quarta-feira, 14 de maio de 2014

[ Aula Resumo ] Política Internacional: Política Externa dos EUA (1989 a 2012)


Um dos aspectos mais interessantes da democracia é a alternância de poder. 

Um novo presidente, representando um novo grupo e novas ideias no poder, gera expectativas de mudanças na condução das políticas públicas e nos rumos da nação. 

Essas expectativas aumentam muito quando esta alteração de poder ocorre na maior nação do mundo - como no caso dos Estados Unidos da América (EUA). 

As expectativas ultrapassam as barreiras nacionais e todo o cenário internacional pode ser afetado. 
   
O panorama político nas últimas décadas nos EUA foram de alternância de poder entre presidentes republicanos e democráticos. Consequentemente, houve também alternância na condução da política externa norte-americana.

O governo do republicano Ronald Reagan (1981 a 1988) foi um governo bastante conservador, com políticas econômicas diretamente ligadas ao Neoliberalismo e com política exterior marcada pelo recrudescimento das hostilidades contra a então União Soviética (URSS). 

Com a chegada de Gorbachev ao poder na URSS em 1985, houve um início de distensão entre os EUA e a URSS, distensão consolidada com a queda do muro em 1989 e, um pouco mais tarde, com o fim do próprio regime comunista soviético. 

Em 1988, Reagan consegue eleger George Bush como seu sucessor.

O governo de George Bush (1989 a 1992) foi marcado inicialmente pelo fim da Guerra Fria e pelas mudanças em andamento na URSS. A política externa de Bush foi considerada de passividade ante os acontecimentos e de pouca mobilização internacional. 

Com a invasão do Kwait pelo Iraque de Saddam Hussein, em 1990, os EUA retomam posição mais ativa no cenário internacional, liderando a operação Tempestade do Deserto e conquistando rápida vitória. 

No entanto, setores mais conservadores entendem que a postura internacional de Bush é fraca e desejam que os EUA aproveitem o momento de hegemonia para aprofundar ainda mais a liderança internacional. 

Com as pressões internas na própria base e com uma grave crise econômica interna, Bush não consegue se reeleger, sendo derrotado em 1992 pelo democrata Bill Clinton. 

Clinton (1993 a 2000) se depara com um mundo em crise, com a guerra na Iugoslávia, as crises na Somália e no Haiti. 

A política externa de Clinton é marcada pela defesa de um maior engajamento com o chamado "Internacionalismo Multilateral", preconizando a divisão dos custos e compromissos da liderança internacional. 

É priorizada uma agenda humanitária, cooperação internacional e apoio à implantação de democracias e de livre mercado internacional . 

Clinton aumenta sua popularidade com ações externas e com a recuperação da economia interna, conquistando sua reeleição em 1996. 

No entanto, crescem as pressões dos setores mais conservadores que defendem o uso da força para a mudança de regimes considerados "bandidos" ou "falidos" e cobram liderança mais efetiva dos EUA no mundo. 

Clinton não consegue eleger seu sucessor em 2000, quando o candidato democrata Al Gore perde em eleições conturbadas para George W. Bush. 

Apoiado pelos setores mais conservadores, já no início de seu primeiro mandato (2001 a 2004) Bush retoma posição unilateral e adota postura de que "o caminho para a paz e a segurança é a ação" (Doutrina Bush). 

Com o atentado de 11 de setembro de 2001, Bush consegue legitimidade para ações de força e inicia a chamada "Guerra ao Terror".  São conduzidas ações de guerra no Iraque e no Afeganistão e no plano interno são adotadas medidas conservadoras. 

Apesar das crises internas e externas, Bush consegue sua reeleição em 2004 - principalmente pela fragilidade do candidato democrata, John Kerry. 

O segundo mandato de Bush (2005 a 2008) é marcado por sucessivas crises econômicas culminando com a crise de 2008. 

No âmbito externo, um crescente movimento de antiamericanismo somados ao declínio da influência e hegemonia internacional dos EUA e à ascensão de novos pólos  de poder emergentes como a China e a retomada da Rússia como potência, enfraquecem a aceitação do governo republicano. 

Em 2008, o democrata Barak Obama é eleito. 

As expectativas depositadas em Obama são enormes. O mundo passa por grave crise econômica. Os EUA gradativamente perdem seu poder de cooptação internacional e vê surgirem novas lideranças e novos blocos de poder.   

Ações diplomáticas do governo Obama procuram reforçar diferenças com o governo anterior. É retomado o Multilateralismo destacando uma chamada política de "Poder Inteligente" com reaproximação com o mundo islâmico, com países emergentes, agenda humanitária e respeito às diferenças. 

No entanto, mais uma vez as forças Neoconservadoras internas exercem pressões sobre o governo. Republicanos ameaçam sustentabilidade do governo e aprovação do orçamento. 

Apesar das dificuldades e pressões internas, Obama consegue ser reeleito em 2012. 

O mundo atual é muito mais complexo do que há 25 anos atrás, com novas alternativas e combinações de relacionamento internacional. 

A atual crise na Ukrânia e as novas tensões com a Rússia fazem renascer o espectro da Guerra Fria, e são ingredientes à mais no xadrez da política internacional. 

Veja a seguir, em mais uma Aula Resumo de Política Internacional, mais informações sobre os governos norte-americanos destes últimos 25 anos. 

Como sempre, são apresentados bullets sobre os principais temas, para referência rápida como revisão e guia de estudos. 




Fontes:  Manual do Candidato (FUNAG) Política Internacional - 2012 
             2 Guias de estudos IRB  
             3 Eric Hobsbawn - Era dos Extremos
  
             4 Henry Kissinger - Diplomacy       

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