Gravura de Debret mostrando o embarque, na Praia Grande, das tropas que participaram do combate na cidade de Montevidéu
A Guerra da Cisplatina foi um conflito ocorrido entre o Império do Brasil e as províncias Unidas do Rio da Prata, entre 1825 e 1828, pela posse da Província Cisplatina - região que corresponde ao atual Uruguai (República Oriental do Uruguai).
Além de formar o atual Uruguai e alterar o mapa brasileiro, este conflito foi um dos fatores motivadores da abdicação de D.Pedro I em 1831.
Antecedentes
A Colônia do Sacramento, na atual região do Uruguai, foi fundada por Portugal em 1680, porém acabou passando a ser de domínio espanhol após o Tratado de Madri (1750).
Portugal e Espanha sistematicamente disputaram a região do Rio da Prata - considerada altamente estratégica pelo acesso ao oceano atlântico - e o Tratado de Madri foi um dos resultados dessa disputa. Entre 1750 e 1777 a Colônia do Sacramento permaneceu sob disputa entre Portugal e Espanha. Em 1777 as bases do Tratado de Madrid foram restabelecidas e a Colônia do Sacramento voltou ao domínio da Espanha.
A região do Rio da Prata tinha do lado ocidental a região de Buenos Aires e pelo lado oriental a Colônia do Sacramento. Mais à frente o povoado de Montevidéu.
Em 1806, o exército britânico tentou tomar Buenos Aires e Montevidéu. A ocupação no lado ocidental não foi bem sucedida, no entanto Montevidéu foi ocupada pelos britânicos fevereiro de 1807. Após 7 meses de lutas, em setembro do mesmo ano os espanhóis conseguiram retomar a cidade.
Em 1811 José Artigas iniciou uma revolução na região buscando a independência das Províncias do Rio da Prata da Espanha.
A revolta foi bem sucedida e em 1813 o governo de Buenos Aires convocou uma Assembléia Constituinte para unificar toda a região, com poder centralizado em Buenos Aires.
Artigas foi contra a centralização de Buenos Aires e desejava formar uma federação com autonomia para a chamada Banda Oriental do Rio da Prata.
Não houve acordo e o grupo de Artigas tomou Montevidéu em 1815. As tropas de Buenos Aires se retiraram da região e Artigas formou o governo autônomo da Banda Oriental.
Aproveitando a instabilidade local, em 1816 D.João VI envia uma grande tropa portuguesa, invade e toma Montevidéu. Após 4 anos de lutas, o Brasil anexa a Banda Oriental que passa a ser chamada de Província Cisplatina.
O Reino Unido do Brasil se torna independente de Portugal em 1822, tendo a Cisplatina como uma parte de seu território.
No entanto, a situação não havia sido definitivamente aceita na região pela população cisplatina.
A Guerra Cisplatina e a independência do Uruguai
Logo após a independência do Brasil, o governo de D.Pedro I se defronta com revoltas e luta pela manutenção da unidade do Brasil.
Aproveitando o momento de instabilidade interna no Brasil, um grupo local da região Cisplatina, chamado Os 33 Orientais, inicia uma nova revolta e declara a independência da Banda Oriental, com apoio das Províncias Unidas do Reino da Prata (atual Argentina).
O governo centralizado de D.Pedro não consegue debelar a revolta, e após 500 dias de luta sem que nenhum dos lados conseguisse vencer o conflito, a Inglaterra entra como mediadora e ajuda a negociar um acordo entre as partes.
Em 1828 é assinado o Tratado de Montevidéu, dando origem à República Oriental do Uruguai, como nova nação independente do Reino brasileiro.
Com o tratado, a Inglaterra alcança as condições especiais que desejava para o comércio na região do Prata, desta vez sem ter que participar de uma guerra.
A Guerra da Cisplatina foi impopular no Brasil desde o início, pois significou aumento de impostos para muitos brasileiros para o financiamento do conflito. Este ônus para a população já havia ocorrido recentemente com a revolução republicana em Pernambuco em 1824 (Confederação do Equador).
A perda da Província Cisplatina foi motivo adicional para o crescimento da insatisfação popular brasileira com o governo e veio a se tornar um dos principais fatores para abdicação de D.Pedro I em 1831.
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