Economia no período militar. Ponte Rio-Niterói (1968 a 1974) símbolo do "Milagre Econômico" |
O golpe militar encerrou o debate entre estruturalistas
cepalinos e os economistas que defendiam o liberalismo para o Brasil.
O embasamento econômico das “Reformas de Base” defendido no
governo João Goulart por Celso Furtado tinha matriz cepalina estruturalista.
Celso Furtado defendia a reforma agrária como forma de
induzir mudanças na economia interna, aumentando o poder de compra da população
e gerando crescimento. Furtado
entendia que somente através da intervenção do Estado e com a superação das
desigualdades sociais que o Brasil retomaria o crescimento.
No entanto, com o regime militar a economia caminha no
sentido exatamente contrario, com implementação medidas de redução de gastos
públicos, arrocho salarial, controle da inflação e diminuição da intervenção
estatal na economia.
Foi a vitória do tecnocracia liberal contra o “populismo
econômico” dos governos de Jango e JK.
Governo Castelo Branco
O governo Castelo lança em 1964 o “Plano Econômico do
Governo” (PAEG) com características explicitamente anti-inflacionárias.
Dentre as principais medidas de reorganização e ajustes
macroeconômicos do PAEG, destaca-se:
. Criação do mecanismo de Correção Monetária (1964)
. Criação do Banco Central (1965)
. Aprovação do Código Tributário Nacional (1966)
Entre as principais medidas trabalhistas:
. Despolitização das negociações salariais – enfraquecendo
atuação dos sindicatos e promovendo achatamento salarial
. Fim da estabilidade de emprego após 10 anos –
flexibilizando contrato de trabalho, viabilizando demissões
. Criação do FGTS – forma compensatória da perda da
estabilidade de emprego
O FGTS torna-se um forte instrumento público para
financiamento, especialmente para o setor habitacional, através da utilização
dos recursos por meio do Banco Nacional da Habitação (BNH)
As medidas do PAEG conseguem reduzir a inflação, mas não o
suficiente para controlá-la totalmente. Em 1966 o índice de inflação foi de 40%
a.a.
O país convive com medidas impopulares na economia e medidas
autoritárias de fechamento do regime militar.
O governo sofre pressões com o mau desempenho da economia,
com o descontentamento social e também com a oposição da ala linha dura dos
militares, que desejavam medidas ainda mais autoritárias, além de aspirarem um
governo mais nacionalista e menos subserviente aos EUA.
O novo governo que assume com Costa e Silva representa esta
ala mais linha dura dos militares, retoma política econômica focada no
desenvolvimento.
Delfim Neto assume como Ministro da Fazenda e Hélio Beltrão
Ministro do Planejamento.
A economia passa a ter grande componente política, sendo o
crescimento utilizado como forma de legitimação do regime militar.
Como Roberto Campos viria chamar “legitimação pela eficácia”, o procedimento de utilizar o crescimento econômico como
forma de legitimação do regime seria prática recorrente durante o período
militar.
Em 1968, movimentos sociais contra o regime acirram o clima
político no país e o governo decreta o AI-5. Ainda que não haja relação causal
entre o AI-5 e o “Milagre Econômico” o fato é que os dois aconteceram juntos.
Com o grande crescimento econômico o governo conquista
legitimidade popular. O Milagre Econômico seria utilizado como retórica de propaganda
ufanista, especialmente durante o governo Médici.
Costa e Silva fica gravemente doente em 1969 e Médici assume
em seu lugar. O momento é de euforia com os elevados índices de crescimento e a
percepção de construção de um “Brasil potência”.
O “Plano Estratégico de Desenvolvimento” (PED) do governo
Costa e Silva de 1967, previa metas de crescimento otimistas de 6% a.a., mas já em 1968 o crescimento
atingia 10%.
O “Plano Nacional de Desenvolvimento” (1o
PND) do governo Médici previa
taxas médias de 9% mas as taxas foram acima de 10% em todos os anos de seu
governo, chegando a 14% em 1973.
O que explica o Milagre Econômico ?
. Foco total do governo no crescimento – em detrimento dos
demais indicadores
. Contexto sistêmico internacional favorável (crédito e
comércio)
. Crescimento dos países desenvolvidos (Japão, Itália,
Alemanha)
. Formação interna de recursos com o FGTS (crédito para
construção civil)
. Investimentos do PND para obras públicas (transportes,
energia, telecomunicações, petróleo, mineração, siderurgia, construção naval,
etc)
. Concentração e fortalecimento do setor bancário privado
nacional
. Crédito para o consumidor final
. Incentivos à agricultura e à exportação
O papel do Estado era financiar, através do BNDE, o aumento
da estrutura industrial para atender a demanda crescente e a manutenção da o
desenvolvimento futuro.
Este financiamento estatal se dava principalmente através de
empréstimos no exterior, que até 1973 eram abundantes e contavam com juros
baixos.
Ninguém imaginava que uma crise econômica internacional
estivesse na “antessala” do Milagre.
O Milagre representou grande crescimento para a
industrialização brasileira, mas também teve aspectos negativos.
Além do grande endividamento externo, que viria a ser fator
para grande crise econômica nos anos seguintes, o Milagre foi caracterizado por
grande concentração de riquezas, aumentando muito as desigualdades sociais no
Brasil.
O governo Geisel teria que lidar com o acirramento das
questões sociais, acentuadas pelo declínio do Milagre e conseqüente retomada de
crise econômica.
Geisel representa o retorno do grupo castelista moderado ao
poder.
A economia começa a dar sinais de redução no ritmo de
crescimento.
Mario Henrique Simonsen assume como Ministro da Fazenda em
lugar de Delfin Neto, e no início do novo governo com a 1a Crise do
Petróleo, que além de pressionar os preços dos combustíveis viria modificar as
condições de crédito e juros internacionais.
O governo Geisel entende que não poderia continuar dependendo
do petróleo estrangeiro, bem como necessitaria controlar os gastos com
importações.
É lançado o 2o PND, com foco na nacionalização da
produção de petróleo e diversificação da matriz energética nacional, com
investimentos no Álcool (Pró-Álcool) e na energia nuclear (Acordo nuclear com
Alemanha).
O ritmo de crescimento no governo Geisel diminui em relação
ao governo Médici, mas continua alto, oscilando bastante a cada ano.
Em 1979, com a Segunda Crise do Petróleo (revolução Xiita do
Irã), o cenário econômico
internacional fica mais instável, e o Brasil é atingido por forte aumento nas
taxas de juros, tornando a dívida externa brasileira impagável.
Geisel passa o governo para seu sucessor em meio a grave
crise econômica.
Figueiredo assume com o desafio de manter o processo de
abertura política iniciado por Geisel em meio a pressões políticas, econômicas
e sociais.
O novo governo lança, em 1981, o Fundo de Investimento
Social (FIS) que tem foco na Saúde, Educação, Alimentação e no financiamento de
pequenos agricultores.
Com o slogan “Plante que o João garante” o governo tenta
enfrentar a crise, se aproximar do povo e resgatar a imagem do regime
pressionado por todos os lados.
A situação econômica somente começa a reagir em 1984 com a recuperação
da economia internacional e a abertura da economia americana sob o governo
Reagan.
fontes: 1 História do Brasil - Bóris Fausto
2 Manual do Candidato (FUNAG) História do Brasil - 2013
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