sábado, 10 de maio de 2014

[ Discursivas CACD ] Economia 2013: Consenso de Washington e uma nova Liderança Compartilhada



Guia de Estudos CACD 2014

Prova de 2013 

Economia - Questão 1

Considere o seguinte texto de Paul Krugman, divulgado em 15/10/2010. 

"Os representantes do governo americano costumavam dar lições aos outros países a respeito dos problemas econômicos que estes enfrentavam, dizendo-lhes que precisam emular o modelo dos Estados Unidos. 

A crise financeira asiática do fim da década de 90, em particular, levou os satisfeitos americanos a distribuir muitas lições de moral. Assim, em 2000, o então secretário do Tesouro dos EUA, Lawrence Summers, declarou que as chaves para se evitar uma crise financeira eram "bancos adequadamente capitalizados e supervisionados, códigos de falência sólidos, governança corporativa efetiva e meios críveis de fazer cumprir os contratos". 

Por implicação, estas eram características que nós apresentávamos, mas que faltavam aos asiáticos. Na verdade, nós não correspondíamos a esta descrição. Os escândalos contábeis da Enron e da WorldCom derrubaram o mito da governança corporativa efetiva. 

Atualmente, a idéia de que nossos bancos eram adequadamente capitalizados e supervisionados soa como uma piada de péssimo gosto. E agora a bagunça das hipotecas está transformando em falácia a sugestão de que dispomos de meios críveis de fazer cumprir os contratos - na verdade, cabe perguntar se nossa economia está sujeita a algum tip de código de leis."

Considerando o texto apresentado, responda, de forma fundamentada, os seguintes questionamentos:

a) de que modo as crises financeiras da década de 1990 (México, Ásia, Rússia e Brasil) resultaram na revisão do "Consenso de Washington" e no surgimento de uma "liderança compartilhada" na governança da ordem econômica mundial ?

b) qual tem sido, desde então, a participação do Brasil nesse processo de revisão e de construção de uma nova liderança ?  

ALEXANDRE PIANA LEMOS

"As crises financeiras da década de 1990 derivaram, em grande parte, das medidas de flexibilização econômica, comercial e financeira pregadas pelo "Consenso de Washington". 

O caso asiático é emblemático a esse respeito.

Os mercados financeiros desregulamentados e os bancos fracamente supervisionados dos chamados "tigres asiáticos" levaram à formação de bolhas financeiras e imobiliárias, que, ao estourarem, deixaram patente a fragilidade sobre a qual se assentava o crescimento daqueles países à época. 

O Brasil também sofreu por seguir diretivas do "Consenso de Washington".

Em um regime de maior flexibilização da Conta Capital e Financeira (CKF), o sistema de bandas cambiais que vigorou no governo Fernando Henrique Cardoso até 1999 foi sendo desgastado por recorrentes ataques especulativos que acabaram levando ao esgotamento de nossas reservas internacionais (já que o Banco Central era obrigado a usá-las para intervir no mercado de câmbio), ao pedido de ajuda ao FMI e, finalmente, à adoção de nosso "tripé" de política econômica atual (câmbio flutuante, metas de inflação e meta de superávit primário). 

Essa crises dos anos 1990 fizeram aluir o mito dos mercados auto-reguláveis pregados por Washington. O Brasil, como exposto acima, reviu sua política econômica. A crise de 2008, por sua vez, mostrou que as fragilidades do modelo do "Consenso de Washington" afetavam até mesmo os Estados Unidos (EUA). 

Essa realidade mostrou a necessidade de mudança do paradigma vigente. Passou-se a pregar a urgência de maior supervisão governamental sobre os bancos e de maior controle sobre os capitais voláteis. As crises também moldaram a percepção de que era necessária "liderança compartilhada" na governança econômica mundial. 

Essa nova percepção derivou do fortalecimento dos países emergentes, que, a exemplo do Brasil, passaram a ostentar taxas de crescimento significativas, e o fizeram ao abandonar os mitos do "Consenso". 

Taxas de câmbio flutuante, grande volumes de reservas (houve a decisão política de acumulá-las) e o incentivo à demanda agregada com estabilidade fizeram do Brasil um exemplo de crescimento. 

A emergência econômica do brasil e dos BRICS levou à reformulação do sistema de governança econômico e financeiro, portanto. Brasil e EUA, lideraram processo mediante o qual o G-8 deu lugar ao G-20 financeiro (surgido justamente quando da crise asiática) como principal fórum de governança mundial, fórum no qual o Brasil exerce liderança. 

Além de liderar o processo de fortalecimento do G-20, o Brasil participou da capitalização do FMI (Fundo Monetário Internacional) e promoveu a redistribuição das quotas em favor dos emergentes, tanto no banco Mundial quanto no FMI (do qual o Brasil hoje é o décimo quotista). 

O Brasil contribuiu, assim, para que o peso dos países emergentes no G-20, FMI e BIRD refletisse sua crescente importância na ordem econômica global. 

Na última cúpula do G-20 (em Moscou), por exemplo, o Brasil defendeu, ademais, o fim das políticas monetárias expansionistas dos países desenvolvido, que prejudicam os emergentes (pelo impacto que tais medidas têm sobre o câmbio e a competitividade dos emergentes), medidas de estímulo à demanda agregada (especialmente na Europa), para estimular o emprego e o crescimento mundial, e a regulamentação dos mercados financeiros."

fonte: Guia de Estudos IRB para o CACD 2014     

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