quinta-feira, 5 de junho de 2014

[ Aula Resumo ] Literatura Brasileira: Modernismo 3a Fase (Geração Pós-1945)



Como visto aqui no Missão Diplomatica, o Modernismo passou por diferentes fases. Veja os posts: Modernismo Fase 1, Modernismo Fase 2 - Poesia de 30 e Modernismo Fase 2 - Romance de 30.

Fechando o ciclo sobre o Modernismo no Brasil, vamos hoje abordar um pouco da sociedade e da cultura brasileira no período democrático, entre 1946 e 1964, e no final um resumo dos principais autores e obras da 3a Fase do Modernismo. 

As décadas de 1920 e 1930
   
O 1o período foi de 1922 até 1930, sendo uma fase de contestação dos valores conservadores característicos do século XIX Imperial e da início do século XX da República Velha.

O 2o período foi de 1930 até 1945, sendo uma fase de busca dos autores para consolidar as conquistas da geração da Semana de Arte de 1922, sem a preocupação de desconstrução do passado mas sim em pavimentar o caminho para uma nova estética artística.

Os artistas da 2a geração modernista viveram um período histórico bastante conturbado, tanto no mundo, assolado pela crise econômica de 1929, regimes autoritários e a 2a Guerra Mundial, quanto internamente no Brasil, também castigado pela crise econômica, com conflitos internos, guerra civil e o autoritarismo do Estado Novo de Vargas.

Com o final da 2a Guerra Mundial veio também o fim do Estado Novo brasileiro. Esta conjuntura gerou as condições para uma nova fase nas artes brasileiras, sendo o período pós-1945 conhecido como 3a Fase do Modernismo, ou por alguns Pós-Modernismo.

Novos Tempos na Sociedade e na Cultura

Os anos de 1940, 1950 e 1960 foram de grandes mudanças, grandes expectativas e a percepção de início de uma nova fase na história para o Brasil.

O rádio vivia o seu auge, com grandes estrelas populares como Emilinha Borba e Marlene - as rainhas do rádio. Grandes estrelas da música como Angela Maria, Cauby Peixoto, Dalva de Oliveira, Nelson Gonçalves, Sílvio Caldas e Francisco Alves, somente para citar alguns dos mais famosos, faziam enorme sucesso em todo o país.

A década de 1950 viu chegar a televisão no Brasil. Assis Chateaubriand funda a TV Tupy em São Paulo e em setembro de 1950 é realizada a primeira transmissão de TV no Brasil.

A música erudita de Villa-Lobos, fortemente vinculada ao Estado Novo de Getúlio, dá espaço para uma nova forma de música que conquista o mundo: a Bossa-Nova.

O novo ritmo musical se identifica tanto com o governo JK, que o presidente Juscelino chega a ser chamado de "presidente bossa-nova".

A bossa-nova representa a nova classe média brasileira e ao misturar o jazz com o samba simboliza o projeto desenvolvimentista brasileiro que procura fazer o mesmo no plano financeiro para industrializar o país, unindo capital estrangeiro com capital privado.

O cinema também se consolida nesta época. Companias como Vera Cruz e Atlântida formam as bases para profissionalização da arte cinematográfica no Brasil, desembocando no Cinema Novo no final dos anos 1950 e início dos anos 1960.

O ano de 1963 é o marco do Cinema Novo com o lançamento de filmes como Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos e Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha.

A Imprensa e o Jornalismo também se transformam. O modelo predominante Francês de se fazer  jornalismo, com intelectuais e eruditos em longas digressões filosóficas, dá lugar ao jornalismo norte-americano com jornalistas mais preocupados em retratar a informação, de forma ágil e objetiva.

Ao lado da Bossa-Nova e do futebol, a arquitetura desponta como um dos símbolos do "país do futuro".

A construção de Brasília transforma Oscar Niemayer como o arquiteto mais famoso do mundo em seu tempo.

Brasília era a síntese do Plano de Metas de JK, o mais bem-sucedido modelo de planificação econômico do Brasil contemporâneo.

O simbolismo das estruturas de Brasília vão além de belos edifícios e monumentos. Na Praça dos Três Poderes percebe-se a centralidade geométrica do Congresso Nacional em relação aos demais poderes.

É o cockpit do avião que encabeça seu eixo monumental. Quem pilota a aeronave Brasil é o povo. É o urbanismo celebrando a democracia.

Novos tempos na Literatura

Grandes nomes da obra literária brasileira, no âmbito das Ciências Sociais, produzem parte fundamental de suas obras neste período.

Gilberto Freyre publica Sobrados e Mocambos em 1951; Caio Prado Jr, Evolução Política no Brasil, em 1954; Raymundo Faoro, Os Donos do Poder, em 1958; Sérgio Buarque de Holanda, Visões do Paraíso (1959), Celso Furtado, Formação Econômica do Brasil, em 1959 e, Florestan Fernandes, Mudanças Sociais no Brasil, em 1960. Somente alguns dos exemplos importantíssimos dessa época.

O Concretismo desponta na poesia, com as obras dos irmão Campos - Haroldo e Humberto - e de Décio Pignatari. A poesia no Concretismo valorizava a forma.

Percebe-se mais uma vez a relação da arte com o seu momento presente. No Concretismo, percebe-se a metáfora artística para as transformações socio-econômicas-culturais por que passa o Brasil da época.

O Manifesto Concretista tem inspiração no Manifesto Comunista, e tem a pretensão de despir o poeta da mística de gênio inspirado, para aproximá-lo do povo. O poeta concertista é um operário da construção civil poética e as palavras, seus tijolos.

Ainda na poesia, Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes, dois dos nomes mais proeminentes da 2a Fase Modernista, se renovam com os novos tempos e passam a retratar mais o cotidiano, o popular e o social.

A poesia tem em João Cabral de Melo Neto seu maior expoente nesta fase.

João Cabral retrata de forma direta e com imagens muito nítidas a realidade do sertanejo nordestino, suas vicissitudes e a constante presença da morte, em Vida e Morte Severina.

Na prosa, Guimarães Rosa e Clarice Lispector se destacam com outras revoluções na produção literária.

Clarice com textos intimistas e reflexões existenciais.

Rosa apresenta o universo sertanejo através de inovação sem precedentes na forma e na linguagem, além de vanguarda no tema com a obra Grande Sertão: Veredas.

Rosa e Clarice representam o chamado romance psicológico, que demonstrava o esgotamento do "ciclo" regionaliza iniciado na década de 1920.

Veja a seguir mais uma Aula Resumo de Literatura brasileira, explorando um pouco mais da obra de João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector e Guimarães Rosa, complementando este resumo sobre a Sociedade e Cultura do período democrático (1946 a 1964).





fontes: 1 História do Brasil - Bóris Fausto 
            2 Manual do Candidato (FUNAG) História do Brasil - 2013
       
            3 aulalivre.net    

 
     

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