Família real portuguesa no Brasil |
Dependendo do momento histórico vivido, a política externa pode exercer maior ou menor proeminência na vida de uma nação.
Em momentos de guerra, certamente a nação está engajada e atenta aos acontecimentos externos; já, em momentos de crises internas, as questões externas podem permanecer em segundo plano.
O século XIX foi um período conturbado das relações exteriores brasileiras, notadamente devido aos conflitos das Guerras Platinas.
(Leia mais sobre as Guerras Platinas nos posts Guerra Cisplatina e Guerra do Paraguai aqui no Missão Diplomática.)
No final do século XIX e início do século XX, disputas diplomáticas sobre definições de fronteiras, elevaram a política externa brasileira a um de seus momentos de maior destaque.
O Barão do Rio Branco foi personagem extremamente popular no Brasil durante o período em que esteve à frente do Ministério das Relações Exteriores - entre 1902 até sua morte em 1912 - devido ao grande sucesso alcançado nas inúmeras negociações territoriais que liderou, definindo o espaço territorial nacional como o conhecemos em nossos dias.
Mais recentemente, já no final do século XX e início do século XXI, alguns presidentes foram mais ativos no campo das relações exteriores, como Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002) e Luís Ignacio Lula da Silva (2003 a 2010).
De toda forma, um dos períodos em que as relações exteriores certamente tiveram grande destaque e influência na história do Brasil, foram os anos que antecederam a independência do Brasil de Portugal e os primeiros anos do Império brasileiro.
Política Externa no Período Joanino
Em 1808, a corte portuguesa fugindo das guerras napoleônicas aportou no Brasil, iniciando o chamado Período Joanino que durou até 1821.
Sob a liderança do então príncipe regente D. João VI e com a sede do Império português provisoriamente transferida para o Rio de Janeiro, as relações externas do Brasil ganharam maior proeminência e acabaram por desempenhar papel fundamental no processo de independência de nosso país.
Já em 1808, foi promovida a Abertura dos Portos às nações não aliadas da França. A abertura dos portos foi efetivamente o primeiro passo rumo à emancipação de Portugal, consistindo na quebra do chamado "pacto colonial".
Neste período, o Brasil viveu uma onda de progressos internos promovida pela corte, sendo instaladas as primeiras indústrias, construídos museus, teatros, bibliotecas, entre outras grandes obras de urbanização. Ainda em 1808 também foi fundado o Banco do Brasil, promovendo grandes avanços no setor financeiro e na geração de crédito interno.
O Período Joanino foi marcado por revoltas internas e por conflitos externos, tanto no norte do país quanto no sul.
Ao chegar ao Brasil, D.João VI encarregou-se imediatamente de organizar suas forças militares locais. Entre 1808 e 1809 foram enviadas tropas para a região da Guiana Francesa com objetivo de invadir os territórios de colonização francesa como retaliação ao processo de invasão das tropas napoleônicas a Portugal.
Ao sul, tendo como pretexto uma possível invasão francesa à região do Rio da Prata, D. João VI envia tropas em 1811 para invadirem os territórios hoje equivalentes ao Uruguai, sem, no entanto, ter sucesso nos combates.
Em 1815, após a derrota da França e no contexto da realização do Congresso de Viena, o Brasil passa à condição de "Reino Unido a Portugal e Algarves", deixando de ser colônia. As antigas capitanias passam a ser conhecidas por Províncias.
Em 1816, são retomadas as hostilidades no sul e enviadas tropas para tentar novamente conquistar o Prata. D. João VI decidido a controlar a região, mantém os combates por longos 4 anos, até a vitória contra José Artigas em 1821 e anexação do território que passa a ser chamado de Província Cisplatina.
A longa guerra para anexação da Banda Oriental, custou muitos recursos à coroa sendo exigidos da população sucessivos aumentos de impostos.
Em 1820, o povo português, liderado pela burguesia do Porto, exigia o retorno de D.João VI para Portugal. Pressionado pelos súditos que estavam insatisfeitos com as mudanças nas relações colônia-metrópole ocorridas após 1808, D. João VI retorna para Portugal e nomeia seu filho D.Pedro como regente do Brasil.
As relações Brasil e Portugal se deterioram rapidamente devido aos conflitos de interesses das burguesias portuguesas e brasileiras, culminando com a independência em 1822.
D. Pedro I enfrenta várias revoltas internas e luta para manter a unidade territorial do novo Império brasileiro. A tensões na Província Cisplatina permanecem, irrompendo na Guerra Cisplatina que culmina com a independência da região e formação do Uruguai em 1828.
Os custos com as guerras e rebeliões do período Joanino e do reinado de D.Pedro I geraram muitos custos em impostos para a população. No caso de D.Pedro I, foram um dos principais fatores de pressão para sua renúncia em 1831.
Bibliografia:
1 História do Brasil - Bóris Fausto
2 Manual do Candidato (FUNAG) História do Brasil - 2013
3 1808 e 1889 - Laurentino Gomes
4 O evangelho do Barão: Rio Branco e a identidade brasileira- Luis Cláudio Villafane Santos
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