terça-feira, 6 de maio de 2014

As Relações Bilaterais Brasil-Alemanha























As relações bilaterais Brasil-Alemanha 

As relações diplomáticas entre Brasil e Alemanha começaram no século XIX, com os ministros residentes Julius Alexander de Saint Pierre (1871) e Graf Eberhard zu Solms-Sonnewalde (1872-1873). Nos anos seguintes o Brasil recebeu 16 enviados alemães e embaixadores.

Após a 2ª Guerra Mundial, as relações diplomáticas entre os dois países foram restabelecidas em julho de 1951, com a construção da sede da Embaixada da Alemanha em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Este ano (2011) comemora-se os 140 anos das relações diplomáticas bilaterais, que são ainda muito ativas tanto nos acordos quanto nas numerosas delegações que recentemente estiveram em ambos países.

Em 2008 o então presidente Lula e a chanceler alemã Angela Merkel assinaram o Plano de Ação da Parceria Estratégica Brasil-Alemanha onde ratificaram sua determinação de aprofundar a Parceria Estratégica, por meio da intensificação das relações bilaterais em todos os níveis nas área de Governança Global, Mudança do Clima e Diversidade Biológica, Desarmamento e Não-Proliferação, Defesa, Ciência, Tecnologia e Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Energia e Cooperação Econômica e Empresarial.

Estas relações estão intercaladas na parceria estratégica entre a União Européia e o Brasil.

Em maio de 2011, durante sua primeira visita ao Brasil, o então Presidente alemão Christian Wulff foi recebido pela Presidenta Dilma Roussef no Salão Nobre do Palácio do Planalto. Durante o encontro, ambos os presidentes expressaram plena concordância sobre a intensificação da cooperação e do diálogo político em alto nível principalmente nas áreas de inovação, cooperação científica, tecnológica e cultura. Dilma e Wulff também anunciaram oficialmente a realização da Temporada da Alemanha no Brasil, em 2013/2014.

Além de Wulff, outros representantes políticos estiveram no Brasil neste primeiro ano de mandato da Presidenta Dilma, entre eles o Ministro Federal dos Transportes, Construção e Assuntos Urbanos, Peter Ramsauer, e a Ministra da Educação e Pesquisa Annette Schavan.

A cooperação política bilateral é multiforme. Ela abrange também assuntos como direitos humanos, proteção ambiental, proteção dos povos indígenas, economia, energia, bem como assuntos trabalhistas e sociais.    

As relações entre a União Européia e o Brasil

A Alemanha é membro fundador da União Européia formalmente criada com o Tratado de Maastrich, que entrou em vigor em 1 de novembro de 1993, embora o Tratado de Roma assinado em 25 de março de 1957, já tenha constituído a Comunidade Econômica Européia.

Formado pela parceria econômica e política entre 27 países europeus e com uma população de 500 milhões de habitantes ePIB de quase 12,4 trilhões de euros, a UE é um extraordinário ator econômico e comercial a nível mundial, sendo o principal exportador e o segundo maior importador do mundo.

O seu comércio com o resto do mundo corresponde a cerca de 20% do volume mundial das exportações e importações. a UE é também o maior parceiro comercial do Brasil, com fluxo comerciais da ordem de 61,9 bilhões de euros, equivalentes a 21,3% da corrente de comércio brasileiro em 2010, e o maior investidor estrangeiro no País, com investimentos acumulados na ordem de 131,9 bilhões de euros, correspondentes a 49,2% dos investimentos estrangeiros registrados no país em 2010.

O Brasil se tornou parceiro estratégico da UE em 2007 e desde então as relações bilaterais se intensificaram. Do ponto de vista europeu, o Brasil é o seu principal parceiro econômico na América Latina, ocupando a décima posição entre os parceiros de negócios do bloco europeu e o nono entre os maiores mercados de vendas.

Além disso, as empresas européias desempenharam um papel fundamental para a industrialização do Brasil e são, ainda hoje, responsáveis pelos maiores investimentos no país, respondendo por mais da metade dos investimentos diretos europeus.

Plano de Ação da Parceria Estratégica Brasil-Alemanha
(Brasília, 14 de maio de 2008)

1. O Brasil e a Alemanha ratificam sua determinação de aprofundar a Parceria Estratégica, por meio da intensificação das relações bilaterais em todos os níveis e em suas variadas vertentes. Os dois países aprofundarão o diálogo político regular, que abrangerá também temas de mútuo interesse da agenda internacional.

ONU, Conselho de Segurança e TNP

2. Os dois países continuarão a cooperar a fim de fortalecer o papel insubstituível da Organização das Nações Unidas. Defendem a reforma das Nações Unidas, incluindo a do Conselho de Segurança.

Com esse objetivo concordam em:

a) dar continuidade à estreita cooperação em nível bilateral e no âmbito do G4, a fim de concretizar a expansão do Conselho de Segurança em ambas as categorias de membros permanente e não permanente, incluindo países em desenvolvimento em ambas;

b) reafirmar com ênfase o mútuo apoio a seus respectivos pleitos a um assento permanente em um Conselho de Segurança ampliado;

c) manter a cooperação entre o G-8 e o G-5, realçando a relevância do processo de Heiligendamm, no intuito de dialogar em busca de soluções para as questões centrais da economia mundial;

d) reforçar a dimensão social da globalização nos foros internacionais apropriados como, por exemplo, na Organização Internacional do Trabalho (OIT);

e) promover as iniciativas internacionais em prol de maior coerência das metas de desenvolvimento econômico e social.

3. O Brasil e a Alemanha partilham a convicção de que, em matéria de política de segurança, inclusive de desarmamento e não-proliferação, uma abordagem multilateral constitui a melhor forma para assegurar a paz e a ordem internacional. 

Com esse objetivo concordam em:

a) apelar a todos os Estados para que apóiem os processos de desarmamento e não-proliferação;

b) cooperar para o sucesso de uma revisão equilibrada do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e convidam a comunidade internacional a participar de modo construtivo nesse processo.

Direitos Humanos

4. Os dois países compartilham o princípio de que democracia, desenvolvimento e respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais são interdependentes e se reforçam mutuamente.

Com esse objetivo concordam em:

a) intensificar seu diálogo e apoiar mutuamente suas atividades em foros internacionais, como o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas;

b) dar especial atenção às questões trabalhistas, ao direito ao desenvolvimento e à proteção e à promoção do Direito Humano à Alimentação Adequada.

Prevenção e combate ao crime e ao terrorismo internacional

5. Ambos os países decidem fortalecer a cooperação no combate e prevenção ao crime transnacional e ao terrorismo nas áreas judicial e policial. 

Com esse objetivo concordam em:

a) concluir prontamente as negociações do Tratado de Cooperação em Matéria Jurídica e Penal, bem como do Acordo de Extradição e do Tratado de Transferência de Pessoas Condenadas.

OMC

6. Os dois países reafirmam seu total comprometimento com as negociações da Rodada de Doha, em consonância com o compromisso da Rodada de promover o desenvolvimento, e com sua conclusão bem-sucedida, ambiciosa e equilibrada. 

Com esse objetivo concordam em:

a) promover sua pronta conclusão.

Sistema Financeiro Internacional e o G-20

7. Ambos os países compartilham a convicção de que o sistema financeiro internacional deve contribuir para a manutenção de um ambiente que estimule o crescimento econômico, a criação de empregos, a diminuição da pobreza e o cumprimento das Metas de Desenvolvimento do Milênio. 

Com esse objetivo concordam em:

a) contribuir para o aumento da transparência e da estabilidade do setor financeiro internacional nos foros e instituições apropriados como o G-20 financeiro e o FMI, entre outros;

b) manter diálogo contínuo bilateral sobre a situação nos mercados financeiros.

Relações entre UE e América Latina e Caribe 

8. O Brasil e a Alemanha atribuem elevada prioridade aos encontros regulares entre os Chefes de Estado e de Governo da UE e da América Latina e Caribe. Ambos os países reconhecem também o significado estratégico das relações entre o Brasil e a UE. 

Com esse objetivo concordam em:

a) contribuir para que os resultados da Cúpula de Lima sirvam para estreitar as relações entre a América Latina e Caribe e a UE;

b) apoiar ativamente e imprimir novo impulso ao processo de negociação do acordo de associação inter-regional UE-Mercosul;

c) contribuir para a pronta conclusão do Plano de Ação da Parceria Estratégica Brasil-UE, assim como sua bem-sucedida implementação.

Comércio Bilateral Brasil-Alemanha

9. O Brasil e a Alemanha constatam o expressivo aumento das trocas comerciais bilaterais e dos investimentos e destacam a importância dos trabalhos do Encontro Econômico Brasil-Alemanha e da Comissão Mista de Cooperação Econômica. 

Com esse objetivo concordam em:

a) implementar as recomendações constantes das atas emanadas das Comissões Mistas;

b) estimular o aumento dos fluxos de cooperação, comércio e investimentos, com atenção especial às oportunidades oferecidas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC);

c) apoiar a maior participação das pequenas e médias empresas no intercâmbio econômico;

d) implementar os entendimentos firmados no setor de transporte aéreo, em novembro de 2007, com vistas à celebração de novo acordo bilateral sobre a matéria;

e) com base no Memorando de Entendimento existente entre os respectivos Ministérios de Trabalho, explorar as possibilidades de celebração de um Acordo sobre Seguridade Social;

f) apoiar iniciativas empresariais para maior responsabilidade social;

g) estimular entendimentos com vistas a retomar o diálogo sobre possibilidades de negociação de novo acordo para evitar a bitributação.

Cooperação Energética Brasil-Alemanha

10. Os dois países manifestam satisfação quanto à conclusão das negociações do abrangente Acordo bilateral na área de energia (“Acordo Bilateral sobre Cooperação em Matéria de Energia com foco em Energia Renovável e Eficiência Energética”). Ambos os países têm o objetivo comum de garantir um abastecimento energético seguro, econômico e sustentável. 

Com esse objetivo concordam em:

a) promover a eficiência energética e o uso crescente das energias renováveis;

b) promover a produção e o uso sustentável de biocombustíveis no plano internacional, nos três pilares de sustentabilidade: ambiental, econômico e social e dessa forma contribuir para o desenvolvimento de um mercado internacional de biocombustíveis;

c) estimular o desenvolvimento de projetos comuns no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Quioto.

Meio Ambiente

11. Ambos os países concordam que as ações para enfrentar a mudança do clima devem estar fundadas na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e em seu Protocolo de Quioto. Realçam a necessidade de uma cooperação ambiciosa e inovadora em âmbito global com base no princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas dos Estados e de suas capacidades, levando em consideração também a responsabilidade histórica. Com esse objetivo concordam em:

a) estreitar o diálogo e a cooperação sobre o regime internacional referente à mudança do clima no pós-2012;

b) estimular a criação de incentivos positivos para a redução das emissões derivadas do desmatamento;

c) privilegiar tecnologias limpas, bem como ações ligadas à adaptação aos efeitos da mudança do clima.

12. Os dois países estão determinados a incrementar sua cooperação para o desenvolvimento sustentável e a proteção do meio ambiente. Com esse objetivo concordam em:

a) promover o desenvolvimento sustentável com a plena incorporação dos Instrumentos Internacionais adotados por ambos os países;

b) cooperar para a conclusão exitosa da 9ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP) de Bonn e, em particular, estabelecer, antes da 10a COP, instrumento internacional sobre acesso e repartição dos benefícios auferidos do uso da biodiversidade, que também proteja o conhecimento tradicional associado;

c) continuar a estabelecer e a manter sistemas de áreas protegidas, amplas e representativas;

d) focar a cooperação em áreas prioritárias da proteção e do manejo de recursos naturais, das energias renováveis e eficiência energética;

e) cooperar em benefício de terceiros países;

f) cooperar na implementação do Programa brasileiro “Plano Amazônia Sustentável”;

g) elaborar avaliação das iniciativas no âmbito dos Mecanismos Financeiros Inovadores para o combate à fome e à pobreza e para a consecução das demais Metas de Desenvolvimento do Milênio;

h) dar prosseguimento à cooperação entre o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e seu equivalente alemão, o DPMA (“Deutches Patent und Markenamt”).

Patrimônio Cultural

13. Ambos os países reiteram o interesse de preservar e ampliar seu patrimônio cultural comum, em cujo contexto destacam a importância dos laços humanos entre os dois países decorrentes também da imigração alemã para o Brasil. Com esse objetivo concordam em:

a) trabalhar para ampliar o intercâmbio cultural bilateral com base no fortalecimento da presença cultural nos respectivos países por meio da promoção do ensino da língua alemã no Brasil e do idioma português na Alemanha, bem como do apoio à criação de leitorados e de cursos de brasilianística/germanística em cada país;

b) estimular a divulgação cultural recíproca, em diferentes áreas, por meio da participação da iniciativa privada;

c) estudar formas de evitar desvantagens fiscais para os agentes culturais das duas Partes;

d) intensificar o intercâmbio de estudantes e pós-graduados, assim como nas competências-chave e na formação profissional.

Ciência e Tecnologia

14. Ambos os países realçam a importância da Comissão Mista para cooperação na pesquisa científica e no desenvolvimento tecnológico, sobretudo nas seguintes áreas:
aeronáutica, espaço, meio ambiente, clima, energia, agricultura, saúde, capacitação tecnológica, tecnologias da informação e de comunicação e nanotecnologia, assim como transferência de tecnologia. Com esse objetivo concordam em:

a) colocar em prática as recomendações da Comissão Mista;

b) dar continuidade à cooperação em curso no setor de aeronáutica;

c) incentivar a inovação tecnológica em cadeias produtivas;

d) aplicar o progresso científico em prol do desenvolvimento sustentável e dar continuidade a projetos comuns destinados à preservação do meio ambiente como, por exemplo, o Programa Mata Atlântica, e implementar novos projetos nas zonas semi-áridas, e o Programa Brasileiro de Plantas Medicinais e Fitoterápicas;

e) reforçar a cooperação nos usos pacíficos do espaço exterior em benefício da agricultura, prevenção de desastres naturais, proteção ambiental e gerenciamento de recursos naturais.

Sociedade Civil

15. Ambos os países saúdam o diálogo entre as Sociedades Civis da Alemanha e do Brasil. Concordam em: convidar as fundações políticas, associações binacionais e outras entidades civis para ativar esse diálogo.

  


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