijamento da população, mas pela sua intensa contribuição."

NOTA: 53,25/60

Marcações da banca:

1 Pontuação
2 Concordância Verbal
3 Construção de período/Colocação de termos


Avaliação:

Apresentação 8,75 Argumentação 10,0 Análise 7,50 Gramática 27,0

FONTE: Guia Calango Lumbrera - Turma IRB 2014

sexta-feira, 26 de junho de 2015

quarta-feira, 3 de junho de 2015

[ Discursivas CACD ] Português 2013: Comércio Internacional




























Guia de Estudos CACD 2014
 
Prova de 2013 

PORTUGUÊS - Parte 1: REDAÇÃO


Texto I

É um lamentável fato da vida que o comércio internacional tenha, apesar de suas imensas potencialidades, contribuído tão pouco para o desenvolvimento econômico dos países de baixa renda per capita, sobretudo nos últimos tempos da história humana. Em certos casos, através de mecanismos de deterioração das relações de troca, o comércio internacional tem atuado até mesmo como fator de empobrecimento relativo dos países subdesenvolvidos e como veículo de agravamento dos desníveis de rendas entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos.

Fragmento de discurso proferido pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores na abertura da XVIII Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 17/9/1963.

Texto II

Ao selecionar o embaixador Roberto Azevêdo, a Organização Mundial do Comércio renova o compromisso com uma visão de multilateralismo que privilegia o diálogo, o respeito à diversidade e a busca de consenso, conforme as nossas melhores tradições diplomáticas; uma visão que incorpora as perspectivas de todos os membros, com particular atenção às dos países em desenvolvimento e de menor desenvolvimento relativo; uma visão segundo a qual o comércio não é um fim em si mesmo, mas uma ferramenta para o desenvolvimento e para a melhor distribuição da prosperidade entre as nações, e dentro delas, em benefício de todos.

Fragmento de circular telegráfica do Ministro de Estado das Relações Exteriores transmitida em 22/5/2013.

Discuta e emita opinião sobre os fragmentos de texto acima apresentados, com atenção às semelhanças e às diferenças de percepção relativas ao comércio internacional. 



ALEXANDRE PIANA LEMOS 

"Os fragmentos de texto apresentados têm como tema o sistema multilateral de comércio. Os autores de ambos os textos reconhecem que o comércio deve servir para promover o desenvolvimento das nações menos favorecidas, mas analisam essa necessidade de perspectivas distintas. 

Apesar das evidentes divergências entre os dois textos, pode-se afirmar que ambos são representativos da tradicional defesa da diplomacia brasileira de um sistema multilateral de comércio mais justo e democrático. A diferença é que, atualmente, o Brasil está em melhores condições de promover essa defesa.

A posição tradicional da diplomacia brasileira é a de que o comércio não é um fim em si mesmo, porquanto ele deve contribuir para o desenvolvimento de todos os países, especialmente o dos mais pobres. 

Esse ponto de vista não se alterou entre 1963 e 2013, anos em que foram redigidos os textos referidos. A diferença é que, em 1963, o Brasil era país relativamente pouco desenvolvido, que era prejudicado pelo que os economistas cepalinos denominaram “deterioração dos termos de troca”, realidade que afetava as exportações brasileiras de forma negativa. 

Atualmente, dificuldades persistem, mas o Brasil é uma das maiores economias mundiais. Os contextos históricos diferentes, portanto, explicam o relativo otimismo do pronunciamento de 2013, quando comparado ao discurso proferido em 1963.

O contexto atual é mais favorável ao Brasil, mas isso não significa que não existam dificuldades a serem enfrentadas. O Brasil superou muitas das restrições comerciais que lhe eram impostas na década de 1960; seu “status” de potência econômica, contudo, fez que surgissem novos desafios, como as barreiras impostas a seus produtos industriais e a oposição que iniciativas brasileiras enfrentam, no âmbito da Organização Mundial do Comércio, por parte das potências tradicionais, preocupadas em conservar o “status quo”. 

O Brasil, todavia, está, atualmente, em condições de contribuir para a reforma e a democratização do sistema multilateral de comércio, à diferença do que ocorria na década de 1960.

A maior influência do Brasil, no âmbito do sistema multilateral de comércio, é atestada pela eleição do brasileiro Roberto Azevêdo para a direção da Organização Mundial do Comércio (OMC). 

Se, na década de 1960, a diplomacia brasileira visava à modificação de um sistema multilateral de comércio desigual, atualmente, ela está em condições de conduzir esse processo de reforma, e tal realidade explica a perspectiva otimista do pronunciamento de 2013, quando comparado ao discurso de 1963.

As diferenças no modo de compreender o sistema multilateral de comércio, portanto, distinguem os textos de 1963 e de 2013. Apesar das divergências evidentes, é importante ressaltar, contudo, que os objetivos defendidos pelo Brasil, em 2013, são, fundamentalmente, os mesmos defendidos na década de 1960, e, nesse sentido, há evidente continuidade entre as duas perspectivas. 

O Brasil, em 2013, pretende reformar o sistema multilateral de comércio, a fim de atingir objetivos que orientam a diplomacia brasileira historicamente. O compromisso com um sistema multilateral de comércio democrático, que represente as posições não apenas dos países desenvolvidos, como também as dos países em desenvolvimento, sempre caracterizou a diplomacia brasileira. 

Do mesmo modo, o entendimento de que o comércio não é um fim em si mesmo, mas um meio de promover a prosperidade das nações, não constitui nova orientação da diplomacia brasileira. Em 1963, quando o Ministro de Estado das Relações Exteriores proferiu seu discurso, essa posição orientou sua apresentação.

Desse modo, pode-se afirmar que o Brasil não modificou sua tradicional defesa de um sistema multilateral de comércio mais justo e democrático. A busca de uma ordem econômica mais justa era objetivo vislumbrado em 1963 e continua a sê-lo em 2013. 

O Ministério das Relações Exteriores, todavia, pode agir, atualmente, com mais desenvoltura e demonstrar maior otimismo, porquanto a nova ordem internacional possibilita que o Brasil influencie o sistema multilateral de comércio com os valores que tradicionalmente defende."

fonte: Guia de Estudos IRB para o CACD



sexta-feira, 24 de abril de 2015

[ Aula Resumo ] Português: Novo Acordo Ortográfico




















Estava pesquisando sobre a grafia de uma palavra com hífen e me deparei com este ótimo resumo sobre as mudanças decorrentes do novo acordo. 

Entendi ser bem prático tê-lo em mãos sempre que necessário e resolvi publicar aqui no Missão Diplomática. 

abraços

Guia Prático da NOVA ORTOGRAFIA 

Michaelis Online





Saiba o que mudou na ortografia brasileira

Versão atualizada de acordo com o VOLP
por Douglas Tufano
(Professor e autor de livros didáticos de língua portuguesa)


O objetivo deste guia é expor ao leitor, de maneira objetiva, as alterações introduzidas na ortografia da língua portuguesa pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, posteriormente, por Timor Leste. 

No Brasil, o Acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo no 54, de 18 de abril de 1995.

Esse Acordo é meramente ortográfico; portanto, restringe-se à língua escrita, não afetando nenhum aspecto da língua falada. Ele não elimina todas as diferenças ortográficas observadas nos países que têm a língua portuguesa como idioma oficial, mas é um passo em direção à pretendida unificação ortográfica desses países.

Este guia foi elaborado de acordo com a 5.ª edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), publicado pela Academia Brasileira de Letras em março de 2009.


Mudanças no alfabeto





O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y. O alfabeto completo passa a ser:
A B C D E F G H I J
K L M N O P Q R S
T U V W X Y Z

As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações. 

Por exemplo:


  • na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt);
  • na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.


Trema





Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui.

Como era

Como fica
agüentaraguentar
argüirarguir
bilíngüebilíngue
cinqüentacinquenta
delinqüentedelinquente
eloqüenteeloquente
ensangüentadoensanguentado
eqüestreequestre
freqüentefrequente
lingüetalingueta
lingüiçalinguiça
qüinqüênioquinquênio
sagüisagui
seqüênciasequência
seqüestrosequestro
tranqüilotranquilo

Atenção: o trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas. 

Exemplos: Müller, mülleriano.

Mudanças nas regras de acentuação

1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).

Como era

Como fica
alcalóidealcaloide
alcatéiaalcateia
andróideandroide
apóia(verbo apoiar)apoia
apóio(verbo apoiar)apoio
asteróideasteroide
bóiaboia
celulóideceluloide
clarabóiaclaraboia
colméiacolmeia
CoréiaCoreia
debilóidedebiloide
epopéiaepopeia
estóicoestoico
estréiaestreia
estréio (verbo estrear)estreio
geléiageleia
heróicoheroico
idéiaideia
jibóiajiboia
jóiajoia
odisséiaodisseia
paranóiaparanoia
paranóicoparanoico
platéiaplateia
tramóiatramoia

Atenção:
essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas e os monossílabos tônicos terminados em éis e ói(s). 

Exemplos: papéis, herói, heróis, dói (verbo doer), sóis etc.

2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.

Como era

Como fica
baiúcabaiuca
bocaiúvabocaiuva*
cauílacauila**
*  bacaiuva = certo tipo de palmeira
**cauila = avarento


Atenção:

  • se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí;
  • se o i ou o u forem precedidos de ditongo crescente, o acento permanece. Exemplos: guaíba, Guaíra.

3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s). 

Como era

Como fica
abençôoabençoo
crêem (verbo crer)creem
dêem (verbo dar)deem
dôo (verbo doar)doo
enjôoenjoo
lêem (verbo ler)leem
magôo (verbo magoar)magoo
perdôo (verbo perdoar)perdoo
povôo (verbo povoar)povoo
vêem (verbo ver)veem
vôosvoos
zôozoo

4. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera. 

Como era

Como fica
Ele pára o carro.Ele para o carro.
Ele foi ao pólo Norte.Ele foi ao polo Norte.
Ele gosta de jogar pólo.Ele gosta de jogar polo.
Esse gato tem pêlos brancos.Esse gato tem pelos brancos.
Comi uma pêra.Comi uma pera.

Atenção:

- Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3ª pessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, na 3ª pessoa do singular.
Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.

- Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição. 

Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.

- Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). 

Exemplos:
Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.
Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.
Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.


- É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. 

Veja este exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?

5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.

6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo. 

Veja:  se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas.

  • Exemplos:
  • verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.
    verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.

  • se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas.
  • Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras):
  • verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.
    verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.

Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e itônicos. 


Uso do hífen com compostos





1. Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresentam elementos de ligação. 

Exemplos: 

guarda-chuva, arco-íris, boa-fé, segunda-feira, mesa-redonda, vaga-lume, joão-ninguém, porta-malas, porta-bandeira, pão-duro, bate-boca.

*Exceções: Não se usa o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como:
girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, paraquedismo.

2. Usa-se o hífen em compostos que têm palavras iguais ou quase iguais, sem elementos de ligação. 

Exemplos: reco-reco, blá-blá-blá, zum-zum, tico-tico, tique-taque, cri-cri, glu-glu, rom-rom, pingue-pongue, zigue-zague, esconde-esconde, pega-pega, corre-corre.

3. Não se usa o hífen em compostos que apresentam elementos de ligação. Exemplos: pé de moleque, pé de vento, pai de todos, dia a dia, fim de semana, cor de vinho, ponto e vírgula, camisa de força, cara de pau, olho de sogra.
Incluem-se nesse caso os compostos de base oracional. 

Exemplos: maria vai com as outras, leva e traz, diz que diz que, deus me livre, deus nos acuda, cor de burro quando foge, bicho de sete cabeças, faz de conta.

* Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.

4. Usa-se o hífen nos compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo. 

Exemplos: gota-d'água, pé-d'água.

5. Usa-se o hífen nas palavras compostas derivadas de topônimos (nomes próprios de lugares), com ou sem elementos de ligação. 

Exemplos:
Belo Horizonte - belo-horizontino
Porto Alegre - porto-alegrense
Mato Grosso do Sul - mato-grossense-do-sul
Rio Grande do Norte - rio-grandense-do-norte
África do Sul - sul-africano

6. Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos, raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação. 

Exemplos: bem-te-vi, peixe-espada, peixe-do-paraíso, mico-leão-dourado, andorinha-da-serra, lebre-da-patagônia, erva-doce, ervilha-de-cheiro, pimenta-do-reino, peroba-do-campo, cravo-da-índia. 

Obs.: não se usa o hífen, quando os compostos que designam espécies botânicas e zoológicas são empregados fora de seu sentido original. Observe a diferença de sentido entre os pares:
a) bico-de-papagaio (espécie de planta ornamental) - bico de papagaio(deformação nas vértebras).
b) olho-de-boi (espécie de peixe) - olho de boi (espécie de selo postal).Uso do hífen com prefixos

As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos (anti, super, ultra, sub etc.) ou por elementos que podem funcionar como prefixos (aero, agro, auto, eletro, geo, hidro, macro, micro, mini, multi, neo etc.).

Casos gerais

1. Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h. 

Exemplos:
anti-higiênico
anti-histórico
macro-história
mini-hotel
proto-história
sobre-humano
super-homem
ultra-humano


2. Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra. 

Exemplos:
micro-ondas
anti-inflacionário
sub-bibliotecário
inter-regional


3. Não se usa o hífen se o prefixo terminar com letra diferente daquela com que se inicia a outra palavra. 

Exemplos:
autoescola
antiaéreo
intermunicipal
supersônico
superinteressante
agroindustrial
aeroespacial
semicírculo


* Se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começar por r ou s, dobram-se essas letras. 

Exemplos:
minissaia
antirracismo
ultrassom
semirreta 


Casos particulares

1. Com os prefixos sub e sob, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r. 

Exemplos:
sub-região
sub-reitor
sub-regional
sob-roda


2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal. 

Exemplos:
circum-murado
circum-navegação
pan-americano


3. Usa-se o hífen com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice. 

Exemplos:
além-mar
além-túmulo
aquém-mar
ex-aluno
ex-diretor
ex-hospedeiro
ex-prefeito
ex-presidente
pós-graduação
pré-história
pré-vestibular
pró-europeu
recém-casado
recém-nascido
sem-terra
vice-rei


4. O prefixo co junta-se com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o ou h. Neste último caso, corta-se o h. Se a palavra seguinte começar com rou s, dobram-se essas letras. 

Exemplos:
coobrigação
coedição
coeducar
cofundador
coabitação
coerdeiro
corréu
corresponsável
cosseno


5. Com os prefixos pre e re, não se usa o hífen, mesmo diante de palavras começadas por e. 

Exemplos:
preexistente
preelaborar
reescrever
reedição


6. Na formação de palavras com ab, ob e ad, usa-se o hífen diante de palavra começada por b, d ou r. 

Exemplos:
ad-digital
ad-renal
ob-rogar
ab-rogar


Outros casos do uso do hífen

1. Não se usa o hífen na formação de palavras com não e quase. Exemplos:
(acordo de) não agressão
(isto é um) quase delito


2. Com mal*, usa-se o hífen quando a palavra seguinte começar por vogal, h ou l. 

Exemplos:
mal-entendido
mal-estar
mal-humorado
mal-limpo 


* Quando mal significa doença, usa-se o hífen se não houver elemento de ligação. 

Exemplo: mal-francês. 

Se houver elemento de ligação, escreve-se sem o hífen. Exemplos: mal de lázaro, mal de sete dias.

3. Usa-se o hífen com sufixos de origem tupi-guarani que representam formas adjetivas, como açu, guaçu, mirim. 

Exemplos:
capim-açu
amoré-guaçu
anajá-mirim 


4. Usa-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. 

Exemplos:
ponte Rio-Niterói
eixo Rio-São Paulo


5. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte. 

Exemplos:

Na cidade, conta-se que ele foi viajar.
O diretor foi receber os ex-alunos.

fonte: Dicionário Michaelis online

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