sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A Ordem Chinesa Paralela

Post Western World
Oliver Stuenkel
28.out.2014


Quem foi o maior beneficiário dos eventos geopolíticos em 2014? Enquanto é cedo para compreender as consequências dos dois acontecimentos chave - a crise ucraniana e a ascensão do Estado Islâmico no Iraque e na Síria -, parece provável que a China irá emergir como um dos grandes vencedores da dinâmica recente. 
De fato, visto de Pequim, é difícil imaginar um cenário mais benigno do que aquele que se desenrolou ao longo dos últimos 10 meses.
O novo período de instabilidade no Iraque e na Síria efetivamente limitou as tentativas dos Estados Unidos para prestar menos atenção ao Oriente Médio e se concentrar na ameaça de longo prazo mais potente a hegemonia dos Estados Unidos: a ascensão da China. 
Enquanto um novo envio de tropas dos EUA para o Oriente Médio parece improvável, o presidente Obama ainda está na posição pouco invejável de coordenar a resposta do Ocidente para o Estado Islâmico, que o governo dos EUA admite ser um "esforço de longo prazo." No debate sobre a política externa dos Estados Unidos, a discussão sobre a ascensão da China foi mais uma vez ofuscada por debates sobre o Oriente Médio. 
O mesmo é verdade para a crise da Ucrânia e as relações desgastadas da Rússia com o Ocidente, que ocupa muito mais espaço nos debates de think tanks em Washington do que ideias relacionadas à China.
A China deverá se beneficiar por duas razões. Primeiro, a atual dinâmica assegura que os Estados Unidos prestem pouca atenção na ascensão da China e sua projeção cada vez mais global; permitindo que Pequim permaneça fora do radar por mais tempo.
 Em segundo lugar, as tentativas dos EUA de isolar países como a Rússia leva os novos párias à órbita chinesa sem gerar qualquer custo significativo para Pequim. Como consequência, Pequim tem pouco interesse em ajudar a resolver o problema na Ucrânia. Nunca antes a Rússia foi tão dependente da China como é hoje.
Este é o principal argumento de um novo policy paper sobre a estratégia global da China, publicado pelo Instituto de Estudos Chineses Mercator (Merics), um think tank em Berlim. Segundo os autores, a China está lentamente construindo uma "estrutura paralela" que acabará por desafiar a ordem ocidental. 
No entanto, ao contrário do que muitos outros alarmistas que irrealisticamente predizem que a China destruirá as estruturas existentes em um futuro próximo, o trabalho faz um argumento mais sutil e detalhado: a China continuará a investir em estruturas existentes dominadas pelo Ocidente e tentará reformá-las. 
Mas, ao mesmo tempo, o país calmamente expandirá suas redes em diversas áreas, pronto para colaborar com aqueles que sentem que as instituições de hoje não conseguem satisfazer as suas necessidades, ou aqueles que procuram aumentar a autonomia em relação aos Estados Unidos.
A estratégia da China, afirmam os autores, não é agressiva. A maioria das estruturas que cria são complementares ou paralelas às que já existem, raramente desafiando-as de frente. São iniciativas que incluem os domínios das finanças, moeda, infraestrutura, o diálogo diplomático, comércio e investimento e segurança (ver imagem abaixo).

Um dos principais objetivos da criação de estruturas paralelas é aumentar lentamente a autonomia estratégica e reduzir a dependência da China das estruturas existentes. Por exemplo, reforçando o papel da moeda chinesa e estabelecendo um sistema de pagamento global sinocêntrico. No entanto, consciente de suas limitações, a China continua a apoiar ativamente as estruturas existentes, tornando mais difícil para o Ocidente acusar os chineses de minar a ordem vigente.
A lista de iniciativas chinesas é impressionante, e mostra que a China é a única potência não-ocidental com um projeto global. contrastando com os outros países do BRICS, que nutrem ambições globais, mas não têm a influência diplomática para implementá-las. No entanto, vários projetos da lista dos autores são incipientes ou longe de serem operacionalizados. 

O Banco de Desenvolvimento BRICS até agora existe apenas no papel, e o Acordo de Reservas de Contingência (CRA) dos BRICS (金砖 国家 应急 储备 基金) e a Iniciativa Chiang Mai Multilateralização (CMIM) estão inseridos no sistema do FMI. Da mesma forma, é incerto se o Canal de Nicarágua (尼加拉瓜 運河) será concluído (a construção está prevista para começar em dezembro de 2014).
Ainda assim, os autores estão corretos em apontar que em algumas regiões do mundo, como em partes da África, América Latina e Ásia Central, várias estruturas dirigidas pela China já estão atuando de maneira institucionalizada e, ao mesmo tempo, reforçando o seu impacto (por exemplo, nas áreas de infraestrutura, investimento e swaps de moeda). 

É difícil imaginar se o Fórum Bo'ao para a Ásia (博鳌 亚洲 论坛) um dia se tornará mais influente do que o Fórum Anual Econômico Mundial (WEF) em Davos. Porém, é provável que a China seja mais bem sucedida quando se trata de oferecer benefícios tangíveis, como o crédito fácil para financiar infraestrutura, especialmente no Sul Global.
Os autores são cautelosos e não articulam previsões específicas sobre a velocidade com que as instituições sinocêntricas irão suplantar as instituições tradicionais, ou se isso vai acontecer. Em vez disso, eles apontam que a instabilidade global (produzindo regimes párias que precisam de apoio da China) e a inércia institucional (que adia reformas necessárias para proporcionar mais espaço para potências emergentes) são suscetíveis de beneficiar a China, e já diminuem a legitimidade das estruturas existentes.
Desde que continue a crescer economicamente, a China vai expandir sua influência de qualquer forma. Seja dentro das estruturas existentes e reformadas, que concedem mais autonomia e poder de decisão, ou nas novas instituições criadas de acordo com suas necessidades estratégicas - ou ambos. 
Como consequência, a China não tem interesse ou necessidade em desestabilizar ativamente as estruturas existentes ou de agressivamente promover alternativas.
As implicações para a política externa brasileira são claras: o Brasil deve manter laços fortes com as estruturas tradicionais e participar ativamente de novas instituições lideradas pela China. 
Confiar plenamente nas organizações estabelecidas, como o Banco Mundial e o FMI é uma estratégia pouco inteligente, além de arriscada. Afinal, é provável que estas instituições se enfraqueçam nas próximas décadas. 
Ao mesmo tempo, focar apenas nas instituições criadas pela China seria imprudente, porque muitas delas levarão anos para serem totalmente operacionais, e seu sucesso está longe de ser assegurado. Portanto, engajar-se em ambas as estruturas, tradicionais e novas, é a única opção viável. 
Em 2015, o presidente do Brasil deve, portanto, aceitar os convites para falar não só em Davos, mas também em Bo'ao.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Brésil : "L’Amazonie est à nous !"








Comment le Brésil défend sa souveraineté sur le poumon vert de la planète ?


Diplo.Web

Par Eric G.L PINZELLI , le 24 octobre 2014 


Géopolitique du Brésil. L’Amazonie brésilienne se trouve plus que jamais au centre des préoccupations de cette immense nation en plein développement. Ce serait une grave erreur de sous-estimer combien et comment les Brésiliens sont attachés à leur souveraineté sur le poumon vert de la planète.
Cet article attire l’attention sur les représentations de l’Amazonie au Brésil. Il aborde successivement la question militaire durant la Présidentielle ; la place de l’Amazonie dans la pensée stratégique brésilienne ; les menaces extérieures pesant sur l’Amazonie : la crainte de l’ « internationalisation » ; les forces en présence sur le terrain en 2014 ; et les perspectives autour de la défense de l’Amazonie.

La question militaire durant la Présidentielle

APRES le premier tour des Présidentielles, la candidate Marina Silva, arrivée en troisième position, s’est ralliée à Aecio Neves contre Dilma Rousseff, compromettant peut être la réélection de la présidente sortante qui voit le nombre de ses opposants augmenter. 
A quelques jours du scrutin, les sondages donnent les deux finalistes à égalité presque parfaite. Dans ce contexte, nombreux sont les membres des forces armées brésiliennes (FAB) qui ne seraient pas mécontents de voir la défaite de Rousseff au soir du 26 octobre 2014.
En effet, les membres des forces armées brésiliennes sont particulièrement remontés contre le gouvernement de Dilma Rousseff et n’ont pas hésité à faire part de leur mécontentement sur la place publique. 
A cela deux raisons principales : l’instauration de la « Commission Nationale de la Vérité » et les crédits alloués à la Défense (seulement 1,5% du PIB pour 2014 alors qu’il y a 5 ans ils s’élevaient à 1,6% et que la moyenne mondiale est de 2,6%). Les budgets couvriraient de moins en moins les besoins réels. Modérons tout de même la diminution des crédits alloués : en 1991 les dépenses militaires ne représentaient que 0,4% du PIB !
La « Commission de la Vérité », lancée en novembre 2011, a pour but de faire toute la lumière sur les violations des droits de l’homme et la répression politique perpétrés par des agents de l’Etat entre 1946 et 1988 (la dictature militaire n’a duré que de 1964 à 1985). 
La Commission ne compte aucun militaire parmi ses 7 membres, ce qui est un motif supplémentaire d’exaspération pour les forces armées. Le général Maynard Marques de Santa Rosa avait même oser l’appeler la « Commission de la calomnie » avant d’ajouter que « confier à des fanatiques la recherche de la vérité reviendrait à livrer le poulailler aux renards » ! 
En 2010, le Président Lula l’avait démit de ses fonctions après ses déclarations tonitruantes.
Sans parler du fait que la Présidente Rousseff ne cache pas qu’elle aimerait révoquer la Loi d’Amnistie du 28 février 1979, ce qui est considéré comme une provocation supplémentaire. On ne peut donc pas dire que les forces armées brésiliennes portent le PT (Parti des Travailleurs) en très haute estime. 
Le général de réserve Rocha Paiva déclarait ainsi récemment qu’il était « radicalement contre le PT ». Rappelons également que les salaires restent assez faibles au sein des FAB (un soldat de 2e classe ne perçoit que l’équivalent de 365 Euros par mois, un colonel 2670 Euros).
Au sein des forces armées brésiliennes, on espérait d’ailleurs qu’un ancien militaire serait candidat à la Présidentielle. Tous les regards se tournaient vers le général de réserve Augusto Heleno Ribeiro Pereira, l’ancien commandant de la MINUSTAH à Haïti, puis chef du Commandement militaire d’Amazonie comprenant la 12e région militaire dont le siège se trouve à Manaus. 
C’est le haut gradé qui critiquait ouvertement la gestion du dossier des peuples indigènes du président Lula, la qualifiant de « lamentable, pour ne pas dire chaotique ». Au mois de mars 2014, Ribeiro Pereira annonça que malgré le large soutien dont il disposait apparemment, il se refusait à se lancer dans l’aventure politique.

La place de l’Amazonie dans la pensée stratégique brésilienne

Les forces armées brésiliennes (FAB) comptent actuellement 328 000 militaires d’active et constituent la plus importante armée d’Amérique du Sud.
La « stratégie nationale de défense » (SND) officialisée par décret officiel le 18 décembre 2008 a précisé les objectifs des forces armées brésiliennes résumés en 23 « lignes directrices ». Le Livre blanc de la Défense nationale de 2012 dresse quant à lui un inventaire complet de la stratégie et de la politique de défense du Brésil. 
Traduits en langues étrangères, publics, ces deux documents ont pour but officiel d’éclaircir les positions du pays à l’international et de permettre le renforcement de la coopération avec les pays d’Amérique du Sud liés entre eux par le traité constitutif de l’Union des Nations sud-américaines (lancé en mai 2008) dans lequel le Brésil joue un rôle moteur.
Dans le grand renouveau de la pensée stratégique brésilienne l’Amazonie est devenue une priorité absolue. Historiquement, les forces armées étaient concentrées dans le Sud et le Sud-Est, surtout autour de Rio de Janeiro. La marine, par exemple, y centralise 71% de ses effectifs. L’énorme région « Nord » qui couvre 45% du pays, n’accueillait encore en 2012 que 13% des forces de l’armée de terre. 
La stratégie nationale de défense défini clairement d’où peuvent provenir les menaces actuelles : de l’Ouest, du Nord et de l’Océan et non pas du Sud. Un changement de mentalité radical doit s’opérer et c’est toute la difficulté : il n’est pas sûr que les militaires apprécient tous de devoir servir sous des climats extrêmement éprouvants pour eux et leurs familles.

La 10e directive de la stratégie nationale de défense porte tout entière sur l’Amazonie : « Le Brésil est vigilant pour tout ce qui touche à la réaffirmation inconditionnelle de sa souveraineté sur l’Amazonie brésilienne. 
Par des actions pratiques de développement et de défense, il repoussera toute tentative de tutelle sur ses décisions relatives à la préservation, au développement et à la défense de l’Amazonie. Il ne tolérera pas que des organisations ou des individus servant d’instruments à des intérêts étrangers – politiques ou économiques – cherchent à affaiblir la souveraineté brésilienne. 
Celui qui s’occupe de l’Amazonie brésilienne, au service de l’humanité et de soi-même, c’est le Brésil. »
 
L’Amazonie brésilienne c’est une immense région (7 fois la France) qui s’étend sur 9 états et qui occupe 61% du territoire national, abritant seulement une vingtaine de millions de personnes vivant dans des villes et communautés établies le long des fleuves. Le bassin amazonien contient 1/5e des réserves d’eau douce de la planète. 

L’eau potable, la biodiversité de l’Amazonie en font une région stratégique de premier plan. Selon le général Eduardo Villas-Boas qui commande actuellement le Commandement militaire de l’Amazonie, la région « abrite les réponses et les solutions aux grands problèmes de l’humanité : eau potable, biodiversité, ressources minérales, elle ne peut pas rester vide et c’est notre grande préoccupation ».
En Amazonie comme dans le reste du pays, les FAB cherchent à renforcer la complémentarité des trois composantes terrestres, navales et aériennes. Dans ce sens, des manœuvres conjointes mobilisant 4 000 hommes ont eu lieu en Amazonie du 10 au 21 octobre 2014. 
Simulant une attaque sur l’usine thermoélectrique de Maua dans la banlieue de Manaus, les opérations visaient à l’amélioration de la logistique, « l’intégration des méthodes opérationnelles » dans le cadre de la défense de la souveraineté sur la région.

Menaces extérieures pesant sur l’Amazonie : la crainte de l’ « internationalisation »

Certains observateurs étrangers n’hésitent pas à parler de « paranoïa » quand il s’agit de définir l’attitude méfiante des Brésiliens envers toute ingérence sur l’Amazonie. En 2008 la revue Veja publiait une étude montrant que 82,6% des militaires brésiliens croyaient que l’Amazonie était menacée par une invasion étrangère. 
En 2005, un sondage similaire montrait que 75% de la population était du même avis. C’est dire si ce sentiment est profondément ancré.
Le sénateur Fernando Collor, ancien président du Brésil, chef de la Commission des relations extérieures et de la Défense nationale (CRE) ne disait pas autre chose : « Il est vrai qu’il y a un intérêt international, le Brésil éveille les convoitises. La forêt amazonienne éveille les convoitises à cause de sa biodiversité. Nous devons être prêts à défendre toutes les avidités visant nos richesses ».
Non, décidément - vu du Brésil - l’Amazonie n’appartient pas au monde. L’ouvrage intitulé « Máfia verde : o ambientalismo a serviço do Governo Mundial » - la Mafia verte : l’environnement au service du gouvernement mondial, publié sous la direction du Mexicain Lorenzo Carrasco, dénonce les ONG et les écologistes les décrivant comme des « ennemis de la civilisation ». 
Ce brûlot a reçu un accueil très favorable au Brésil dans une large part de la population. Il dénonce une action politico-économique téléguidée par une oligarchie anglo-américaine qui se sert des ONG comme WWF, Greenpeace, la Fondation Ford, la Fondation Rockefeller et bien d’autres chargées de mettre en place l’agenda du gouvernement mondial. 
Des fonds d’investissements américains achèteraient même des terres en Amazonie au travers de sociétés écrans selon l’ABIN, le service de renseignement national.
Au Brésil on prend très au sérieux toutes les déclarations des responsables étrangers concernés par la situation préoccupante de l’Amazonie : la déforestation, la condition des peuples indigènes, la pollution, la sauvegarde des espèces végétales et animales. 
Rappelons que le Brésil est le « champion » du monde en matière de déforestation. Tout cela est considéré comme des manœuvres hypocrites des puissances étrangères (sont souvent cités les Etats-Unis, la Grande-Bretagne, la France et même la Chine) dans le but d’arracher des pans entiers du pays afin d’exploiter les ressources avérées et supposées de la forêt. 
Au Brésil on parle de « discours menaçants », de « convoitise internationale », d’ « ingérences déguisées »...
De nombreux citoyens Brésiliens « bien informés » pourraient citer les déclarations de Madeleine Albright : « quand l’environnement est menacé, il n’y a pas de frontière » ; de l’ex président Gorbatchev : « le Brésil doit déléguer une partie de ses droits sur l’Amazonie aux organismes internationaux » ; du Prix Nobel de la paix Al Gore : « contrairement à ce que les Brésiliens pensent, l’Amazonie ne leur appartient pas, elle appartient à nous tous » ; ou encore de Pascal Lamy, alors commissaire européen, qui affirmait que les forêts tropicales devraient être considérées comme « un bien public mondial » et donc soumises à une gestion collective. 
Au Brésil, de telles déclarations ne sont jamais prises à la légère.
Le général de réserve Luiz Eduardo Rocha Paiva déclarait ainsi récemment que les Guyanes constituaient la « tête de pont de l’OTAN » parce que « là se trouvent la France, la Grande Bretagne et les Pays Bas ». 
Le Brésil serait donc un pays sans ennemi déclaré mais entouré d’ennemis potentiels.
Quand les officiers stagiaires de l’École de Guerre et moi-même furent accueillis au CIGS (Centre d’Instruction de la guerre de la Jungle) à Manaus le 19 mai 2011, nous eûmes la surprise d’assister à une présentation sans ambiguïté
Pendant une trentaine de minutes, le Power Point projeté rappela toutes les annonces étrangères semblant menacer la souveraineté du Brésil sur son Amazonie avant de faire un état de la capacité à défendre la région par les Forces armées brésiliennes. Il s’agissait d’un avertissement non déguisé : l’Amazonie est Brésilienne et elle est bien défendue. 
Le « guerrier de la jungle » brésilien est redoutable, sans doute le mieux formé du monde en matière de combat en milieu de forêts denses équatoriales, qu’on se le dise !
Dans ce schéma d’ingérence internationale, les peuples indigènes seraient manipulés par des forces extérieures ce qui irait à l’encontre du développement du pays. 
Les ONG comme Survival International sont soupçonnées d’être des agents étrangers, les terres indigènes comme autant de territoires de l’Union échappant au progrès, au développement et surtout au contrôle de l’État et des citoyens brésiliens.
Prenons le cas des terres Yanomani, situées de part et d’autre de la frontière entre le Brésil, la Colombie et le Venezuela : elles constitueraient un danger potentiel à la sécurité de l’État et elles ont suscité de nombreuses critiques dans les milieux militaires. 
Rappelons que ces réserves (683 territoires délimités en 2012) constituent 13% de la surface du pays, l’Amazonie à elle seule rassemblant 99% des terres indigènes brésiliennes. Selon la loi brésilienne, les terres indigènes sont considérées comme « patrimoine inaliénable » de l’Union cédées aux Indiens pour leur utilisation et leur usufruit. 
Concrètement, il ne s’agit pas d’une propriété privée ni d’une perte de souveraineté locale comme cela avait été avancé par certains militaires. Les FAB peuvent d’ailleurs à tout moment pénétrer sur les terres indigènes ou y installer des infrastructures.
En attendant, les pressions augmentent sur ces territoires disputés, et selon le Conseil missionnaire indigène, 513 Indigènes auraient été assassinés ces 10 dernières années. Entre 2011 et 2012, les crimes commis contre ces derniers auraient augmenté de 237%. 
En cause, la délimitation des terres, l’expulsion de certains agriculteurs et les tensions qui vont en augmentant année après année, 20% des réserves sont par ailleurs déjà envahies.

Les forces en présence sur le terrain en 2014

La présence militaire a largement augmenté en Amazonie et continuera de prendre de l’ampleur à l’avenir : en 1950 il n’y avait qu’un millier d’hommes dans une région plus vaste que l’Union européenne. 
Aujourd’hui, il y en a 27 000 sous les ordres du Commandement militaire d’Amazonie, du 4e district naval et du 7e commandement aérien régional. En 2012, l’immense région ne concentrait encore que 13% des forces de l’armée de terre, 8% de l’armée de l’air et 3,5% de la marine.
Vers 2030, l’état-major prévoit le déploiement d’à peu près 40 000 hommes dans cette zone. Pour garder 17 000 km (plus de deux fois la distance entre Paris et Pékin) de confins extrêmement perméables face à dix pays, chacun des 24 pelotons de frontière compte entre 20 et 80 hommes commandés par un lieutenant. 
Il est prévu de créer 28 autres pelotons à l’horizon 2030. Avec des effectifs si maigres par rapport à l’ampleur du défi, les FAB privilégient une stratégie de contrôle de l’espace par une tentative de maîtrise des voies de communications.
La réalité sur place n’est guère réjouissante. La plupart du temps, les armes et les embarcations disponibles ont 30 à 40 ans d’âge. Des reportages réalisés en août 2012 par la chaîne de TV Globo dévoilèrent à la population brésilienne stupéfaite qu’une grande partie des équipements des FAB étaient hors service. 
La moitié des hélicoptères, des blindés, des avions de chasse sont hors d’usage et sont cannibalisés pour faire fonctionner le reste. Le général Maynard Marques de Santa Rosa déclara même que le pays ne possédait de munitions que pour moins d’une heure de conflit ! 
Les nouveaux transports de troupes blindés VBTB Guarani commencent enfin à être livrés, 2000 unités devraient remplacer les transports de troupes actuels totalement dépassés au cours des 20 prochaines années. Il s’agit là du principal poste de modernisation de l’armée avec l’entrée en service de nouveaux fusils d’assaut.
En attendant, pour les pelotons de frontière, le ravitaillement tant attendu arrive le plus souvent par voie aérienne une fois tous les 30 à 45 jours mais pour pallier aux retards qui ne sont pas rares, des soldats ont recours à l’élevage pour améliorer l’ordinaire voire le rationnement quand cela s’avère nécessaire. 
La vie dans ces conditions est extrêmement difficile, l’État accorde donc une prime de 20% sur les salaires de base des soldats de la frontière.
Le long de la frontière, sur 150 km de profondeur, l’armée détient les pouvoirs de police depuis septembre 2004 et lutte contre le crime organisé, les contrebandes, les trafics d’armes et de drogue à destination des grandes métropoles du pays.
Le 4e bataillon de l’aviation de l’armée de terre basé à Manaus ne dispose que de 12 hélicoptères (des Super Pumas et 4 Blackhawks) pour soutenir les troupes basées dans l’immense territoire comprenant les régions d’Amazonie, du Para, Amapa, Roraima, Rondonia et Acre (soit 3 575 956 km² davantage que la superficie de l’Inde). 
Vu le coût élevé de l’heure de vol, les appareils ne servent qu’en opérations et non pas au support logistique qui le plus souvent utilise les voies fluviales.
L’armée de l’air est équipée localement de chasseurs Northrop F-5 E (qui ne devraient être retirés du service actif qu’en 2030), de Super-Tucanos A-29, et vient d’acquérir 12 hélicoptères d’attaque russes MI-35 (version à l’exportation du MI-24) dont les premiers viennent d’entrer en service.
La surveillance aérienne de l’Amazonie est confiée au CINDACTA IV (Centre Intégré de Défense Aérienne et de Contrôle du Trafic Aérien), que j’ai eu l’occasion de découvrir en accompagnant les stagiaires de l’École de Guerre. 
Le CINDACTA IV gère à lui seul 300 000 mouvements aériens par an sur près de 5 millions de km², soit à peu près 60% du territoire national. Chacun des 4 centres du pays est composé d’un réseau de radars et de stations de télécommunications.

Perspectives autour de la défense de l’Amazonie

Dans les années 1990, le Brésil investit plus de 1,4 milliards de Dollars US pour la mise en place du Système de Protection de l’Amazonie (SIPAM). L’équipement a été fourni par l’entreprise américaine Raytheon et les firmes brésiliennes Embraer et Atech. 
L’ensemble qui fut inauguré en juillet 2002 comprend 25 stations radars, 200 stations de mesures hydrologiques, 10 radars météorologiques, 81 stations météorologiques et 14 détecteurs d’impact de foudre. Au sein du CINDACTA IV, il y a distinction entre le trafic aérien et la défense aérienne qui sont localisés dans le même bâtiment mais dans deux salles différentes.
Afin de renforcer encore la protection des frontières en temps réel, le gouvernement brésilien a opté pour le programme SISFRON (Système Intégré de Surveillance des Frontières Terrestres) qui devrait être opérationnel en 2030 et dont le coût s’élèverait à près de 4 milliards d’Euros. 
Ce système de collecte d’informations et de traitement de données, le plus grand projet de surveillance frontalière terrestre de la planète » s’intégrera au SIPAM pour renseigner le centre intégré de commandes et contrôle.
Le projet utilisera un réseau de censeurs placés sur la ligne de démarcation ainsi que des radars, des drones, divers systèmes de communications et l’appui des images satellites. Les unités opérationnelles auront ainsi la capacité d’intervenir et de répondre dès la détection des problèmes. 
Des embarcations rapides américaines (des Boston Whaler 25 Guardian déjà utilisées au Vietnam), armées de 3 mitrailleuses, équipées de GPS et de sonars, d’une capacité de 12 hommes, sont entrées en service en ce mois d’octobre 2014 dans le cadre du programme SISFRON.
En mai 2013, le ministre de la Défense Celso Amorim présenta au Sénat l’idée de relever graduellement (au cours des dix prochaines années) les crédits de la Défense pour rejoindre la moyenne des BRICS qui s’établit autour de 2,4% du PIB, seul moyen pour que le Brésil puisse peser davantage sur la scène internationale : « la stature du pays au 21e siècle requiert que les Forces armées soient bien équipées pour la protection de notre patrimoine et de nos ressources... Une défense robuste est, selon moi, le complément indispensable d’une politique extérieure pacifique, il n’y aucune contradiction. 
Parfois les gens demandent pourquoi un pays pacifique comme le Brésil a besoin d’une défense importante, c’est parce que justement, étant défendus, nous dissuaderons les éventuelles menaces visant notre sécurité et nos ressources ».
L’Amazonie brésilienne se trouve donc plus que jamais au centre des préoccupations de cette immense nation en plein développement. 
Lors de son discours du 18 décembre 2013 au Club naval de Brasilia, la présidente Dilma Rousseff insista clairement sur ce fait : « Nous ne déléguons pas notre défense à des tiers. Nous devons être préparés pour affronter toutes les menaces, nous devons être prêts à défendre notre patrimoine dans des régions qui reçoivent traditionnellement notre attention comme c’est le cas pour l’Amazonie. » 
Les éventuels agresseurs sont prévenus.
fonte: DiploWeb

terça-feira, 28 de outubro de 2014

[ Discursivas CACD ] Economia 2012: Taxa de Câmbio e o Comércio Internacional



Guia de Estudos CACD 2013
Prova de 2012 

Economia - Questão 2

Na esfera das relações comerciais e financeiras introduzimos ideias inovadoras. Em linha com as manifestações públicas da Senhora Presidenta da República, o Brasil ajudou a trazer para a Organização Mundial do Comércio a questão dos efeitos do câmbio sobre o comércio. Após vencermos resistências de todo tipo, conseguimos abrir caminho para o tratamento desse tema, que passa a ser amplamente reconhecido como atual e relevante.
 
Discurso do Ministro de Estado das Relações 
Exteriores na cerimônia do Dia do Diplomata 
formatura da turma de alunos do Instituto 
Rio Branco. Brasília, 20 de abril de 2012.
 

O Brasil propôs um debate sobre a natureza da relação entre taxas de câmbio e comércio internacional. Como mencionado na apresentação anterior, o assunto tem recebido cada vez maior atenção em anos recentes — mesmo que essa relação não seja um tema novo no sistema mundial de comércio — à luz das significativas flutuações relativas do câmbio entre parceiros comerciais.

A relação entre taxas de câmbio e comércio internacional. 
Proposta brasileira (WT/WGTDF/W/56). 
Genebra, 26 de setembro de 2011 (com adaptações).



Com base nos excertos acima, atenda ao que se pede a seguir.

a) Discorra sobre o impacto da variação da taxa de câmbio sobre o comércio no curto prazo. 

b)  Analise a relação entre alterações persistentes e acentuadas da taxa de câmbio e o nível de tarifas de importação aplicadas por um país.

c)  Identifique e contextualize, na história econômica brasileira após 1980, um momento em que a taxa de câmbio foi deliberadamente utilizada com fins de promoção de superávit na balança comercial brasileira. 


PEDRO TIE CANDIDO SOUZA

"No contexto atual, políticas monetárias expansionistas têm levado a desvalorizações cambiais em países como os Estados Unidos, por exemplo. Além disso, países como a China têm mantido um câmbio fixo artificialmente desvalorizado. 

Diante disso, alguns países emergentes (dentre os quais o Brasil) têm vivenciado um processo de apreciação de suas moedas, o que prejudica a competitividade de suas economias no cenário internacional. 

A questão do câmbio tem, portanto, impactos significativos para o comércio internacional, aspecto que o Brasil vem destacando em instâncias como a OMC (Organização Mundial do Comércio).

No curto prazo, o principal impacto da variação da taxa de câmbio sobre o comércio diz respeito ao saldo da balança comercial de um país e à competitividade de sua economia no mercado internacional. Nesse sentido, uma moeda nacional desvalorizada aumenta a competitividade de um país, favorecendo, portanto, suas exportações. Além disso, a moeda desvalorizada desincentiva as importações, o que, “ceteris paribus”, tende a aumentar o saldo da balança comercial. 

Por outro lado, uma moeda nacional relativamente valorizada (como no Brasil) diminui a competitividade de um país, prejudicando suas exportações e favorecendo as importações. Nesse sentido, esses países tendem a ver seu saldo da balança comercial reduzir-se no curto prazo.

À medida que as alterações na taxa de câmbio se tornam mais acentuadas e se prolongam no tempo, os efeitos sobre o comércio tendem a ser mais severos. Esse quadro pode, por exemplo, alterar padrões de comércio nos diversos países, sobretudo naqueles que perdem competitividade em razão do câmbio. 

Em alguns países, a questão cambial agrava tendências à “reprimarização” de suas exportações e prejudica o desempenho da indústria nacional, que, em razão de uma moeda valorizada, passa a enfrentar maior concorrência de produtos importados.

Tudo mais constante, alterações persistentes e acentuadas da taxa de câmbio tendem a afetar, de maneira significativa, o nível de tarifas de importação aplicadas por um país. Ressalte-se, nesse sentido, que a crise financeira de 2008 e as alterações cambiais que se lhe seguiram em diversos países favoreceram um recrudescimento do protecionismo em escala global. 

Um país prejudicado por alterações persistentes e acentuadas da taxa de câmbio tende a aumentar o nível de tarifas de importação aplicadas em seu território, com o objetivo de recuperar a competitividade de sua economia. O protecionismo tarifário seria, portanto, uma maneira de lidar com os efeitos prejudiciais das alterações cambiais no curto prazo (tentar ampliar o saldo da balança comercial) e no médio-longo prazos (tentar proteger a indústria nacional e evitar as tendências à reprimarização da economia).

A maxidesvalorização de 1983 exemplifica um momento em que a taxa de câmbio foi deliberadamente utilizada com fins de promoção de superávit na balança comercial brasileira. Vale lembrar que o segundo choque do petróleo (1979) favorecia o aumento da inflação de custos no Brasil e agravava os déficits na balança comercial brasileira (por se tratar de um insumo essencial). 

Ao contrário do que ocorrera no primeiro choque do petróleo (1973), o cenário que se seguiu ao choque de 1979 não foi caracterizado por ampla liquidez no cenário internacional. O Brasil não pôde, portanto, promover um ajustamento baseado noendividamento externo (como fizera quando da elaboração do II-PND). 

Diante disso, entre 1981 e 1983, o governo brasileiro recorreu a uma estratégia de ajuste recessivo, baseada na contração da demanda interna para gerar excedentes exportáveis. 

A maxidesvalorização de 1983 contextualiza-se nessa estratégia recessiva de ajuste, que logrou superávits na balança comercial em 1985, mas teve altos custos sociais.

Nota-se, portanto, que a conjunta atual de variações cambiais tem impactos sobre o comércio no curto prazo. Além disso, alterações persistentes e acentuadas da taxa de câmbio também afetam o nível de tarifas de importação aplicadas por um país, favorecendo o recrudescimento do protecionismo." 

fonte: Guia de Estudos IRB para o CACD 2013   
  

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

[ Discursivas CACD ] Economia 2012: Celso Furtado e a Formação Econômica do Brasil


Guia de Estudos CACD 2013

Prova de 2012 

Economia - Questão 3

Em capítulo de seu Formação Econômica do Brasil, Celso Furtado critica as interpretações que enfatizam a ausência de uma política governamental protecionista como causa do atraso relativo, na primeira metade do século XIX, da industrialização brasileira em relação à dos Estados Unidos:

 "As observações anteriores põem em evidência as dificuldades criadas indiretamente, ou agravadas, pelas limitações impostas ao governo brasileiro nos acordos comerciais com a Inglaterra firmados entre 1810 e 1827. 

Sem embargo, não parece ter fundamento a crítica corrente que se faz a esses acordos, segundo a qual eles impossibilitaram a industrialização do Brasil nessa etapa, retirando das mãos do governo o instrumento do protecionismo.


Observando atentamente o que ocorreu na época, comprova-se que a economia brasileira atravessou uma fase de fortes desequilíbrios (...). Se se houvesse adotado, desde o começo, uma tarifa geral de 50% ad valorem, possivelmente o efeito protecionista não tivesse sido tão grande como resultou ser com a desvalorização da moeda".

       Celso Furtado. Confronto com o Desenvolvimento dos Estados Unidos, cap. XVIII
In: Formação Econômica do Brasil. 


Com base nas teses de Celso Furtado, disserte sobre outros fatores responsáveis pelo relativo atraso brasileiro.

LEANDRO MAGALHÃES SILVA DE SOUSA  

"Celso Furtado, em Formação Econômica do Brasil, compara o desempenho econômico do Brasil e dos Estados Unidos e conclui que as causas da industrialização dos EUA não estavam somente relacionadas ao protecionismo tarifário. 

Pelo contrário, o autor evidencia o papel de Alexander Hamilton nos EUA como um facilitador da industrialização em razão de fatores estruturais.

A economia brasileira na primeira metade do século XIX era fundamentalmente agrária, com base no trabalho escravo e com centro dinâmico na exportação. Assim, crescimento econômico adviria fundamentalmente de aumentos de fluxos comercias. 

A situação brasileira não era muito favorável, pois o ciclo do ouro já terminara, os preços do açúcar estavam em queda, decorrente do plantio da beterraba na Europa, assim como o algodão. 

O café, apesar da rápida expansão pelo Vale do Paraíba, não ganhou proeminência senão após a década de 1830. Nesse sentido, não havia condições para o acúmulo de capitais necessários para a industrialização do país. Para Furtado, o mercado interno é o responsável por garantir sustentação à indústria. 

No caso dos EUA, o comércio triangular entre os EUA, as Antilhas e a África produziam condições para a fabricação de rum e de uma indústria mercante. Essa acumulação de capital revertia-se, em parte, em pagamentos de salários aos empregados, que eram responsáveis por constituir um mercado interno que favorecesse a demanda por produtos industrializados.


Situação diversa ocorria no Brasil. O país era relativamente atrasado, pois não tinha uma produção com base assalariada, o que impedia um mercado consumidor, fundamental para o aparecimento da indústria. Ademais, o país estava desprovido de acúmulo de capitais, em decorrência dos baixos preços dos produtos exportáveis e do crescente déficit público com o processo de independência e com as lutas regenciais. 

Além disso, o Brasil não tinha uma fonte de tecnologia para garantir a implementação de uma indústria, ao contrário dos EUA, que tinham na imigração fonte para a progressiva industrialização.

Nesse sentido, o autor propõe que uma reversão da política de livre cambismo, consolidada, em grande medida, com a Lei Bernardo Pereira de Vasconcelos (1828), que estendeu os benefícios tarifários concedidos à Inglaterra a outros países nos moldes da Nação Mais Favorecida, não garantiria a industrialização brasileira. 

Uma tarifa desse tipo tenderia a financiar os decorrentes gastos do governo sem nenhum tipo de benefício para a constituição de um mercado interno. Já uma desvalorização da moeda traria melhores benefícios, embora também limitados. 

Com esse tipo de medida, o preço internacional dos produtos exportáveis expresso em mil-réis aumenta, contribuindo para o aumento do lucro dos fazendeiros, possibilitando, de maneira limitada, um acúmulo de capital, o qual seria uma das condições necessárias para a implementação da indústria no país. 

Entretanto, o deslocamento do centro dinâmico do setor exportador para o mercado interno somente irá ocorrer na década de 1930, ou seja, quase um século depois do período em tela. 

A Abolição da Escravatura (1888) proporcionará o incremento progressivo do trabalho assalariado 50 anos após o período, o que explica os fatores de relativo atraso brasileiro."

fonte: Guia de Estudos IRB para o CACD 2013   

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Política Externa: Dilma prioriza América Latina e Aécio Europa e EUA




























Folha de SP
21.10.2014

Em segundo plano na campanha à Presidência, a política externa é um dos temas em que as visões de mundo de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) mais colidem. 

Após 12 anos de governos petistas dedicados à integração com países da América do Sul e do sul geopolítico, sob Aécio o país passaria a privilegiar EUA e União Europeia e manteria ênfase na China - "não ideológica", como enfatizam os tucanos. 

Na campanha, Aécio atacou o financiamento do porto de Mariel, dizendo que "dinheiro de imposto não vai financiar obras em Cuba"; a relação com a Bolívia, afirmando que "não concederemos financiamento a países que não tiverem um programa confiável de combate às drogas"; e o Mercosul chamado de "anacrônico",  "não serve a interesses brasileiros". 

Apesar da retórica estridente no palanque, na prática as mudanças seriam graduais e negociadas, calibradas e não radicais, segundo o formulado de política externa do tucano, Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington e chefe do conselho exterior da Fiesp. 

Já os petistas defendem a prioridade na relação com a América Latina e dizem que as propostas do PSDB trariam prejuízos à indústria nacional. 

Aécio defende um Mercosul mais flexível, em "duas velocidades", que permita negociar acordos bilaterais e regionais sem seus parceiros. 

Para o tucano, o Brasil, que tem só três acordos comerciais (Israel, Autoridade Palestina e Egito), está isolado, porque fez opção equivocada de apostar tudo nas relações multilaterais da Organização Mundial do Comércio, que não avançaram. 

"Nossa postura é primeiro eliminar a influência ideológica e partidária na política externa e comercial. Em segundo lugar, tomar medidas para restabelecer a competitividade dos produtos brasileiros", afirma o diplomata. 

"O PT quis fazer uma união política contra os EUA", diz. 

Barbosa afirma que isso não significa abandonar a América do Sul. "Vamos fortalecer as relações com os vizinhos, pois são 300 milhões de pessoas, as empresas brasileiras já estão aí."

CADÁVER

Para Marco Aurélio Garcia, assessor da Presidência para assuntos internacionais no governo de Dilma Rousseff, as ideias do PSDB para a política externa "reduziriam a América Latina a pó". 

"A direita tenta ressuscitar o cadáver devidamente enterrado da Alca (Área de Livre Comércio das Américas); só quer ter relacionamento com EUA e União Europeia, sem medir os graves efeitos disso sobre a nossa indústria", afirmou Garcia, em palestra na PUC-SP na semana passada. 

Ele diz que é equivocada a ideia de que o Mercosul é um obstáculo para o Brasil fechar acordos comerciais. 

"O acordo com a União Europeia ainda não saiu porque a UE ainda não tem proposta, por causa da Argentina", diz. "Duas velocidades pode parecer uma fórmula de desfazer o Mercosul, e não achamos que seja o caso", afirma Garcia, citando o peso das vendas de manufatura ao bloco na balança comercial. 

Outro ponto de divergência é o peso do Itamaraty.   

Os tucanos acusam o atual governo de ter relegado o Ministério das Relações ao papel de coadjuvante, afastando-o das principais decisões e reduzindo a verba da pasta a 0,16% do Orçamento Federal.  

Garcia rebate. "Antes, a atuação do Lula era considerada voluntariosa. Agora querem utilizar a atuação dele para se contrapor à de Dilma. O que houve foi uma mudança do cenário internacional, um deslocamento para uma diplomacia econômica." 













































PESO NO COMÉRCIO

Pelas propostas dos candidatos, porém, é difícil saber qual a estratégia para o país recobrar o peso, seja político (o "soft power", poder de influenciar sem pressão militar), seja no comércio. 

O saldo comercial caiu de um superávit de US$ 12,7 bilhões nos primeiros nove meses de 2010, no auge da crise global, para déficit de US$ 690 milhões no mesmo intervalo  neste ano. 

"O maior desafio [ do próximo presidente] é reverter a perda de poder, prestígio, influência e mercados dos últimos anos. Isso vai demandar um esforço enorme de atualização porque as ideias de política externa circulam hoje em Brasília são as mesmas da era de FHC/Lula, só que o mundo mudou", afirma Matias Spektor, colunista da Folha e professor de Relações Internacionais na FGV. 

fonte: Folha de SP
   



domingo, 19 de outubro de 2014

[ Aula Resumo ] Geografia: Geografia Agrária

Lavrador de Café - Cândido Portinari
A Agricultura e a Pecuária tiveram papel fundamental no desenvolvimento e na história da humanidade. 

O Homem, ao iniciar a plantar e a cuidar de animais para o seu sustento, deixou de ser caçador e nômade e passou a se fixar em determinadas regiões, desenvolvendo relações de dependência cada vez mais estreitas com sua geografia.  

Com o passar do tempo, estas relações passaram a ser cada vez mais importantes e determinantes sobre as atividades humanas e a agropecuária se tornou a atividade humana mais importante, até a Revolução Industrial. 

Com a Revolução Industrial, as indústrias passaram a requerer cada vez mais mão de obra, levando os trabalhadores para as cidades. 

As populações humanas cresceram bastante neste período e com a concentração das pessoas nas cidades, o campo passou a ter a responsabilidade dobrada para alimentar estes contingentes.

Esses fatores fizeram com que se iniciasse uma verdadeira revolução das técnicas agropecuárias; as cidades eram dependentes dos produtos agrícolas e o campo era dependente das máquinas e dos insumos necessários a produção e dos próprios alimentos industrializados.


Esta interdependência fez com que os estudos da chamada Geografia Agrária fossem aprofundados, se debruçando em temas como eficiência agropecuária, distribuição espacial e fundiária de atividades agropecuárias, entre outros temas de relevância tanto para a Geografia quanto para a Economia

Veja na Aula Resumo abaixo, um pouco mais sobre o desenvolvimento histórico da Agropecuária e da chamada Geografia Agrária, no Brasil e no mundo. 






sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Book Review: Barack Obama et sa politique étrangère (2008-2012)

Justin Vaïsse, « Barack Obama et sa politique étrangère (2008-2012) »


DiploWeb

par Vicent Satge
9 octobre 2014

Présentation d’un classique de géopolitique : Justin Vaïsse, « Barack Obama et sa politique étrangère (2008-2012) », Éd. Odile Jacob, octobre 2012. 
Alors que les Etats-Unis s’engagent une nouvelle fois au Moyen-Orient, cet ouvrage permet de séquencer finement la politique étrangère de B. Obama, en différenciant l’intention de départ de B. Obama I et les actions de B. Obama II.

AVEC « Barack Obama et sa politique étrangère », Justin Vaïsse se livre à un exercice périlleux. Il le reconnaît dès les premières pages de son ouvrage. « Sans le recul habituel de l’historien, l’interprétation est évidemment difficile [...] d’autant plus difficile que dans le cas de Barack Obama que ce dernier a revendiqué le pragmatisme comme marque de fabrique en politique étrangère.. » 
 Le défi est néanmoins relevé et amène l’auteur à décrire méticuleusement chaque facette du premier président afro-américain des Etats-Unis lors de son 1er mandat. On y découvre ainsi tour à tour un président soucieux de se désengager du Moyen-Orient, de réinvestir les institutions multilatérales, de mettre en avant la diplomatie et les droits de l’Homme mais sans pour autant renier la guerre contre le terrorisme ou la prééminence des intérêts stratégiques des Etats-Unis.
À l’image de son objet d’étude, Justin Vaïsse a plusieurs cartes dans son jeu. Diplômé de Sciences Po, ancien élève de l’École Normale Supérieure de Saint-Cloud, il est en outre agrégé et docteur en histoire. 
Il a dispensé des cours à l’Institut d’études politiques de Paris ainsi qu’à l’Université Johns Hopkins avant d’être nommé directeur de recherche à la Brookings Institution (un groupe de réflexion américain). Depuis le 1er mars 2013, il dirige le Centre d’analyse, de prévision et de stratégie (CAPS) du Quai d’Orsay. 
S’il est le plus récent, Barack Obama et sa politique étrangère n’est pas l’ouvrage de Justin Vaïsse le plus remarqué outre-Atlantique. Il a en effet écrit Washington et le monde. 
Dilemmes d’une superpuissance (avec Pierre Hassner) en 2003 et surtoutHistoire du néoconservatisme aux États-Unis particulièrement acclamé par l’intellectuel Francis Fukuyama. Dans Barack Obama et sa politique étrangère, il s’agit d’analyser autant la politique étrangère que l’homme qui la mène. 
On peut dès lors distinguer trois grands mouvements dans le propos de l’auteur. Ainsi, dès le début de son ouvrage, Justin Vaïsse s’intéresse à la manière dont Barack Obama renouvelle la manière de diriger les affaires mondiales et sa propre administration. 
Il détaille ensuite les avatars qu’incarne Barack Obama, souvent de manière imparfaite : le diplomate, le libérateur ambivalent, « Obama le terrible »... Enfin, à la lumière de ses succès et de ses échecs, il va tenter de trouver une ligne directrice à la politique étrangère d’Obama.
Lorsque Barack Obama devient le 44e président des Etats-Unis le 4 novembre 2008, il arrive à la tête d’un pays très affaibli sur la scène internationale. 
« L’Amérique de Georges W. Bush est vue par le reste du monde comme unilatérale, hégémonique, intransigeante, trop prompte à faire la leçon aux autres pays et à recourir à la force, trop hypocrite dans sa promotion sélective de la démocratie. »  
Parallèlement à ce déclin, les rivaux (entendre les pays émergents, la Chine en tête) croient leur heure être arrivée. Le monde post-américain est-il advenu ? 
La question semble se poser alors que deux éléments inédits semblent entraver la puissance américaine : la forte dette publique et une paralysie politique due à une radicalisation de la droite américaine avec le Tea Party. 
Pour Barack Obama, sauvegarder le rang des Etats-Unis passe par une reconnaissance de l’essoufflement américain. « Le leadership américain que je cherche à incarner reconnaît l’émergence de pays comme la Chine, l’Inde et le Brésil. 
C’est un leadership qui reconnaît aussi nos limites en termes de ressources et de capacités ». Quels sont les axes de ce nouveau leadership ?
Il s’agit en premier lieu de reconstruire le soft power américain. Dans les jours suivant son investiture, Barack Obama s’attaque aux dérives de la guerre contre le terrorisme. 
Outre l’engagement qu’il prit sur la fermeture de Guantanamo, il enlève à la Central Intelligence Agency plusieurs de ses outils d’interrogatoire extrêmement controversés (prisons secrètes et méthodes d’interrogatoires « musclées »). 
Par ailleurs, son vice-président, Joe Biden, ouvre un autre front le 7 février 2009 lors du Forum de Munich sur la sécurité en mentionnant tour à tour la main tendue à l’Iran et le reset avec la Russie. Enfin, Barack Obama enfonce le clou lorsqu’il prononce le discours du Caire le 4 juin 2009 afin de rapprocher le Moyen-Orient des États-Unis.
En second lieu, Barack Obama s’évertue à modifier le processus de décision au sein de la Maison Blanche. Il redessine de fait le leadership présidentiel. Selon la représentation définie par James Mann, plusieurs cercles concentriques se forment autour de lui. 
Le premier, le plus influent, est celui dit des « obamiens », soient les conseillers d’Obama (anciens assistants du Sénat ou s’étant imposé lors de la campagne). Le second et le troisième cercle ne sont consultés que pour avis et servent de caution technique ou militaire à Obama. 
On y trouve tout d’abord les outsiders, tels que l’amiral Dennis Blair, qui, chargé de la direction du renseignement, sert à pallier le manque d’expérience du jeune président. Ensuite se situent les rivaux, que l’on cherche à ménager du fait de l’influence politique qu’ils détiennent : Joe Biden et Hillary Clinton en font évidemment partie. 
On a au final un système relativement centralisé autour d’Obama et des « obamiens ». « C’est donc un système moins dysfonctionnel que sous Georges W. Bush, où les luttes d’influence étaient très vives et où le vice-président pouvait court-circuiter le processus, sans que les conseillers à la sécurité arrivent à y mettre de l’ordre. » 
Pour mieux reconstruire son leadership à l’extérieur, Barack Obama commence par réorganiser son leadership à l’intérieur.
Obama apparaît tout d’abord comme un président diplomate : la main tendue à l’Iran et le reset avec la Russie sont autant d’initiatives qu’il lance d’emblée. 
Pour la République islamiste, si Barack Obama mène une véritable offensive de charme, la Révolution verte de juin 2009 va mettre fin à tous ses espoirs, le régime ne souhaitant pas se montrer conciliant aussi bien à l’intérieur qu’à l’extérieur. 
Alors même qu’un rapport de l’Agence Internationale de l’Énergie Atomique (AIEA) révèle en 2011 la finalité militaire du programme nucléaire iranien, la main tendue est remplacée par un poing fermé. 
Le reset connaîtra un destin similaire, en étant entretemps plus productif (avec notamment la signature du traité New Start le 8 avril 2010, réduisant l’arsenal militaire de chacun à 1550 têtes nucléaires). 
La lune de miel prend fin avec le retour au pouvoir de Vladimir Poutine et surtout la guerre en Syrie. Obama, en tant que diplomate, semble avoir peu de succès à son actif.
La figure du libérateur ambivalent lui sourit plus, en particulier lors du Printemps arabe. Obama est libérateur lorsqu’il appelle assez vite le dirigeant égyptien Hosni Moubarak à quitter le pouvoir, celui-ci étant pourtant un grand allié des Etats-Unis (et reçoit en conséquence une aide militaire annuelle d’environ 1,3 milliards de dollars). 
Son ambivalence transparaît véritablement lorsqu’il laisse la répression se dérouler sans lever le petit doigt, comme au Bahreïn. En effet, un changement de pouvoir (des Sunnites vers les Chiites) serait aussi dommageable pour l’Arabie Saoudite que pour les États-Unis eux-mêmes, le quartier général de la Ve flotte américaine se situant à Manama. 
Diplomate malheureux et libérateur ambivalent, Obama est enfin un chef de guerre aux méthodes pour le moins controversées. Ainsi est-ce le cas concernant les frappes de drone : « au moment du discours du Prix Nobel à Oslo le 10 décembre 2009, il avait déjà autorisé un plus grand nombre de frappes que Georges W. Bush pendant ses huit années de présidence »  
Si ces outils permettent d’intervenir discrètement et de décapiter des mouvements terroristes (voire de les décimer), leur efficacité apparaît douteuse sur le long terme, tant elles empêchent de recueillir, notamment par le renseignement humain, des informations sur les prochains attentats susceptibles d’être menés. 
Outre les drones, Obama peut et va utiliser activement deux autres outils. Tout d’abord viennent les forces spéciales : Emblématiques dans leur assaut victorieux contre le refuge d’Oussama Ben Laden, leur fréquence est multipliée par dix de 2008 à 2010, avec un taux de réussite extrêmement élevé. 
Ensuite, le programme de cyber-attaques est poursuivi notamment contre Téhéran (« Olympic Games ») visant à ralentir ses progrès dans l’obtention de l’arme nucléaire.
L’attribution d’une ligne de politique étrangère à Barack Obama semble ainsi constituer un obstacle infranchissable. Néanmoins, en y regardant de plus près, une tendance, celle du Pivot, semble se dégager. 
Cette dernière désigne communément le redéploiement d’efforts diplomatiques et militaires du Moyen-Orient vers l’Asie. C’est le cas lorsque Barack Obama désengage les forces américaines d’Irak et d’Afghanistan et, en contrepartie, installe une nouvelle base de Marines à Guam, à Darwin en Australie, organise des alliances militaires avec les Philippines, le Vietnam et Singapour et prévoit, à l’horizon 2020, que 60% de ses forces navales soient positionnées dans le Pacifique (contre 50% actuellement). 
Justin Vaïsse donne pour sa part une définition plus large du Pivot : « pivot non pas seulement du Moyen-Orient vers l’Asie, mais aussi des « vieilles puissances » européennes vers les puissances émergentes (ou tout au moins du monde du G8 au monde du G20), des questions militaires vers les questions diplomatiques et géoéconomiques, de l’unilatéralisme vers la coopération et l’engagement ». 
Il est vrai que l’administration Obama esquisse un retour diplomatique sur la scène asiatique au début du mandat d’Obama, ce que Justin Vaïsse appelle la stratégie de Jakarta. Les enceintes de dialogue du Pacifique sont investies au cours de l’année 2011 avec l’ASEAN (où est nommé un ambassadeur), l’APEC à Hawaï ou encore le Sommet de l’Asie orientale. 
Par ailleurs, des gestes de bonne volonté en faveur des émergents vont notamment se manifester au sommet de Pittsburgh en 2009 : il y est convenu que les questions d’économies internationales seraient désormais traitées non plus par le G7 mais par le G20. 
Le Pivot semble constituer une ligne de politique étrangère propre au premier mandat d’Obama. Pour autant, il va rapidement perdre de sa cohérence
Très vite, la coopération avec les émergents va se détériorer, que ce soit avec Pékin à propos de son allié Nord-coréen ou avec le Brésil et la Turquie en 2011 au sujet du dossier nucléaire iranien. Le G7 redevient dès lors l’enceinte privilégiée des États-Unis pour parler de la gouvernance mondiale. 
Ensuite, l’aspect diplomatique qui était sensé éclipser l’obsession militaire de l’administration Bush prend du plomb dans l’aile lorsque la relation avec la Chine devient moins coopération (engagement) qu’endiguement (containment). En témoigne autant la présence militaire des États-Unis renforcée que le Trans-Pacific Partnership, un accord de libre-échange qui inclut la plupart des pays du Pacifique mais exclut la Chine.
Au final, que reste-t-il du Pivot ? Justin Vaïsse estime que cette stratégie s’altère sans véritablement disparaître. De fait, elle reste sans doute une tendance majeure du premier mandat de Barack Obama qui, décidément, ne se laisse enfermer dans aucune doctrine particulière. 
Justin Vaïsse affirme ainsi en toute logique : « Chacun projette en Obama ce qu’il veut y voir. C’est, après tout, un formidable avantage pour un homme politique. 
Ainsi au bout de quatre ans a-t-il des atouts à faire valoir auprès de l’aile gauche du Parti Démocrate, des colombes, voire des isolationnistes (le retrait complet d’Irak, le retrait planifié d’Afghanistan, la baisse du budget de la défense) comme auprès des interventionnistes libéraux (la guerre en Libye, l’abandon rapide de Moubarak en Egypte), des multilatéralistes (le G20, le réinvestissement dans le Conseil des droits de l’homme de l’ONU), des réalistes (le reset des relations avec la Russie, le soutien préservé à Bahreïn et à l’Arabie Saoudite) et même des faucons, notamment pour répondre aux accusations de faiblesses lancées par les Républicains (le surge en Afghanistan, le raid victorieux contre Ben Laden, la guerre par drones interposés) ». 
Obama, inclassable, est au final aussi bien « conséquentialiste » que « non-idéologue pratiquant » ou encore « pragmatique ».

*

Barack Obama et sa politique étrangère (2008-2012) est un ouvrage appréciable du fait de sa précision. S’appuyant sur de nombreuses sources, Justin Vaïsse nous permet de découvrir en détail la politique étrangère du premier mandat de Barack Obama.
Par ailleurs, au-delà d’une simple description factuelle, l’auteur propose des pistes d’explication : sur le fonctionnement de l’administration d’Obama, sur l’homme lui-même, enfin et surtout sur les lignes de politique étrangère qu’il a tour à tour empruntées. 
Dans la conclusion, il nous est proposé de lister les échecs et demi-échecs ainsi que les succès et quasi-succès du Président Obama dans politique étrangère. Sur tous ces aspects, l’ouvrage est utile et même précieux.
Alors certes, l’ouvrage apparaît parfois assez peu accessible à un public peu initié. En effet, que ce soit la richesse du propos, émaillé de références, ou sa complexité dans l’analyse, la lecture en devient plus ardue à certains passages. 
Elle reste néanmoins facilitée par un propos et des raisonnements très clairs et assurément plaisants à parcourir.
fonte: DiploWeb

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