Com a crise na Europa, a China voltou boa parte de suas atenções para a América Latina.
Em 2012 durante conferência com o Mercosul na Argentina, o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao propôs a criação de uma área de livre comércio entre a China e o Mercosul.
Participaram desta conferência também a presidente brasileira, Dilma Rousseff, e o uruguaio José Mujica, além da presidente argentina, Cristina Kirchner. A única ausência foi o Paraguai, que vivia um conturbado processo de sucessão presidencial.
Este anúncio dividiu as opiniões de diplomatas do Brasil e da Argentina.
Naquele momento, a idéia de um tratado de livre comércio entre Mercosul e China foi entusiasticamente defendido pela Argentina, mas foi visto com preocupação por Brasília em vista da ameaçam constante que produtos chineses representam para a indústria brasileira.
Kevin Gallagher - especialista em relações China-América Latina da Universidade de Boston comentou que "todos os países latino-americanos podem se beneficiar de um acesso privilegiado ao mercado chinês, que consome 72% da soja argentina e 50% do aço brasileiro, mas o potencial de impacto de um aumento das importações chinesas divide a região."
A presidente Dilma defendeu, na época, que o estreitamento dos laços comerciais com a China poderia ajudar a evitar um contágio maior da crise global nos países emergentes. No entanto, para Kallagher, a declaração da presidente do Brasil foi essencialmente política.
Apesar das declarações favoráveis, o caminho para o estabelecimento de uma zona de livre comércio entre China e Mercosul apresenta muitos obstáculos.
As dificuldades decorrem de vários fatores, iniciando pelas próprias políticas protecionistas do Brasil e da Argentina. Além disso, o Mercosul proibiu o Uruguai de fechar acordos de livre comércio individualmente com outros países.
Outro fator que torna as negociações complexas com o bloco, é a posição do Paraguai que se recusa a reconhecer diplomaticamente a República Popular da China, ao mesmo tempo que reconhece Taiwan.
Após 2 anos de negociações, o avanço comercial da China sobre os países do Mercosul continuou em ritmo forte.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior brasileiro (MDIC) as relações comerciais entre o Brasil e a China totalizaram US$ 83,3 bilhões em 2013, refletindo um aumento de 10% em relação ao acumulado em 2012.
As exportações brasileiras somaram US$ 46 bilhões, apresentando acréscimo de 12%, enquanto as importações totalizaram US$ 37,3 %, refletindo um aumento de 9% em comparação a 2012.
As exportações brasileiras para China em 2013 foram constituídas principalmente de soja (37%), ferro e derivados (35%), e de petróleo e derivados (9%).
Já as importações foram constituídas principalmente por equipamentos elétricos (29,1%), equipamentos mecânicos (21,8%) e produtos químicos (9%).
As relações da China com a Argentina também tiveram forte aceleração, mas apresentaram como efeito colateral a diminuição do comércio entre Brasil e Argentina.
O site da folha ilustrada publicou hoje (19/04/2014) uma matéria que demonstra o impacto para o Brasil do o aumento das relações comerciais entre a China e a Argentina.
Leia o post completo com a matéria China abocanha fatia do Brasil nas importações da Argentina aqui no Missão Diplomática.
No jogo de xadrez do comércio internacional parece que o dragão Chinês está prosperando tanto no Brasil quanto na Argentina, mesmo sem a implementação do acordo de livre comércio proposto em 2012.
dados do comércio entre Brasil e China: Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC)
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