A Liga das Nações surgiu em consequência dos horrores da Primeira Guerra Mundial e foi a primeira tentativa de consolidar uma organização universal para a paz.
Acreditava-se que futuros conflitos só poderiam ser impedidos se fosse criada uma instituição internacional permanente, encarregada de negociar e garantir a paz.
O principal precursor da ideia foi o presidente norte-americano Woodrow Wilson (1856–1924).
Proposta do presidente dos EUA
Em janeiro de 1918, Wilson apresentou uma proposta de paz revolucionária, contida em 14 pontos:
1 exigência da eliminação da diplomacia secreta em favor de acordos públicos;
2 liberdade nos mares;
3 abolição das barreiras econômicas entre os países;
4 redução dos armamentos nacionais;
5 redefinição da política colonialista, levando em consideração o interesse dos povos colonizados;
6 retirada dos exércitos de ocupação da Rússia.
7 restauração da independência da Bélgica;
8 restituição da Alsácia e Lorena à França;
9 reformulação das fronteiras italianas;
10 reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo dos povos da Áustria-Hungria;
11 restauração da Romênia, da Sérvia e de Montenegro, assim como o direito de acesso ao mar para a Sérvia;
12 reconhecimento da autonomia da Turquia a abertura permanente dos estreitos entre o Mar Negro e Mediterrâneo;
13 independência da Polônia;
14 criação da Liga das Nações (League of Nations).
Após complicadas negociações, sobretudo com a França, que exigia da Alemanha reparações de guerra, foi aprovada em Paris uma versão reformulada do programa de 14 pontos, em 28 de abril de 1919.
O estatuto da Liga das Nações foi assinado a 28 de junho do mesmo ano, como parte do Tratado de Versalhes, firmado com a Alemanha. A primeira conferência da nova organização, fundada pelos 32 países vencedores da Primeira Guerra Mundial, foi realizada em 1920, em Genebra.
I Conferência da Liga das Nações
Em 15 de novembro de 1920 foi realizada em Genebra a primeira assembleia geral da Liga das Nações – a precursora da ONU – com a presença dos representantes de 42 países.
Palácio das Nações, em Genebra
Impedir as guerras, assegurar a paz, dialogar em vez de atirar, negociar em vez de matar – este era o objetivo principal da Liga das Nações, que se reuniu pela primeira vez em 1920. Havia terminado pouco antes a Primeira Guerra Mundial, que trouxera fome, sofrimento e destruição.
Em janeiro de 1919, as potências vencedoras do conflito reuniram-se em Versalhes, nos arredores de Paris, para negociar um acordo de paz. Um dos pontos do amplo tratado referiu-se à criação de um grêmio internacional, cujo papel seria o de assegurar a paz.
Foi mais fácil falar do que fazer.
O idealizador da Liga das Nações foi o presidente americano Woodrow Wilson, no entanto, exatamente os Estados Unidos não puderam participar da agremiação, pois o projeto do seu presidente não obteve a aprovação da maioria de dois terços do Congresso americano.
Os republicanos temiam as consequências de uma tarefa de policiamento internacional para os EUA.
Alemanha não foi aceita
Tampouco a União Soviética, recém-fundada, quis participar da Liga das Nações.
A Alemanha, clara derrotada da Primeira Guerra Mundial, não foi aceita: as potências vencedoras decidiram que o país teria primeiro de provar que merecia filiar-se à organização internacional.
O então ministro alemão do Exterior, Ulrich Graf von Brockdorff-Rantzau, ficou indignado com a decisão:
"Os crimes na guerra podem ser imperdoáveis, mas eles ocorrem em busca da vitória, por preocupação com a subsistência nacional, numa paixão que torna insensível a consciência dos povos. Somente se as portas da Liga das Nações estiverem abertas a todos os países de boa vontade é que o objetivo será atingido. Somente assim, os mortos da guerra não terão dado as suas vidas em vão".
Durante seis anos, o governo da Alemanha lutou pela filiação à Liga das Nações. Não tanto para defender a paz e a compreensão dos povos, mas sim para atingir uma revisão dos Tratados de Versalhes, nos quais estava fixado, entre outras coisas, quantos milhões de marcos a Alemanha teria de pagar às potências vencedoras como reparação de guerra.
E que o país não poderia mais produzir ou adquirir material bélico. Só em 1926, o país ingressaria na Liga das Nações.
A Liga das Nações obteve êxito especialmente no setor social. Ela se engajou de maneira efetiva pela melhoria das condições de trabalho, deu apoio aos países economicamente mais fracos, criou em Haia a Corte Internacional de Justiça e cuidou do problema dos refugiados.
Mas a Liga fracassou inteiramente no tocante à garantia da paz mundial. Em 1932, deveria ser realizada uma grande conferência de desarmamento, com a participação dos EUA e da União Soviética.
Esperança de bom senso
O então chanceler alemão Hermann Brünning, extremamente pressionado pelos nazistas liderados por Adolf Hitler, ainda alimentava esperanças de uma vitória do bom senso:
"Pela primeira vez na história, os governos se veem aqui confrontados com a tarefa inevitável de criar um plano sensato, justo e amplo para um completo desarmamento e de assegurar o seu cumprimento."
Mas o sonho não se realizou.
Quando a conferência finalmente aconteceu, em 2 de fevereiro de 1933, Adolf Hitler já estava no poder na Alemanha há três dias.
Hitler queria a guerra e buscou um pretexto para fazer com que a conferência fracassasse:
"Se o mundo decidir que determinadas armas terão de ser inteiramente destruídas, nós estaremos dispostos a abrir mão delas. Mas, se o mundo aceitar estas determinadas armas em alguns países, não estaremos dispostos a deixar-nos excluir, como um povo com emancipação limitada".
Em outubro de 1933, a Alemanha retirou-se da Liga das Nações e deu andamento à sua política armamentista, sem qualquer controle estrangeiro – tomando rumo direto à catástrofe da Segunda Guerra Mundial.
Ainda no mesmo ano, o Japão seguiu o exemplo da Alemanha. A Itália retirou-se da organização em 1937. A Liga das Nações tornou-se assim um "tigre de papel", que se autodissolveu após a fundação da ONU – Organização das Nações Unidas.
Fim da Liga
No dia 18 de abril de 1946, foi dissolvida formalmente a Liga (ou Sociedade) das Nações. Surgida em consequência dos horrores da Primeira Guerra Mundial, na prática ela deixara de existir alguns anos antes.
A dissolução da Liga das Nações não passou de uma formalidade. Na prática, ela deixara de existir alguns anos antes. Além disso, a Organização das Nações Unidas (ONU) já havia iniciado suas atividades a 24 de outubro de 1945, como organismo sucessor da Liga.
Razões do fracasso
A Liga das Nações, porém, fracassou por defeitos de origem.
Não dispunha de um poder executivo forte, nem contava com representantes da União Soviética e dos Estados Unidos – a nação de seu idealizador.
O governo de Moscou não era aceito, e Washington não ingressou na organização por rejeitar o Tratado de Versalhes. Mesmo nos melhores tempos, o número de membros não passou de 50. Já em 1923, tornou-se evidente a fraqueza da Liga, quando os franceses invadiram a região alemã da Renânia, para cobrar reparações de guerra.
Um dos poucos êxitos da organização foi o pacto de segurança firmado entre Alemanha, França, Grã-Bretanha e Bélgica, além da resolução diplomática de alguns conflitos internacionais.
Genebra, porém, nada pôde fazer para impedir a crise econômica mundial, no final da década de 20. A miséria geral impulsionou as forças nacionalistas que se opunham ao Tratado de Versalhes.
A invasão da Manchúria pelo Japão, em 1931, foi uma prova do fracasso da Liga das Nações. Condenado um ano e meio depois pelo ato de agressão, o Japão abandonou a organização.
A Alemanha seguiu o mesmo caminho a 14 de outubro de 1933. Adolf Hitler, interessado apenas em armar seu país, usou uma série de pretextos para abandonar a conferência de desarmamento e ridicularizar a Liga das Nações.
As invasões da Abissínia pela Itália, em 1935, e da Finlândia, pela União Soviética, em 1939, revelaram que a Liga das Nações não passava de uma organização de fachada.
Seu último ato foi expulsar a URSS, que havia sido admitida como membro em 1934. A esta altura, porém, a Segunda Guerra Mundial já estava a pleno caminho, o que frustrou de vez as intenções pacifistas dos idealizadores da Liga das Nações.
fonte : Deutsche Welle
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