Guia de Estudos CACD 2008
Prova de 2007
Economia - Questão 1
Recorde seus estudos sobre evolução da análise econômica, noções de Economia
Internacional e formação da economia brasileira. Contraste as implicações da teoria clássica
do comércio e da teoria do desenvolvimento – esta associada à Comissão Econômica para a
América Latina (CEPAL) – quanto à inserção de países em desenvolvimento na estrutura do
comércio internacional.
"Formulada em reação ao pensamento mercantilista, a teoria clássica do comércio, em
todas as suas vertentes, defende as vantagens do livre comércio. Para Adam Smith, um dos
pioneiros dessa escola, a abertura de uma economia a trocas internacionais seria benéfica,
na medida em que a ampliação de mercados possibilitaria o aprofundamento da divisão dotrabalho, estando nesse pensador já implícita a idéia de retornos crescentes de escala.
O comércio, segundo Smith, deveria ocorrer com base na importação de produtos nos quais não se têm vantagens absolutas e na exportação de produtos nos quais se têm.
Assim, a autarquia ocorreria no caso de um país possuir vantagens absolutas em todos os bens.
Com base nesse prognóstico, os economistas cepalinos defendem um modelo de
inserção internacional bastante distinto dos economistas clássicos. De acordo com a teoria
do desenvolvimento, deveriam as economias periféricas manter certo nível de protecionismo,para que se pudesse dinamizar o mercado interno, a fim de produzir bens de maior valor
agregado.
A própria adoção de um modelo de desenvolvimento endógeno, ao diminuir a produção para exportação e, portanto, reduzir a oferta externa de bens primários, deveria, ademais, contribuir para atenuar os efeitos negativos da deterioração dos termos de troca.
As diferentes maneiras como enfocam as trocas internacionais, com efeito, levam a teoria clássica e a teoria do desenvolvimento a fazer recomendações bastante distintas acerca da abertura ou do fechamento das economias em desenvolvimento."
fonte: Guia de Estudos IRB para o CACD 2008
Marcelo Azevedo de Araújo
O comércio, segundo Smith, deveria ocorrer com base na importação de produtos nos quais não se têm vantagens absolutas e na exportação de produtos nos quais se têm.
Assim, a autarquia ocorreria no caso de um país possuir vantagens absolutas em todos os bens.
A teoria clássica do comércio, todavia, atingiu a maturidade com a obra de David
Ricardo. Segundo o economista, mesmo que um país tivesse vantagens absolutas na produção
de todos os bens, o livre comércio poderia ser vantajoso, pois deveriam ser considerados os
custos relativos, ou seja, o custo de oportunidade de deixar de produzir um bem para
produzir outro.
Ganha relevo, dessa forma, o conceito de vantagem comparativa, que os países devem explorar, para obter ganhos de comércio. Ao especializar-se na produção dos bens nos quais possui vantagens comparativas, portanto, uma economia poderia trocá-los no mercado mundial, de forma a obter mais produtos nos quais não possuem essa vantagem do que poderiam produzir internamente. As diferenças de estruturas de custo internas são explicadas por meio da existência de distintos níveis de desenvolvimento tecnológico.
O comércio é considerado benéfico sempre que dois países não possuem estruturas de custo iguais.
O modelo desenvolvido por Ricardo foi refinado por Heckscher e Ohlin, em cuja teoria as diferenças tecnológicas são substituídas pela dotação de fatores. Segundo esses economistas, um país deveria especializar-se na produção de bens cujo fator mais importante encontra-se de modo abundante no mercado interno.
De acordo com a teoria clássica, com efeito, seja qual for a sua vertente, os países em desenvolvimento deveriam inserir-se no comércio internacional como importadores de bens manufaturados e exportadores de produtos primários: conforme Smith, porque detêm vantagens absolutas na produção destes bens de baixo valor agregado (mão-de-obra barata, terras abundantes, etc.); conforme Ricardo, porque detêm vantagens comparativas (baixo custo de oportunidade para produzir esses bens em comparação com os países industrializados); e, conforme Heckscher e Ohlin, porque são vantajosamente dotados dos fatores necessários para a produção desses bens primários.
A teoria do desenvolvimento, contudo, tende a rejeitar esses argumentos, defendendo outro tipo de inserção internacional para os países periféricos. Segundo o pensamento de Raúl Prebisch, economista mais destacado da escola cepalina, o comércio internacional não seria sempre vantajoso para todos os países. De acordo com o autor, os países periféricos repassariam seus ganhos de produtividade para os países centrais em função da deterioração dos termos de troca (DTT).
Esse fenômeno possui, ao menos, duas explicações importantes.
Em primeiro lugar, a DTT ocorreria porque os produtos primários são relativamente inelásticos à renda da demanda. Assim, na medida em que a renda mundial encontra-se em constante expansão, os bens primários tenderiam a perder valor relativo frente os industrializados, que não possuem essa inelasticidade.
Em segundo lugar, a deterioração seria produzida pela maneira como se estruturaram os mercados de trabalho nas diferentes economias. Nos países centrais, a existência de fortes sindicatos faria que os aumentos de produtividade se traduzissem em aumento de salários. Nos periféricos, ao contrário, a existência de amplo setor de subsistência faria que o aumento da produtividade não pressionasse a remuneração da mão- de-obra, mas que comprimisse os preços dos produtos.
Conclui-se, assim, que o comércio internacional se daria por meio de trocas desiguais, não-favoráveis aos países em desenvolvimento.
Ganha relevo, dessa forma, o conceito de vantagem comparativa, que os países devem explorar, para obter ganhos de comércio. Ao especializar-se na produção dos bens nos quais possui vantagens comparativas, portanto, uma economia poderia trocá-los no mercado mundial, de forma a obter mais produtos nos quais não possuem essa vantagem do que poderiam produzir internamente. As diferenças de estruturas de custo internas são explicadas por meio da existência de distintos níveis de desenvolvimento tecnológico.
O comércio é considerado benéfico sempre que dois países não possuem estruturas de custo iguais.
O modelo desenvolvido por Ricardo foi refinado por Heckscher e Ohlin, em cuja teoria as diferenças tecnológicas são substituídas pela dotação de fatores. Segundo esses economistas, um país deveria especializar-se na produção de bens cujo fator mais importante encontra-se de modo abundante no mercado interno.
De acordo com a teoria clássica, com efeito, seja qual for a sua vertente, os países em desenvolvimento deveriam inserir-se no comércio internacional como importadores de bens manufaturados e exportadores de produtos primários: conforme Smith, porque detêm vantagens absolutas na produção destes bens de baixo valor agregado (mão-de-obra barata, terras abundantes, etc.); conforme Ricardo, porque detêm vantagens comparativas (baixo custo de oportunidade para produzir esses bens em comparação com os países industrializados); e, conforme Heckscher e Ohlin, porque são vantajosamente dotados dos fatores necessários para a produção desses bens primários.
A teoria do desenvolvimento, contudo, tende a rejeitar esses argumentos, defendendo outro tipo de inserção internacional para os países periféricos. Segundo o pensamento de Raúl Prebisch, economista mais destacado da escola cepalina, o comércio internacional não seria sempre vantajoso para todos os países. De acordo com o autor, os países periféricos repassariam seus ganhos de produtividade para os países centrais em função da deterioração dos termos de troca (DTT).
Esse fenômeno possui, ao menos, duas explicações importantes.
Em primeiro lugar, a DTT ocorreria porque os produtos primários são relativamente inelásticos à renda da demanda. Assim, na medida em que a renda mundial encontra-se em constante expansão, os bens primários tenderiam a perder valor relativo frente os industrializados, que não possuem essa inelasticidade.
Em segundo lugar, a deterioração seria produzida pela maneira como se estruturaram os mercados de trabalho nas diferentes economias. Nos países centrais, a existência de fortes sindicatos faria que os aumentos de produtividade se traduzissem em aumento de salários. Nos periféricos, ao contrário, a existência de amplo setor de subsistência faria que o aumento da produtividade não pressionasse a remuneração da mão- de-obra, mas que comprimisse os preços dos produtos.
Conclui-se, assim, que o comércio internacional se daria por meio de trocas desiguais, não-favoráveis aos países em desenvolvimento.
A própria adoção de um modelo de desenvolvimento endógeno, ao diminuir a produção para exportação e, portanto, reduzir a oferta externa de bens primários, deveria, ademais, contribuir para atenuar os efeitos negativos da deterioração dos termos de troca.
As diferentes maneiras como enfocam as trocas internacionais, com efeito, levam a teoria clássica e a teoria do desenvolvimento a fazer recomendações bastante distintas acerca da abertura ou do fechamento das economias em desenvolvimento."
fonte: Guia de Estudos IRB para o CACD 2008
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