sexta-feira, 9 de maio de 2014

[ Discursivas CACD ] Política Internacional 2012: Relações Brasil-China




























Guia de Estudos 2013

Prova 2012 - Política Internacional

Questão 3

Uma das principais características do atual cenário internacional reside no crescente peso relativo de países emergentes nas tremulações comerciais, financeiras e políticas internacionais. Tal tendência se refletiria, com particular intensidade, no exemplo da China, que deverá tornar-s a principal economia mundial (conforme critério de "Paridade de Poder de Compra") a curto prazo.

Discorra sobre as oportunidade e desafios da ascensão relativa da China, sob a perspectiva da pol;icica externa brasileira, nos planos comercial e financeiro. Indique, ainda, eventuais pontos de convergência e de divergência entre a China e o Brasil quanto à agenda ambiental multilateral (mudanças climáticas) e à reforma do Conselho de Segurança da ONU. 

John Monteiro Middleton 

"A ascensão chinesa observada ao longo das últimas décadas representa e suscita importantes oportunidades e desafios para a política externa brasileira. 

No que concerne às oportunidades, é importante que o Brasil perceba sob que aspectos pode haver convergência entre os pleitos de ambos os países no contexto de uma ordem internacional crescentemente multipolar, de modo que a diplomacia brasileira possa ver serem reforçadas, por esse ator essencial, muitas das suas reivindicações no plano externo. 

Como maior desafio, reside o fato de que a China se desloca cada vez mais para um eixo assimétrico de poder em relação ao Brasil, fato que pode reduzir a congruência entre a política externa e os interesses nacionais de cada um dos países, ao mesmo tempo em que compromete a posição negociadora do Brasil. 

Quanto à crescente assimetria supracitada, cabe salientar que ela decorre do fenômeno absolutamente sem precedentes na era industrial de crescimento de quase 10% a.a vivenciado pela China ao longo de três décadas. 

Nesse período, particularmente nas últimas duas décadas, o Brasil vivenciou avanços notáveis e atingiu estabilidade política e macroeconômica, além de ter implementado um programa de reformismo social muito bem sucedido, todavia, o fenômeno de crescimento chinês aumentou, e segue aumentando, a assimetria de recursos de poder à disposição de ambos os países. 

No âmbito comercial e financeiro, residem grandes desafios à relação bilateral, como a disputa e concorrência chinesa em terceiros mercados, notadamente África e América do Sul em relação a bens manufaturados que o Brasil tradicionalmente exportava para essas regiões. 

Outro problema é a predominância significativa de primários na pauta exportadora para a China (soja e minério), ao passo que o Brasil importa cada vez mais manufaturados, à medida que o parque industrial se moderniza e se torna cada vez mais competitivo. 

Cabe destacar, todavia, que é também nesse âmbito que residem mudas das sinergias entre os dois países. 

A China é o maior parceiro comercial do Brasil e a manutenção das suas importações e do superávit comercial do Brasil permitiriam que se atenuassem os efeitos da crise mundial contemporânea. 

No âmbito financeiro, a China compartilha o pleito brasileiro por uma reforma do arcabouço institucional dos organismos de Bretton Woods que democratize o processo decisório nesses foros, tendo prestado contribuição decisiva para o triunfo do compromisso assumido de reforma do BM e do FMI. 

No contexto do regime internacional de mudanças climáticas e reforma do CSNU, também existem convergências e diverg ências entre ambos os países. 

No âmbito da segurança, a China já afirmou que considera legítimas as aspirações do Brasil a um assento permanente, todavia, em matéria tão sensível é recorrente que prevaleçam abordagens absolutamente realistas, e é notório que não é do interesse chinês a presença de atores como a Índia e o Japão como membros permanentes, países que, juntamente com o Brasil e a Alemanha, compõem o G4, grupo de nações que aspiram à condição de membros permanentes. 

No que concerne à agenda relacionada ao regime de mudanças climáticas, a convergência prevalece, limitando-se as divergências a questões de fundo. 

A articulação bilateral em que ambos se comprometeram a doar fundos ao PNUMA e aos PMDRs no contexto da Rio+20 e o BASIC, são prova disso, além da defesa do princípio das responsabilidades comuns, porém, diferenciadas.

O contínuo deslocamento da China para um eixo de poder assimétrico em relação ao Brasil, à medida que Beijing se aproxima de Washington, na escala de poder mundial, significa que o Brasil deve investir em medidas que dotem sua política externa em relação a esse país de maior operacionalidade e racionalidade, de modo a atenuar eventuais prejuízos em sua posição negociadora e reforçar a capacidade de perceber eventuais oportunidades. 

Isso significa investir em quadros técnicos para atuarem na China, aumentar o conhecimento sobre o país e sua cultura diplomática e investir na infraestrutura e qualidade das representações brasileiras naquele país."  

fonte: Guia de Estudos IRB para o CACD 2011   

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