sexta-feira, 15 de abril de 2016

Crise política no Brasil e a diplomacia mundial























Votação do impeachment atrai atenção da diplomacia mundial

Estado de SP
15 abril 2016

Na ONU e nas embaixadas do Brasil no exterior diversos diplomatas brasileiros foram procurados por seus parceiros para que relatassem o que ocorre no país.

Em plena negociação em Genebra para tentar colocar um fim à guerra na Síria, um dos principais mediadores da crise, o egípcio Ramzy Ezzeldin Ramzy, interrompeu o assunto que concentra todas as atenções para questionar a reportagem sobre o que está acontecendo no Brasil. " O que está ocorrendo exatamente ? O Brasil é importante demais. Não apenas para a América Latina, mas para o mundo", disse ele entre uma reunião com a oposição síria e o regime de Bashar al Assad. 

A busca do diplomata por informação não é isolada. Na ONU e nas embaixadas do Brasil no exterior, diversos diplomatas brasileiros foram procurados por seus parceiros em outros governos estrangeiros para que relatassem o que iria ocorrer, quem assumiria no caso de impeachment ou se haveria uma nova eleição. 

A recomendação foi de dizer apensas que "o processo está em andamento", sem prever um cenário determinado. No mês passado, um telegrama de um diplomata em Brasília, enviado para todas as embaixadas nacionais no exterior, instruía a alertar a comunidade internacional "contra o golpe". O telegrama foi suspenso. 

Na cúpula das Nações Unidas, a votação de domingo no Brasil vais ser "monitorada de perto". Há duas semanas, o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, rompeu seu tradicional silêncio sobre assuntos internos dos governos para pedir "harmonia" no Brasil e que seus líderes "encontrem uma solução". Ele não escondeu que estava "preocupado". 

Num dos departamentos do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, funcionários admitiram estar acompanhando a tensão social no País, avaliando que tipo de mensagem passar em diferentes cenários. 

No domingo, o Estado de SP apurou que pelo menos uma dezena de embaixadas estrangeiras em Brasília estarão de plantão para acompanhar o voto e informar suas capitais. Diplomatas foram instruídos a apresentar os resultados assim que forem votados para seus governos centrais. 

Na diplomacia portuguesa, por exemplo, a instabilidade política brasileira é um dos assuntos mais comentados. 

Dezenas de projetos, porém, estão suspensos com governos estrangeiros, aguardando uma definição política no Brasil. Nas entidades internacionais, o Brasil soma uma dívida de R$ 3,2 bilhões e com um orçamento previsto para arcar com o buraco de apenas R$ 250 milhões.

Na África, os embaixadores brasileiros relatam à reportagem do Estado que tem sido procurados por governos locais para tentar entender o furto do Brasil e saber se programas de ajuda e investimentos serão mantidos. 

Até mesmo questões protocolares estão tendo que esperar. O COI vem insistindo para saber quem é que receberá a tocha olímpica quando ela passar por Genebra no dia 28, e quando aterrizar em Brasília no início de maio.

Na diplomacia estrangeira, a indefinição sobre o Brasil também tem levado a certa cautela. Na Organização Internacional do Trabalho, o diretor Guy Ryder, optou por não falar sobre a crise de desemprego no Brasil diante do cenário atual. 

Outros, como o presidente do Banco Mundial, Jim Kim, atribuem a crise econômica atual à situação pol;icica e apostam na recuperação do País uma vez superada a questão do impeachment. 

"O governo fez muito para estabelecer bons fundamentos em sua economia", disse em entrevista à rede CNBC esta semana. "Agora, porém, trata-se de uma crise política", afirmou Kim. "Vemos um crescimento negativo de novo no Brasil este ano. Mas achamos que, se a crise política passar, a recuperação brasileira pode ser bem robusta. Mas a crise política primeiro precisa ser superada", completou. 

fonte: Estado de SP


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