Guia de Estudos IRB - CACD 2014
Prova 2013 HISTÓRIA DO BRASIL - Questão 3
Disserte acerca da relevância do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb) no que tange ao
pensamento político e social brasileiro, bem como suas repercussões para os conceitos de política
externa brasileira.
TAINÃ LEITE NOVAES
"O pensamento social progressista brasileiro da segunda metade do século XX teve no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) um dos seus principais centros.
Ali, surgiram concepções de política econômica nacional-desenvolvimentista e de política externa autônoma que seriam basilares na condução dos governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart, e, embora de forma não explícita, permeariam, inclusive, a condução dos governos militares, notadamente durante a presidência de Ernesto Geisel.
As formulações isebianas são, conforme mencionado, flagrantes no nacional- desenvolvimentismo econômico do segundo governo Vargas, por exemplo, bem como no projeto das Reformas de Base do governo João Goulart.
Em política externa, o auge das ideias isebianas encontra-se na Política Externa Independente (PEI), que Brito Cruz classifica como “quase-neutralista”.
Na PEI, é óbvia a desideologização da política externa brasileira e sua busca por novos horizontes, para além de fronteiras físicas e ideológicas.
Nesse ponto, vale ressaltar que, apesar de bastante identificadas com ideias de esquerda, as formulações isebianas tiveram reflexos até mesmo nas políticas econômica e externa do regime militar, o que pode ser verificado no II PND e no Pragmatismo Responsável e Ecumênico de Geisel e Azeredo da Silveira.
Percebe-se, nesse sentido, que o pensamento isebiano é basilar do pensamento social progressista brasileiro, tendo influências até os dias atuais, quando se percebe, a partir do governo Lula, a retomada de ideias nacional-desenvolvimentistas no plano econômico e de uma política externa que galga sua autonomia na diversificação – de parceiros e de prioridades."
fonte: Guia de Estudo IRB para o CACD 2014
"O pensamento social progressista brasileiro da segunda metade do século XX teve no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) um dos seus principais centros.
Ali, surgiram concepções de política econômica nacional-desenvolvimentista e de política externa autônoma que seriam basilares na condução dos governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart, e, embora de forma não explícita, permeariam, inclusive, a condução dos governos militares, notadamente durante a presidência de Ernesto Geisel.
Durante a década de 1950, o pensamento social brasileiro era bastante polarizado
entre aqueles que se convencionou chamar "nacionalistas" e "entreguistas".
Os primeiros defendiam um Estado mais atuante no plano econômico como meio de viabilizar o desenvolvimento nacional por meio, principalmente, da industrialização: sendo o Brasil uma nação dependente, assolada pelo fenômeno da deterioração dos termos de troca, seu desenvolvimento pleno só poderia advir da superação de sua condição primário- exportadora, o que apenas poderia ser feito por meio de ação estatal que canalizasse os escassos recursos para os setores prioritários, no caso, os industriais.
Era esse, em linhas gerais, o pensamento de política econômica dos intelectuais que compunham o ISEB, aos quais se contrapunham os mencionados "entreguistas" – muitos dos quais concentrados nos organismos-anitítese do ISEB, o IPES e o IBAD.
Para estes, a política econômica deveria seguir os cânones liberais da não-intervenção estatal na economia, do absoluto rigor fiscal e da extrema ortodoxia monetária.
No que concerne ao pensamento brasileiro de política externa no período, a polaridade se repetia. Nesse campo, aos "entreguistas" chamava-se "americanistas", pois estes defendiam um alinhamento à potência hemisférica, com argumentos que iam desde o pertencimento comum à civilização cristã-ocidental – em contraposição ao materialismo soviético – até aspectos de complementariedade econômica e "guarda-chuva" nuclear.
Para os americanistas, o alinhamento aos EUA seria a forma menos onerosa de dependência para uma potência de segunda classe como o Brasil.
Os intelectuais do ISEB, por sua vez, pensavam de forma diametralmente oposta. Muitos deles, como Hélio Jaguaribe, por exemplo, defendiam uma política externa neutralista. Para eles, o grande embate internacional em que o Brasil estava inserido não era o Leste-Oeste, mas o Norte-Sul.
Nesse sentido, o Brasil deveria articular-se com as emergentes nações afro-asiáticas que compartilhavam consigo a saga pelo desenvolvimento socioeconômico. A política externa brasileira, portanto, deveria ser universalista, desideologizada e pragmática, tendo sempre como norte o desenvolvimento nacional.
Os primeiros defendiam um Estado mais atuante no plano econômico como meio de viabilizar o desenvolvimento nacional por meio, principalmente, da industrialização: sendo o Brasil uma nação dependente, assolada pelo fenômeno da deterioração dos termos de troca, seu desenvolvimento pleno só poderia advir da superação de sua condição primário- exportadora, o que apenas poderia ser feito por meio de ação estatal que canalizasse os escassos recursos para os setores prioritários, no caso, os industriais.
Era esse, em linhas gerais, o pensamento de política econômica dos intelectuais que compunham o ISEB, aos quais se contrapunham os mencionados "entreguistas" – muitos dos quais concentrados nos organismos-anitítese do ISEB, o IPES e o IBAD.
Para estes, a política econômica deveria seguir os cânones liberais da não-intervenção estatal na economia, do absoluto rigor fiscal e da extrema ortodoxia monetária.
No que concerne ao pensamento brasileiro de política externa no período, a polaridade se repetia. Nesse campo, aos "entreguistas" chamava-se "americanistas", pois estes defendiam um alinhamento à potência hemisférica, com argumentos que iam desde o pertencimento comum à civilização cristã-ocidental – em contraposição ao materialismo soviético – até aspectos de complementariedade econômica e "guarda-chuva" nuclear.
Para os americanistas, o alinhamento aos EUA seria a forma menos onerosa de dependência para uma potência de segunda classe como o Brasil.
Os intelectuais do ISEB, por sua vez, pensavam de forma diametralmente oposta. Muitos deles, como Hélio Jaguaribe, por exemplo, defendiam uma política externa neutralista. Para eles, o grande embate internacional em que o Brasil estava inserido não era o Leste-Oeste, mas o Norte-Sul.
Nesse sentido, o Brasil deveria articular-se com as emergentes nações afro-asiáticas que compartilhavam consigo a saga pelo desenvolvimento socioeconômico. A política externa brasileira, portanto, deveria ser universalista, desideologizada e pragmática, tendo sempre como norte o desenvolvimento nacional.
As formulações isebianas são, conforme mencionado, flagrantes no nacional- desenvolvimentismo econômico do segundo governo Vargas, por exemplo, bem como no projeto das Reformas de Base do governo João Goulart.
Em política externa, o auge das ideias isebianas encontra-se na Política Externa Independente (PEI), que Brito Cruz classifica como “quase-neutralista”.
Na PEI, é óbvia a desideologização da política externa brasileira e sua busca por novos horizontes, para além de fronteiras físicas e ideológicas.
Nesse ponto, vale ressaltar que, apesar de bastante identificadas com ideias de esquerda, as formulações isebianas tiveram reflexos até mesmo nas políticas econômica e externa do regime militar, o que pode ser verificado no II PND e no Pragmatismo Responsável e Ecumênico de Geisel e Azeredo da Silveira.
Percebe-se, nesse sentido, que o pensamento isebiano é basilar do pensamento social progressista brasileiro, tendo influências até os dias atuais, quando se percebe, a partir do governo Lula, a retomada de ideias nacional-desenvolvimentistas no plano econômico e de uma política externa que galga sua autonomia na diversificação – de parceiros e de prioridades."
fonte: Guia de Estudo IRB para o CACD 2014
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