Deixo claro que sempre que for reproduzida matéria jornalística com algum cunho opinativo, esta opinião não será necessariamente corroborada por este blog.
O objetivo é ser feito registro histórico em sua relevância, como é o caso desta matéria.
Boa leitura !
Ucrânia cairá no colo do Brasil
(em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/2014/04/1438488-ucrania-caira-no-colo-do-brasil.shtml)
Em recente reunião de acadêmicos dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), um dos representantes russos defendeu a provocativa ideia de realizar em Ialta a cúpula do grupo em 2015, que será na Rússia.
Ialta, como se sabe, fica na Crimeia, que é o epicentro da mais grave crise entre o Ocidente e a Rússia desde o fim da Guerra Fria.
Para levar o caráter provocativo mais além, Ialta foi também o cenário para uma conferência entre a então União Soviética, os EUA e a Grã-Bretanha, na qual se decidiu, em 1945, a divisão do mundo em zonas de influência entre Ocidente e URSS.
A proposta do russo, agora, poderia ser lida como uma tentativa de reproduzir o esquema de 1945, com os Brics funcionando como contraponto ao Ocidente.
Não se sabe se o governo russo encampará a proposta do acadêmico e a apresentará na cúpula deste ano, em julho, em Fortaleza.
De todo modo, o episódio demonstra, claramente, que a crise na Ucrânia acabará por pousar na cúpula de Fortaleza, gostem ou não os anfitriões brasileiros.
Por isso mesmo, a diplomacia brasileira está fazendo malabarismos ao iniciar os contatos finais para a realização da cúpula, o que implica definir mais nitidamente a agenda. O Itamaraty não quer desagradar Vladimir Putin, mas tampouco quer que ele use a plataforma Brics como aval para a anexação da Crimeia ou, pior ainda, para novas aventuras na Ucrânia.
Por isso mesmo, o governo brasileiro está sendo extremamente pusilânime no tratamento da crise ucraniana. Soltou uma nota absurdamente anódina a respeito e, na ONU, se absteve na votação de moção que condenava a anexação da Crimeia. Ou seja, foi incapaz de decidir se a anexação é legítima ou se contraria a legislação internacional.
Os outros Brics também se abstiveram, exceto, é claro, a própria Rússia que votou contra.
Putin interpretou, corretamente, a abstenção como favorável à Rússia. Teria sido terrível se parceiros em um bloco como os Brics seguissem a maioria da Assembleia-Geral da ONU e votassem contra a anexação, acompanhando o Ocidente.
É razoável imaginar que Putin aproveitará a cúpula de Fortaleza para tentar obter algum tipo de apoio mais explícito.
Para o Brasil, é uma complicação. A diplomacia brasileira está consciente de que os Brics são um grupo sem o mais leve traço de institucionalização. Nenhum de seus integrantes consulta o outro para definir posições a respeito do que quer que seja –exceto, como é óbvio, quando se trata de decisões internas ao bloco.
A propósito: é bem possível que a cúpula de Fortaleza marque o nascimento do banco de desenvolvimento dos Brics, em gestação há vários anos.
É o máximo de coordenação a que pode chegar o grupo, que já não brilha como nos seus primórdios. Ainda mais agora que a Rússia não é vista como boa companhia em razão das dificuldades econômicas agravadas pela crise na Ucrânia. Quem gosta de ser parceiro de um país que perdeu US$ 150 bilhões a partir da crise?
De todo modo, o episódio demonstra, claramente, que a crise na Ucrânia acabará por pousar na cúpula de Fortaleza, gostem ou não os anfitriões brasileiros.
Por isso mesmo, a diplomacia brasileira está fazendo malabarismos ao iniciar os contatos finais para a realização da cúpula, o que implica definir mais nitidamente a agenda. O Itamaraty não quer desagradar Vladimir Putin, mas tampouco quer que ele use a plataforma Brics como aval para a anexação da Crimeia ou, pior ainda, para novas aventuras na Ucrânia.
Por isso mesmo, o governo brasileiro está sendo extremamente pusilânime no tratamento da crise ucraniana. Soltou uma nota absurdamente anódina a respeito e, na ONU, se absteve na votação de moção que condenava a anexação da Crimeia. Ou seja, foi incapaz de decidir se a anexação é legítima ou se contraria a legislação internacional.
Os outros Brics também se abstiveram, exceto, é claro, a própria Rússia que votou contra.
Putin interpretou, corretamente, a abstenção como favorável à Rússia. Teria sido terrível se parceiros em um bloco como os Brics seguissem a maioria da Assembleia-Geral da ONU e votassem contra a anexação, acompanhando o Ocidente.
É razoável imaginar que Putin aproveitará a cúpula de Fortaleza para tentar obter algum tipo de apoio mais explícito.
Para o Brasil, é uma complicação. A diplomacia brasileira está consciente de que os Brics são um grupo sem o mais leve traço de institucionalização. Nenhum de seus integrantes consulta o outro para definir posições a respeito do que quer que seja –exceto, como é óbvio, quando se trata de decisões internas ao bloco.
A propósito: é bem possível que a cúpula de Fortaleza marque o nascimento do banco de desenvolvimento dos Brics, em gestação há vários anos.
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