terça-feira, 29 de abril de 2014

A Guerra Cisplatina e a independência do Uruguai





























Gravura de Debret mostrando o embarque, na Praia Grande, das tropas que participaram do combate na cidade de Montevidéu

A Guerra da Cisplatina foi um conflito ocorrido entre o Império do Brasil e as províncias Unidas do Rio da Prata, entre 1825 e 1828, pela posse da Província Cisplatina - região que corresponde ao atual Uruguai (República Oriental do Uruguai). 

Além de formar o atual Uruguai e alterar o mapa brasileiro, este conflito foi um dos fatores motivadores da abdicação de D.Pedro I em 1831. 

Antecedentes


A Colônia do Sacramento, na atual região do Uruguai, foi fundada por Portugal em 1680, porém acabou passando a ser de domínio espanhol após o Tratado de Madri (1750). 

Portugal e Espanha sistematicamente disputaram a região do Rio da Prata - considerada altamente estratégica pelo acesso ao oceano atlântico - e o Tratado de Madri foi um dos resultados dessa disputa. Entre 1750 e 1777 a Colônia do Sacramento permaneceu sob disputa entre Portugal e Espanha. Em 1777 as bases do Tratado de Madrid foram restabelecidas e a Colônia do Sacramento voltou ao domínio da Espanha.  

A região do Rio da Prata tinha do lado ocidental a região de Buenos Aires e pelo lado oriental a Colônia do Sacramento. Mais à frente o povoado de Montevidéu. 

Em 1806, o exército britânico tentou tomar Buenos Aires e Montevidéu. A ocupação no lado ocidental não foi bem sucedida, no entanto Montevidéu foi ocupada pelos britânicos fevereiro de 1807. Após 7 meses de lutas, em setembro do mesmo ano os espanhóis conseguiram retomar a cidade. 

Independência da Espanha e invasão de Portugal

Enquanto isso, em 1808 a corte de Portugal instalava-se no Brasil fugindo das guerras napoleônicas. 

D. João VI nutria planos de retomar a região do Prata, motivado principalmente por dois fatores: 

Em primeiro lugar, sua esposa, a rainha Carlota Joaquina, era irmã do rei espanhol Fernando VII e D.João VI  entendia ser seu direito assumir o controle da região.

Em segundo lugar, e talvez mais importante, a Espanha estava dominada pelo exército de Napoleão e D. João VI temia que o território se transformasse na porta de entrada das forças francesas na América do Sul. 

Em 1811 José Artigas iniciou uma revolução na região buscando a independência das Províncias do Rio da Prata da Espanha. 

A revolta foi bem sucedida e em 1813 o governo de Buenos Aires convocou uma Assembléia Constituinte para unificar toda a região, com poder centralizado em Buenos Aires. 

Artigas foi contra a centralização de Buenos Aires e desejava formar uma federação com autonomia para a chamada Banda Oriental do Rio da Prata. 

Não houve acordo e o grupo de Artigas tomou Montevidéu em 1815. As tropas de Buenos Aires se retiraram da região e Artigas formou o governo autônomo da Banda Oriental. 
       
Aproveitando a instabilidade local, em 1816 D.João VI envia uma grande tropa portuguesa, invade e toma Montevidéu. Após 4 anos de lutas, o Brasil anexa a Banda Oriental que passa a ser chamada de Província Cisplatina. 

O Reino Unido do Brasil se torna independente de Portugal em 1822, tendo a Cisplatina como uma parte de seu território. 

No entanto, a situação não havia sido definitivamente aceita na região pela população cisplatina. 

A Guerra Cisplatina e a independência do Uruguai

Logo após a independência do Brasil, o governo de D.Pedro I se defronta com revoltas e luta pela manutenção da unidade do Brasil. 

Aproveitando o momento de instabilidade interna no Brasil, um grupo local da região Cisplatina, chamado Os 33 Orientais, inicia uma nova revolta e declara a independência da Banda Oriental, com apoio das Províncias Unidas do Reino da Prata (atual Argentina). 

O governo centralizado de D.Pedro não consegue debelar a revolta, e após 500 dias de luta sem que nenhum dos lados conseguisse vencer o conflito, a Inglaterra entra como mediadora e ajuda a negociar um acordo entre as partes.

Em 1828 é assinado o Tratado de Montevidéu, dando origem à República Oriental do Uruguai, como nova nação independente do Reino brasileiro.  

Com o tratado, a Inglaterra alcança as condições especiais que desejava para o comércio na região do Prata, desta vez sem ter que participar de uma guerra. 

A Guerra da Cisplatina foi impopular no Brasil desde o início, pois significou aumento de impostos para muitos brasileiros para o financiamento do conflito. Este ônus para a população já havia ocorrido recentemente com a revolução republicana em Pernambuco em 1824 (Confederação do Equador). 

A perda da Província Cisplatina foi motivo adicional para o crescimento da insatisfação popular brasileira com o governo e veio a se tornar um dos principais fatores para abdicação de D.Pedro I em 1831. 





    

fontes: História do Brasil (Bóris Fausto), Manual do candidato ao CACD, aulalivre.net  
           

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